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Jornal
Aldrava Cultural |
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Academia
de Letras Rio - Cidade Maravilhosa |
Posse
de novos Membros Efetivos Correspondestes
04 de abril de 2008
Realizou-se
na Confederação das Academias de Letras e Artes do Brasil
- CONFALB, solenidade de posse do Procurador Geral do Município
de Saquarema - RJ, Dr. ANTONIO FRANCISCO ALVES NETO (Saquarema –
RJ) e da Professora e Artista Plástica ANDREIA DONADON LEAL (Mariana
– MG), na categoria de Membros Efetivos Correspondentes da Academia
de Letras Rio - Cidade Maravilhosa. Na ocasião, a ilustre Profa
e acadêmica Drª Maria Amélia Amaral Palladino proferiu
uma palestra intitulada: “A minha Pátria é a língua
portuguesa”.
Clique nesta
foto e leia a palestra
"A Minha Pátria é a Língua Portuguesa"
Estiveram também presentes na solenidade o
Vice-Presidente da Academia Luso-Brasileira de Letras e Ex-Reitor da
UFRJ e professor emérito, Dr. Adolpho Polillo, Escritora e Professora
Emérita da UFOP Hebe Rôla, Presidente do InBrasCI –
Acadêmica Dra. Marilza de Castro Albuquerque, os Poetas do Jornal
Aldrava Cultural: Gabriel Bicalho, J.S. Ferreira e J. B. Donadon-Leal,
representantes da cidade de Mariana: Ana Márcia Rôla Santos
e Cacilda de Oliveira Gonçalves e outras autoridades do Rio de
Janeiro e outras cidades brasileiras. A Aldravista representa a cidade
Primaz de Minas, Itabira e Santa Bárbara na Academia de Letras
Rio - Cidade maravilhosa. A programação cultural da sessão
acadêmica reservou momentos enriquecedores por intelectuais de
reconhecida capacidade e inegável brilhantismo, elencados pela
dedicada Secretária-Geral da Academia de Letras Rio - Cidade
Maravilhosa, Drª Beatriz Dutra.
No encerramento da solenidade a Professora Hebe Rôla
recebeu a Comenda Irmã Dulce - personalidade feminina
brasileira de 2007, conferida pelo Instituto Brasileiro
de Culturas Internacionais - InBrasCI, como reconhecimento pela relevância
de seu trabalho cultural.
Antônio Francisco Alves Neto assina Termo de Posse
Antônio
Francisco Alves Neto discursa em agradecimento
Andréia
Donadon Leal assina Termo de Posse
Andréia
Donadon Leal discursa em agradecimento
Hebe Rôla
recebe a comenda Irmã Dulce
Antônio Francisco Alves Neto, Andréia Donadon Leal e Roseana
Murray
Aldravistas com Marilza Albuquerque, Ana Márcia, Beatriz Dutra
e Antônio F. Alves Neto
Encontro dos poetas da AVSPE
Andréia
e a declamadora Vanda Brauer
Discurso
de agradecimento proferido por Andréia Donadon Leal
Saudações:
Presidente da Academia de Letras Rio – Cidade Maravilhosa –
Professor Dr. José Carlos Ribeiro
Secretária Geral da ACADEMIA de Letras Rio – cidade maravilhosa
– Dra. Beatriz Dutra
Membros Efetivos e Correspondentes da Academia de Letras Rio –
cidade maravilhosa
Presidente do INBRASCI – Drª Marilza de Alburquerque.
Vice-Presidente da Academia Luso-Brasileira de Letras, Ex-Reitor da
UFRJ – Dr. Adolpho Polillo
Vice-Presidente da Academia Marianense de Letras e Homenageada –
Prof. Emérita da UFOP – Hebe Maria Rôla Santos.
Membros da Academia Marianense de Letras e Poetas Aldravistas –
Dr.J.B. Donadon-Leal, J.S. Ferreira e Gabriel Bicalho – Presidente
da Associação Aldrava Letras & Artes e Editora Aldrava
Letras & Artes.
CUMPRIMENTO o Dr. Antonio Francisco Alves Neto pela posse NESTA OCASIÃO
Autoridades presentes - Senhoras e senhores,
Li um artigo em 2005 que falava sobre o dia do agradecimento. Geralmente
as pessoas no último mês do ano ficam mais emotivas, alegres
e descontraídas. A chegada das festas de Natal e Ano novo nos
fazem mais dispostos a perdoar, a rever velhas amizades e, principalmente,
agradecer. O agradecimento também é energia. Vejam bem:
a seu modo, a planta agradece o sol, a água, o adubo. O rio a
proteção das margens, o sol e as estrelas a imensidão
do céu. Agradecimento é sintonia com o cosmo. Agradecer
beneficia a vida, o corpo e a alma. Há muito mais para agradecer
do que pedir: a luz que banha meu corpo, a paz que fecunda minha alma,
o alimento, o ar que respiro, minhas mãos e meus pés que
me conduzem para onde desejo ir.
Hoje tomo posse como Membro Correspondente da Academia de Letras Rio-Cidade
Maravilhosa. Aproveito para fazer um exercício de gratidão
e agradeço o Presidente da Academia de Letras Rio – Cidade
Maravilhosa, JOSÉ CARLOS RIBEIRO, e a Secretária Geral,
BEATRIZ DUTRA, a honra de pertencer a esta conceituada e atuante Academia
de Letras Rio – Cidade Maravilhosa, idealizada pelos supramencionados
acadêmicos em 16 de agosto de 1996.
Aos presentes dedico esta crônica:
CHÃO DE CIMENTO ENCERADO
Andréia Donadon Leal
Sem contestações, destino... Virar poeira cósmica,
lixo ou alimento de vermes. Incorruptível tropa de mortais. Os
acordes sinfônicos que tocam nos ouvidos acariciam, o Réquiem
k.626, mozartiano, para ninar a marcha fúnebre. Que melodia é
esta? Ora lírica, ora austera... “Réquiem aeternam
dona eis, Domine”. Descanso! Exigente ou simplesmente imbecil.
Asseverações... Transparecer certo esgotamento de viver
nem quatro décadas. O corpo brada: descanso. Exaustão
triplicada com afazeres inúteis. Comer todo tempo... Sentir saudade
da criança que andava descalça pelas ruas de Itabira afora,
arrastando o casco grosso que protegia a sola dos pés. Gargalhar
com piadas sem graça. Sentir falta de si mesmo. Levantar da cama
de solteiro, esticar o lençol, dobrar a coberta e colocá-la
no guarda-roupa. Do cheiro de café passado na cozinha pequena
de um pai com caneca cheia, mão esticada e sorriso tímido
nos lábios. Pai é assim mesmo. Passa café todas
as manhãs e tardes. Infeliz quem não tem a caneca repassada...
Distante, longe e cansado. A saudade bate forte; rever a cena e sentir
o cheiro... Sentir falta da casa desarrumada de manhãzinha. De
vassoura na mão varrendo pacientemente os cômodos empoeirados
e sujos com fios de cabelos embolados nos ciscos. Encher o balde de
água com desinfetante e amaciante. Passar pano no chão
de cimento grosso. Vez ou outra, vontade de chegar perto do pai e pedir
um chão de madeira para encerar. Música estridente e incompreensível.
Ora movimentar as ancas com a vassoura na mão ou fingir tocar
guitarra. Bobagem, quanta bobagem! Mãe fala: passa cera vermelha
no cimento que o chão ficará colorido e pare de dar este
xouzinho patético. E era verdade mesmo. O chão da casa
era vermelho encerado e escovado. Em casa de escovão sem uso,
escondido no porão. Sentir saudade das brincadeiras dos irmãos
ainda crianças, que quase estoura as veias do coração
de tanto sentir... Cresceram e envelheceram, uns de cabelos grisalhos,
rugas fincadas no canto dos olhos e da boca e dobras no pescoço.
Os sobrinhos que crescem numa fração de tempo. Sentir
saudade da árvore de natal montada na sala de casa e bolas metálicas
e estrelas coloridas e bilhetes pregados. Do sapatinho de crochê
que só mães de outrora faziam para cada filho colocar
na janela no dia de Natal. Era pequeno o sapato, as mães diziam.
Por quê? Porque Papai Noel tem que presentear todas as crianças
do mundo. Um presentinho para cada menino. Saudade da música
que saía da vitrola e os meninos dançando e pulando no
cômodo, pai e mãe mirando amorosamente as peripécias
das crias. Sentir falta dos dias chuvosos, com relâmpagos estourando
trovões nos ouvidos e a criançada agarrada na barra da
saia da mãe. Sentir falta em andar de mãos dadas com os
irmãos pela rua em dias de domingo e do cheiro de broa de fubá
com canela ou pudim de pão. Dos ralhos e beliscões da
mãe e do pai, quando chegava em casa depois da hora. Sentir...
Filho que sente falta do pai a acordá-lo cedo para ir à
escola e das histórias da avó. Até da imbecilidade
e falta de maturidade adolescente. Da crise nervosa das meninas quando
chega à primeira regra, como dizem ainda algumas mães.
Das horas conversando com colegas de escola sobre o primeiro e gosmento
beijo; da festa de quinze anos e febre da onda das debutantes. Será
que ainda existem debutantes? Crise de adolescentes, sim. Falta da falta
de experiência, do primeiro emprego, da primeira entrevista. Até
da primeira transa, primeiro contato com sexo, adolescente, menina ainda:
traumatizante, dolorido e às pressas num banco de carro. Uma
experiência a mais ou a menos... Sorte ou falta... Não
importa, pouco importa. Memoráveis incidentes ou melhor acidentes.
Não vem ao caso, catastrófico. Sentir falta de não
pensar muito, não querer mais, mais, muito mais e ainda mais...
O caminho sem retorno.... Se tivesse... Um chão de cimento grosso
para encerar e outra música para ouvir, que não o Réquiem
K.626.
Rio de Janeiro, 04 de abril de 2008.
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