Registrada em 06 de abril de 2009

A ALACIB é uma Associação Literária sem fins econômicos, com sede e foro em Mariana, Minas Gerais, CNPJ 10778442/0001-17. Tem por objetivo a difusão da cultura e o incentivo às Letras e às Artes, de acordo com as normas estabelecidas no seu Regimento. Registrada em 06 de abril de 2009.

Diretoria da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil
Presidente: Andreia Aparecida Silva Donadon Leal
Vice-Presidente: J.S. Ferreira

Secretário-Geral: Gabriel Bicalho
Tesoureiro: J. B. Donadon-Leal
Promotora de Eventos Culturais: Hebe Maria Rôla Santos
Conselho Fiscal e Cultural: José Luiz Foureaux de Souza Júnior, Magna das Graças Campos e Anício Chaves

Acadêmica AUXILIADORA DE CARVALHO E LAGO
Cadeira nº 26
Patrono: Clarice Lispector


 

Notas Biográficas de Auxiliadora de Carvalho e Lago

Auxiliadora de Carvalho e Lago – Nasceu em Bom Despacho – MG. Filha de Gustavo Rodrigues de Carvalho e de Anna Maria Lopes. Casada com Armando Pinheiro Lago, desembargador (aposentado) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Tem três filhos: Alysson, Cristiano e Gustavo. Bacharel em Direito pela UFMG, onde também cursou Letras até o 7º período (1983). Funcionária aposentada do Tribunal de Justiça de MG. Escritora de literatura infantojuvenil, poetisa, aldravianista, trovadora e contista. Membro da AFEMIL, da SBPA, da AMULMIG, da UBT e, mais recentemente, da ALACIB/MG, onde ocupa a Cadeira nº 26. Livros publicados: Me dá um cavalo?, O Natal e a Lenda do Anambé-Azul, A Rua do Quebra-Nozes (contos). Dentre eles, destaca-se a obra O Natal e a Lenda do Anambé-Azul, publicado pela Paulinas Editora, escolhida para fazer parte do acervo de documentação da Fundação Nacional do Livro Infantojuvenil – RJ. Do catálogo da FNLIJ, impresso para a Feira Internacional do Livro de Bologna(Itália) em 2000, do qual faz parte a obra O Natal e a Lenda do Anambé Azul, destacam-se obras de vários autores consagrados da literatura brasileira a saber: Machado de Assis, Ruben Braga, Lima Barreto, Malba Tahan, Ziraldo, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Ana Maria Machado, dentre outros. Ainda em 2000, participou também, com a referida obra, das Feiras de Frankfurt (Alemanha), de Cartagena (Colômbia), da Bienal do Livro de São Paulo e, por anos seguidos, da Feira do Livro de Minas Gerais, em Belo Horizonte, além de outras, no Brasil e na Europa. Recebeu diversos prêmios por seus contos, poemas e trovas.

Discurso de Posse

Cadeira N° 26: Auxiliadora Lago
Patrona: Clarice Lispector

Sei que era uma agradável manhã de sol do dia 19 de abril de 2012. Estava orgulhosa e feliz, porque havia recebido boas notícias de Brasília, de meu filho Alysson. Mãe, abençoada, contemplava, ao longe, as ondulantes montanhas de Nova Lima, que brilhavam ao sol claro, risonho, radiante, que se solidarizava comigo, naquele momento de felicidade. Inesperadamente, chegou-me às mãos um envelope contendo uma maravilhosa surpresa: um ofício com os seguintes dizeres:
Ilustre acadêmica
Maria Auxiliadora de Carvalho e Lago
Mariana 18 de abril de 2012
Temos o prazer de comunicar-lhe que seu nome foi indicado pela Diretoria da Academia de Letras do Brasil, de Mariana, para ocupar a cadeira de número 26, Patrona: Clarisse Lispector, como Membro Efetivo... Assinado: Presidente: Andreia Donadon Leal

Li. Reli outras vezes... Saí, exultante de alegria, para compartilhar com meu marido, Armando, e meus filhos, Cristiano e Gustavo, os únicos que se encontravam em casa, uma notícia, assim, tão alvissareira!
Senti-me, naquele feliz dia, duplamente abençoada. Louvei a Deus, encantada, pelas maravilhas que Ele opera em nossas vidas! Meu coração, não conseguindo conter tanta prodigalidade, transbordou-se em lágrimas de agradecimento. Eu estava agradecida a Deus e às pessoas generosas, que Ele colocara no meu caminho, para me encorajar na caminhada.
Quero, portanto, neste momento, que as minhas primeiras palavras sejam palavras de agradecimento a essas pessoas.
Agradecer a Presidente Andreia Donadon Leal - sempre amiga e generosa – pessoa de excepcional saber, a atuar nas artes incansavelmente. Sua alma é um transbordar constante “do bem, do belo e do verdadeiro”, como assevera Shakespeare em um de seus notáveis sonetos: “Bom, belo e verdadeiro em vária locução”. (Soneto105)
Senhora Presidente, muito obrigada, de coração, pela grata acolhida. Ao lhe agradecer, quero estender os meus agradecimentos a todos os demais acadêmicos deste sodalício, que me fizeram alvo de sua solidariedade.
O meu agradecimento, em especial, ao caro Presidente Executivo, José Benedito Donadon Leal, pelo discurso de saudação, que acaba de proferir. Senti-me muito privilegiada, muito honrada, com esse seu gesto amável, próprio de almas generosas. Sempre haverei de me lembrar, com orgulho, o fato de haver sido saudada, no dia de minha posse, nesta distinta Academia, por esta pessoa de tão elevado saber e erudição.
Caro Presidente Executivo José Benedito Donadon Leal, a você, os meus mais sinceros agradecimentos. Quero que saiba que esta data marcante e solene, será um dia inesquecível para mim.
Por isto mesmo, por ser um dia inesquecível - antes de dar continuidade às minhas palavras, eu quero rogar a Deus a graça da humildade, para aceitar, sem vaidade, a cadeira 26, que vejo como uma missão que Ele confia a mim. Deus, nós todos o sabemos, escolhe para suas missões quem Ele quer e como quer. Não há mérito. Apenas uma escolha Sua. Pura e simples. Basta que nos deixemos levar por Seus desígnios. Que nos abandonemos à Sua santíssima vontade. Por pensar assim, é que ouso tomar posse na cadeira que me foi designada. Unicamente, pela minha fé Nele. Senão, vejamos o que nos ensina a luminosa lição de Dom Helder Câmara:

“Aceita
as surpresas
que transformam teus planos,
derrubam teus sonhos,
dão rumo
totalmente diverso
ao teu dia
e, quem sabe,
à tua vida.
Não há acaso.
Dá liberdade ao Pai,
para que Ele mesmo conduza
a trama de teus dias.”
Passada a grande euforia de tão grata notícia, a de minha posse nesta importante Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil, deixei fluir em mim a temperança, ao sentir a seriedade do passo que iria dar. Com minha modesta estatura literária, de alguma maneira, eu deveria corresponder, pelo menos em parte, à expectativa dos acadêmicos que, confiantes, aceitaram a minha indicação. Lembrando Gustavo Corção, em Lições de Abismo, tomei consciência de como eu deveria assumir o meu posto aqui na Academia, pensando, já, na contribuição que deveria dar. Diz Corção em sua obra supracitada:
“Dar. É a última coisa que se aprende. E a primeira que se exige para um mundo habitável”.

E Clarice Lispector veio aguçar, ainda mais, a minha consciência ao afirmar no seu conto “A Imitação da Rosa”:
“... uma coisa bonita era para dar ou receber, não apenas para se ter. E, sobretudo, nunca para se “ser”. Sobretudo, nunca se deveria ser a coisa bonita. A coisa bonita faltava o gesto de se dar.”
Na sincera vontade de dar o melhor de mim, nesta Academia, que tão gentilmente se abria ao meu convívio, pensei em como haveria de ser... Senti uma secura na garganta. Um aperto no coração. Mas, Santo Tomás de Aquino veio em meu socorro, a fim de me devolver a serenidade, momentaneamente, perdida:
“Deus dá àqueles a quem confia qualquer missão a capacidade de realizá-la”
A tranquilidade foi me possuindo de mansinho... Decidi “dar liberdade ao Pai, para que Ele mesmo conduzisse a trama dos meus dias”. Mas o que dizer da outra grande surpresa?! A patrona da cadeira 26 era Clarice Lispector... Ainda me lembro de quando li, pela primeira vez, alguns poucos contos, que faziam parte de sua obra, há muitos anos atrás. Senti-me como se um arqueiro invisível, de mãos certeiras, houvesse lançado uma seta, que fora cair, de ponta, no macio espelho de minha alma. A sensação, que experimentei, foi a mesma, que mais tarde, eu pude traduzir através deste singelo poema:

PARADOXO DO AMOR
Auxiliadora Lago

Seta
caída
de ponta
no espelho
macio
do lago.
Miragem...
Espelho
e reflexo
côncavo
e convexo
verdades
e mentiras
águas claras
cristalinas
e turvas
amarelas
tristes
nebulosas,
mas bela

Genial Clarice! Acertou, em cheio, em nossas almas. Eternizou-se através de sua monumental obra literária, que a elevou ao patamar destinado só aos grandes imortais da literatura. Sobre ela, o inigualável poeta itabirano, Carlos Drummond de Andrade, afirmou: “Há uma literatura a. C. e outra d. C. Antes de Clarice e depois de Clarice”.
Analista da alma de seus personagens, ao desnudá-la - escritora surpreendente - leva seu leitor a descortinar a sua própria, trazendo a lume verdades ocultas nas trevas do inconsciente, que chegam a assustar. Como assevera o Professor Roberto Corrêa dos Santos, ao revelar suas impressões sobre a obra da autora:
“Somos tomados de susto como se nos encontrássemos numa sala de espelhos a nos revelar a cada instante uma face diferente e, no entanto, sempre tão próxima de nós mesmos”.

Aconteceu assim comigo. Realmente, fui tomada de susto quando li, principalmente, dois contos geniais de Clarice: “Feliz aniversário” e “Laços de Família”. Segundo o comentário de Samira Y. Campadelli e Benjamim Abdala Jr. “in” “Clarice Lispector” – Literatura Comentada, nesses contos, especialmente, a autora:
“procura registrar o processo de aprisionamento dos indivíduos através dos “laços de família” de sua “prisão” doméstica. Tais formas convencionais e estereotipadas são ritualmente repetidas de geração a geração, como um preconceito, sem que se tenha consciência crítica de sua validade”.

Ao ler, pela primeira vez, os dois contos acima mencionados, senti que a autora tocava fundo em minha alma, tornando-me consciente de facetas ignoradas de mim mesma. O que, realmente, me surpreendeu! Não deixando margens a dúvidas, Clarice Lispector faz cair, paulatinamente, o ilusório véu, com o qual - com insistência cada vez maior- tentamos ocultar o nosso “Eu”. O verdadeiro. Mas nem sempre desejado. A autora em questão, dotada de clarividência, não nos deixa escapar desse desnudamento desconfortante, e coloca, diante de nossos olhos, através de sua obra, empecilhos que nos impedem de admitir, só e tão somente, o nosso lado “Jeremias, o bom”. E nos mostra a outra face, que nos recusamos a ver através de mecanismos de defesa. Estamos, por assim dizer, sempre prontos a apontar o dedo para o outro, afirmando que é ele o “carrasco”. Como assinalo neste pequeno poema:

Osso duro de roer
Auxiliadora Lago
A vida é linda,
linda mesmo!
Só que, às vezes,
nós a pintamos
de negro,
e nos recusamos
a roer o próprio osso.
Somos sempre a vítima,
“carrasco”?! é o outro.

Com pesar, digo que naquela primeira vez em que li Clarice, eu era muito jovem. Cheia de ilusões... Só queria me olhar em espelhos, que me mostrassem, a mim mesma, sem rugas nem manchas. Foi tão sofrido para mim, quando fui forçada a mirar no espelho, que Clarice Lispector apresentava a seus leitores... Foi tão forte que decidi ficar, apenas, na leitura daqueles dois contos iniciais. E não ler mais Clarice. Por prazo indeterminado. Dediquei-me a outros autores e autoras brasileiros e estrangeiros, que muito me empolgavam, e que não cavavam tão fundo, como assevera o grande Drummond na sua análise da obra clariciana:
“Clarice não delata, não conta, não narra, e nem desenha – ela esburaca um túnel onde de repente
repõe o objeto perseguido em sua essência inesperada”.
Assim, Lispector foi ficando sempre para depois. Contudo, cedo ou tarde, sempre chega o dia de nos depararmos, inexoravelmente, com o nosso espelho. Foi assim que meu dia chegou. Como descrevo neste põem:

Diálogo com o espelho
Auxiliadora Lago

Amigo, amigo meu!
Olho no olho, me diz:
Quer que eu seja feliz?
O que me quer pro ano novo,
quer que eu viva
ou quer que eu morra?!
É tão imbecil assim
de pensar tão mal de mim?!
Deixe de cismar à-toa,
saia, já, dessa gangorra!
Eu quero que viva e que morra.


Foi aí que tive um “insight”, e passei a viver como uma mulher um pouco mais madura, e a deixar morrer aquela jovem apegada a coisas pueris, dando “adeus às ilusões”. Paulatinamente, foi morrendo em mim a “Psique”, a “Isolda a Bela”, para dar lugar a “Isolda das Mãos Brancas”, como nos ensina Robert Johnson no seu profundo e maravilhoso livro “We”, o terceiro volume de sua trilogia: “He, She e We”.
Portanto, foi realmente uma grande surpresa saber que a patrona da cadeira 26 era ela, de quem eu havia fugido sempre. Sem vontade de reencontrar.
Parei para pensar nas voltas que o mundo dá. Hoje, por esses mistérios insondáveis, assumo o compromisso de me assentar na referida cadeira, da qual Clarice Lispector é a patrona. E mais, com o compromisso de ler, de estudar, de me aprofundar em sua obra. Obra vazada, toda ela, de sutilezas na sua subjetividade. Contudo, a idade trás lá os seus benefícios, e, com ela, me vieram um crescente amadurecimento espiritual e emocional, adquiridos nos embates da vida. É isto que, hoje, me dá coragem para tomar posse nesta respeitável Academia. O que não deixa de ser uma demonstração também de minha fé em Deus, ao querer, aqui e agora, “aceitar as surpresas que transformam meus planos, dando liberdade ao Pai para que Ele conduza a trama dos meus dias”.
Quero crer que Lispector, ao escrever seus contos, de maneira profundamente psicológica, tenha chegado à mesma conclusão a que chegara Olavo Bilac, o “Príncipe dos Poetas”, parnasiano: “Homem, não és bom nem és mau: és triste e humano”.
Clarice Lispector é uma das maiores escritoras da língua portuguesa do século XX. Originária de Tchetchelnik, Ucrânia, nasceu a 10 de dezembro de 1920. Em 1921, recém-nascida, emigrou com os pais para o Brasil. Seu primeiro romance, “Perto de um Coração Selvagem”, é de 1943. Após morar alguns anos no exterior, fixou residência no Rio de Janeiro. Recebeu, nos anos sessenta, vários prêmios literários por suas obras: “A Maçã no Escuro”, “O Mistério do Coelho Pensante”. Em 1977, publicou o seu último livro “A Hora da Estrela”, vindo a falecer nesse mesmo ano, no dia 09 de dezembro, devido a um câncer no útero.
Senhoras e Senhores, peço vênia, antes de encerrar esta singela divagação, para ler o meu último e breve poema, nesta tarde memorável:
Onde quebrou o pote...
Auxiliadora Lago

Amo minha família,
mas veio-me a tristeza,
porque perdi, um dia,
um grande bem
que nela havia.
Aí, lembrei-me
de minha mãe,
do que ela sempre dizia

“Onde quebrou o pote,
caça a rodilha!”
Fui onde o pote quebrou,
e encontrei a alegria


A obra clariciana é um convite para um mergulho nas profundezas do recôndito oceano do nosso inconsciente, onde flutuam as múltiplas facetas do nosso verdadeiro “Eu”. Seres dúbios, vivemos divididos entre o bem e o mal. Como assevera Shakespeare em um de seus magníficos sonetos:
Meus dois amores de consolo e de aflição
como dois anjos me dominam por igual.
O anjo do bem é um formosíssimo varão
e uma mulher de cor bem má, o anjo do mal”
(Soneto 144)
Assim, ao usarmos, mais das vezes, o nosso livre arbítrio erradamente, levados pelos ímpetos das paixões - frágeis seres que somos - acabamos partidos em mil pedaços. Ou partimos outrem e mil pedaços. Às vezes, muito próximo de nós. Retomando minha poesia acima, ao voltarmos onde o pote quebrou, poderemos, quiçá, vislumbrar uma luz, que nos fará encontrar as rodilhas do amor, do perdão, do desapego, da aceitação, da humildade, em detrimento da inveja, do orgulho, do egoísmo, da falsidade... As rodilhas, enfim dos sentimentos construtivos que, doravante, serão os amortecedores de nossa alma, a fim de que não sucumbamos aos embates da existência, aos embates dos difíceis relacionamentos humanos. Como diz São Paulo: “eu não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero” (Rm 7,19).

Deste modo, poderemos, certamente, vivenciar sentimentos nobres, mais elevados, caritativos, e nos transformar em pessoas melhores para um mundo melhor. Esse novo ser, consciente de si mesmo, da “sua luz, que brilha e que há de brilhar nas trevas”, estará preparado, agora, mais do que nunca, a fim de exercer o seu livre arbítrio para o bem, uma vez que, graças a essa Luz, a essa força interior, verá o pote, que havia se esfacelado em mil pedaços, totalmente restaurado, colado e, quiçá, transbordante “de água viva da qual aquele que dela beber, jamais terá sede” (Jo, 4,10:13).
Uma água muito mais pura e cristalina do que aquela que se perdeu, quando o pote quebrou. Com esse mesmo pote, completamente restaurado, haveremos de cantar como Ivan Lins:
“Fica tão cicatrizado, que ninguém diz que é colado. Foi assim que fez em mim, foi assim que fez em nós, esse ‘Amor Iluminado’.”
“E, quando a noite vem, Senhor, anseia por Ti a minha alma e, com a força do espírito, Te procuro no meu íntimo. - (.....) - É orvalho de luz o Teu orvalho, Senhor, e a terra trará à luz os falecidos.”(Is 26,9.19)
“Porque o Senhor olhou a terra do alto dos céus.” (Salmo 101)
Obrigada!



Edição em 23 de janeiro de 2019 por J. B. Donadon-Leal