Registrada
em 06 de abril de 2009
A
ALACIB é uma Associação Literária
sem fins econômicos, com sede e foro em Mariana, Minas Gerais,
CNPJ 10778442/0001-17. Tem por objetivo a difusão da cultura
e o incentivo às Letras e às Artes, de acordo com
as normas estabelecidas no seu Regimento. Registrada em 06 de abril
de 2009.
Diretoria
da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil
Presidente:
Andreia Aparecida Silva Donadon Leal
Vice-Presidente: J.S. Ferreira
Secretário-Geral: Gabriel Bicalho
Tesoureiro: J. B. Donadon-Leal
Promotora de Eventos Culturais: Hebe Maria Rôla Santos
Conselho Fiscal e Cultural: José Luiz Foureaux de Souza Júnior,
Magna das Graças Campos e Anício Chaves
Doutor
Honoris Causa Marco Aurélio Baggio
Título concedido pela ALACIB em 06 de setembro
de 2013
Notas
Biográficas de Marco Aurélio Baggio
Dr. Marco Aurélio Baggio.(nasceu em 11/03/1948
- faleceu em 26/05/2014) Realizou o curso médico na Faculdade
de Medicina da UFMG, no período de 1961 a 1965. Psiquiatra,
psicanalista e psicoterapeuta.
Foi agraciado com 38 insígnias e medalhas por mérito
cívico.
Marco Aurélio Baggio ocupa a Cadeira n° 96 da Academia
Mineira de Medicina, desde 1995. Ocupa a Cadeira n° 10 do Instituto
Histórico e Geográfico de Minas Gerais, desde 1998.
É seu Presidente Emérito desde 2009. Ocupa ainda a
Cadeira n° 27 da Academia Brasileira de Médicos Escritores
– Abrames – Rio de Janeiro, desde o ano 2000. Ex-presidente
da Arcádia de Minas Gerais. É membro do Instituto
Mineiro da História da Medicina e da UBE-RJ. Presidente da
Sobrames Nacional. Membro da Academia de Letras do Brasil. Doutor
Honoris Causa da ALACIB (Academia de Letras, Artes e Ciências
Brasil), Mariana–MG. Recebeu o Diploma de Medalha de Prata
da Arts-Sciences-Lettres, de Paris-França, em 2012. Comendador
da Academia Brasileira de Medalhística Militar, do Rio de
Janeiro, em 2012.
Publicou 35 livros, entre eles Um Abreviado de Quase Tudo, Compêndio
de Psiquiatria, Juscelino Kubitschek, Crônicas da Hora, Ensaios
Humanísticos, Causação em psiquiatria: o endógeno,
Economia e Política, Um abreviado do Grande sertão:
veredas, Minas-Brasil, Ensaios Culturais, Textos Insinceros, Conversando,
Serhumanologia, Textos Escalares, Contos e realidades, Ajuda-te
pelo conhecimento, 69 etapas evolutivas, Psicoterapia: técnica,
arte e clínica e Música popular brasileira
Discurso na ALACIB em
06 de setembro de 2013
Benefícios
da leitura literária à saúde mental
Dr.Marco Aurélio Baggio
Chega um tempo em que o homem de qualidade acumulou cabedais bastantes
para se tornar associativo. Torna-se desejoso de compartilhar seus
conhecimentos com os demais contemporâneos. É quando
então procura associar-se a um grêmio cultural, a um
silogeu de tertúlias ou a uma academia de literatura e de
artes ou a um jardim epicurista de cultivo das humanidades.
Entre a 4ª e a 6ª década, o “Homem Bom”
sente-se possuído pelos auspiciosos comichões da generatividade,
esta capacidade de uma geração mais velha querer transmitir
às novas gerações seus conhecimentos e sua
sabedoria.
Em 306 a.C Epícuro cria seu agradável Jardim em Atenas,
cultivando o arquipélago de discípulos dentro de sadio
escopo secular, leigo e hedonista.
Seu discípulo maior, o grande romano Lucrécio, por
volta de 60. a.C escreve seu lúcido poema filosófico
científico Da natureza das coisas, mas não cria escola.
Coletivo de homens de elevado valor social e humanístico
que se propõem a conviver, contertúlios, em amável
convívio, os Acadêmicos se comprazem em permutar talentos
visando se manter lúcidos e argutos, postando-se no centro
da corrente do rio da vida. Soberanos e altaneiros, sintonizados
com os paradoxos de seu tempo, sumamente operosos e criativos, partilhando
as alegrias decorrentes dos bons encontros, desfrutando das vãs
glórias a que fazem jus.
As Academias e os Institutos cumprem a nobre e preciosa função
de privilegiar a cultura arduamente auferida por homens inteligentes,
demonstrando aos demais contemporâneos, as várias possibilidades
abertas para o bom viver. É assim que nossas Instituições
Culturais exercem seu poderoso papel de atrator daquilo de bom,
de belo e de benfazejo que vigora em nossas efervescentes sociedades.
Sim, pois é nessas preciosas casas onde prepondera/vige/vigora/prevalece
as mais nobres funções do espírito humano leigo.
Como espaço livre, aberto, democrático de desfrute
dos frutos do engenho e da sagacidade humana, nossas instituições
acadêmicas mantém –, esplandecentes –a
confiante certeza de que a lucidez e a inteligência hão
de escoltar a bondade que acalma e serena a besta-fera que ruge
nos internos endógenos dos seres humanos.
Sabe-se que é inevitável que os homens se despreendam
da natureza e caminhem cada vez mais para a cultura. Chega um tempo
em que o homem nobre, de valor, necessita afastar-se do contato
pleno com a dura e inconstante realidade do cotidiano profissional,
exercido com dignidade e competência por 30 ou 40 anos. A
entrada na Academia acarreta o refrigério e a amenidade de
que a maturidade exige de nós, às vezes, antes de
nos tornarmos provectos.
É dessa forma que se devolve à sociedade e se dá
retorno à civilização ocidental parte daquilo
tudo que o Ocidente propiciou ao acadêmico em saber e em sabedoria.
Por fim, a função e o campo de nossas Academias tem
por escopo servir como exemplo e como atrator para que as pessoas
nelas se espelhem e se identifiquem com os grandes homens que, mesmo
com suas falíveis desqualidades, de regra, pontificam em
nossas academias e casas de cultura.
Pessoalmente me convenci que a cultura humanística civilizatória
é o principal processo que estrutura e garante o desenvolvimento
profícuo futuro de nosso país.
Nosso país, nosso povo, tem fome de cultura que espavente
a ignorância, a falsa crendice e as ideologias.
Nossas Academias cumprem o salutar e poderoso papel de concentrar,
como entrepostos, as magnas conquistas da cultura que civiliza e
humaniza. Cefeídas de brilho e fulguração variável,
as instituições acadêmicas postam-se como ponto
de encontro e de atuação dos espíritos dos
homens mais brilhantes de seu tempo. Função de espargir
comprovados conhecimentos. Campo de atuação
dos notáveis. Farol, luzeiro que indica as boas sendas através
dos colominhantes caminhos das veredas da vida. .
Juntos, concernidos, poderemos mais e melhor desempenhar nossa missão.
Mais que sempre, é necessário perseverar e infundir
a cultura humanística em nosso meio.
Nossas Academias produzem estudos, textos, relatórios. Sobretudo,
livros.
Por que ler? Para que serve a leitura de autores de qualidade?
A leitura de obras de alta literatura é um estimulo que espaventa
nossa inata ignorância e suplanta, pela argúcia, a
estupidez. A leitura amplia nossa consciência, preparando-nos
para uma transformação, uma elevação
de patamar de abrangência sobre como somos cada um de nós
e como, de fato, são as coisas no mundo.
Lemos para nos tornamos capazes de discernir, com sabedoria, aquilo
que possui valor – e do qual gostamos-, daquilo tudo que não
passa de lixo midiático - e que detestamos e precisamos descartar.
Lemos para absorver conteúdos sagazes e personagens destacados
que nos induzem a refletir e avaliar as possibilidades dos acontecimentos
no mundo.
Lemos ainda para podermos ter companhia excitante e de qualidade,
compassando nossa solidão criativa.
Ler é ler bons autores, aqueles capazes de fortalecer nosso
ego. Sim, é isso: a leitura é o alimento e a matéria-
prima essencial para erigirmos uma pessoal EGODICÉIA.
Isso porque já estamos saindo da tirania de atribuir toda
a dinâmica da pessoa a um inconsciente que pulsa desencarnado.
É o ego que nos permite escapar das armadilhas fáceis
das divindades e das ideologias e das fantasmagorias que, desde
sempre, assombram e fazem sofrer inutilmente a inculta e ignara
humanidade. Lemos para fortalecer o ego, para abastecê-lo
de substratos valiosos.
Lemos para nos deixarmos mergulhar no prazer sutil e sublime do
espírito que integra nossos componentes vivenciais despedaçados
e ma rotos.
A boa leitura permite uma autoaperfeiçoamento e, mais, lemos
para não termos que falar e fazer mal aos outros. Buscamos,
através da leitura, encontrar psiquismos mais originais e
mais bem abalançados que o nosso. Ao fim e ao cabo, lemos
para superar o império da mediocridade que nos envolve.
Sabemos hoje que tanto a literatura de ficção, lastreada
na criatividade da imaginação, quanto a leitura da
literatura científica e daquelas que tratam das coisas tal
como elas são no cotidiano e no real da realidade, devem
ser pinceladas ou mesmo enxertadas pela ironia. Só a ironia
tempera de sabor qualquer texto original. Ela, com sua capacidade
de surpreender, faz refulgir a chama do intelecto. Lemos para nos
enriquecer e nos desestupidificarmos.
Para além das falsas propostas de transcendências divinatórias
e, para além da curta paixão e do mais delongado amor,
existe o Sublime alcançado através da leitura, única
transcendência secular que nos é possível.
Enfim, lemos bons autores e deletamos best sellers para não
maluquecer.
O leitor estudioso é uma vela acesa pelo afeto e pelo gosto
de toda a humanidade.
Ler é uma eficaz tecnologia para mudança de perspectiva
de compreender a vida e o mundo tal qual ele é.
O resto são celulares...
6-9-2013
Edição
em 23 de janeiro de 2019 por J. B. Donadon-Leal