Registrada
em 06 de abril de 2009
A
ALACIB é uma Associação Literária
sem fins econômicos, com sede e foro em Mariana, Minas Gerais,
CNPJ 10778442/0001-17. Tem por objetivo a difusão da cultura
e o incentivo às Letras e às Artes, de acordo com
as normas estabelecidas no seu Regimento. Registrada em 06 de abril
de 2009.
Diretoria
da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil
Presidente:
Andreia Aparecida Silva Donadon Leal
Vice-Presidente: J.S. Ferreira
Secretário-Geral: Gabriel Bicalho
Tesoureiro: J. B. Donadon-Leal
Promotora de Eventos Culturais: Hebe Maria Rôla Santos
Conselho Fiscal e Cultural: José Luiz Foureaux de Souza Júnior,
Magna das Graças Campos e Anício Chaves
Acadêmico
GILBERTO MADEIRA PEIXOTO
(Nascido em 25 de junho de 1941 - falecido em 25 de julho de 2019)
Cadeira nº 29
Patrona: Carlos Chagas
Notas
Biográficas de Gilberto Madeira Peixoto
Médico UFMG/1964 – prêmio Oswaldo Cruz; Membro
Titular da ALACIB – Mariana - Cadeira 29; Grand Ambassadeur
de Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture;
Membro da Soc. Bras. Poetas Aldravianistas; Correspondente de Academia
de Letras Rio Cidade Maravilhosa; Correspondente de “la Academia
Paraguaya de laHistoria”; Membro da Assoc. dos diplomados
da Academia Brasileira de Letras (vice Presidente 2016-17);Correspondente
do Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Lisboa-Portugal;
Correspondente Estrangeiro da Academia de Letras e Artes de Portugal
(ALA); Membro do Instituto Histórico Geográfico de
Minas Gerais (Vice Presidente 2013-16); Membro da Academia Brasileira
de Médicos Escritores (ABRAMES); Comenda Barão de
Ayuruoca, (março 2017); 108Homenagens e/ou Condecorações;
48 participações em antologias nacionais e internacionais;
Presidente eleito da Cruz Vermelha Brasileira em Minas Gerais –
2014-2020.Ex Presidente de: Associação Nacional de
Medicina do Trabalho (1983/85);Instituto Mineiro de História
da Medicina (2000-2002); Academia Mineira de Medicina (2009-2011)
e da Arcádia de Minas Gerais (2011-2013).
Alocução
de Posse
Chego a este Sodalício, para ocupar com orgulho e, sobretudo,
com humildade, a Cadeira 29 cujo patrono é Carlos Chagas,
cientista da maior grandeza que teve, com seu estilo, o poder de
transportar-me para mundos de encantos, na emoção
da leitura de suas pesquisas a embalar meus sonhos, fazendo-me descobrir
a beleza da vida pela ciência.
Com profunda emoção recebo tão alta distinção,
fico sensibilizado e agradecido pela recepção carinhosa,
neste silogeu reservado a figuras notáveis e brilhantes da
intelectualidade mineira que irradiam cultura e prestígio.
Agradeço a Deus o dom de ter me permitido viver este momento
de anseio ao transpor os umbrais desta Casa possibilitando que se
amplie minha família espiritual num momento de evocação
sentimental e de respeito ao lado de vocês.
É, portanto, para mim motivo de distinção e
honra estar aqui neste cenáculo, nesta tarde solene, para
receber o diploma de acadêmico outorgado por esta insigne
academia que ora me empossa, e assim enfatizar meus agradecimentos
à Professora Deia Leal que com tanta sabedoria sabe brilhar
e fazer sua alegria reinar e espargir sobre nós.
Neste ambiente em que respiro emoção e tradição
devo retroceder aos jardins de Akademus, (não na palingenesia
de Schopenhauer), porquanto esta Casa significa extensão
da Grécia, onde houvera homens dignos de memória pela
sua contribuição para a educação (kata
paideian); ali surgira, igualmente, a primeira Universidade (Universitas),
ao ar livre, nos arredores de Atenas, lugar denominado Akademeia
em que se reuniam os seguidores de Platão.
O papel de Platão parece ter sido não o de um "mestre"
ou até de um diretor do seminário, distribuindo temas
para pesquisa ou prêmios de ensaios, mas o de um pensador
individual; seu discernimento e capacidade na formulação
de um problema lhe permitiram oferecer um conselho geral ou uma
crítica metódica a outros pensadores individuais que
se consideravam igualmente competentes para lidar com os detalhes
dos diversos assuntos.
As alegações de Platão In academiae opinio
magistri probabilis tantum (a opinião dos mestres deve ser
considerada unicamente como provável), corroboravam que na
Universitas "sábio é quem conhece os limites
de própria ignorância" comprometendo-se em instruir
e não proibir, evidenciando princípios da filosofia
grega "Nosce te ipsum", in DELPHOS (Conhece-te a ti próprio),
evidenciando Sócrates: "Só sei que nada sei".
A escola de Platão foi a primeira a reunir todas as características
de uma verdadeira escola, contudo somente no século XVI é
que foi criada a primeira Universidade nos moldes da antiga Academia
de Platão.
É neste cenário platônico de tantas aspirações
que pressinto a sintonia Academia - Universidade e devo elogiar
o Patrono da Cadeira 29:
Ao discorrer sobre Carlos Chagas, eu deveria dizer frases profundas
e belas, deveria proferir uma solene conferência, mas confesso
que a expressão “proferir uma conferência”
me embaraça. Não sou bom conferencista, sou mais dos
contos e histórias. Essa qualidade de contador de histórias
que, bem ou mal executo, diz a Suzana, trago no sangue, a partir
de minha mãe e meu avô.
Nasci em Sabará, no tempo das ruas mal iluminadas; automóveis
acionados por manículas; não existia televisão,
só rádio e nosso grande divertimento nesses tempos
era ouvir histórias, por isso aprendi tal artifício.
Biografia tão extensa como a de Carlos Chagas ocuparia necessariamente
todo o conteúdo desta oração; Filho de Justiniano
das Chagas e Mariana Cândida Ribeiro de Castro Chagas, nasceu
na fazenda bom retiro, no município de Oliveira em nove de
julho de 1879; mas, aos cinco anos ficou órfão de
pai, a família empobrecida.
Para iniciar seus estudos foi para Itu, SP, com matrícula
gratuita, mas retorna algum tempo após, devido ao surto epidêmico
nessa cidade; parte para São João Del Rei onde vai
estudar humanidades no Colégio São Francisco de Assis,
completando-os em Ouro Preto.
Ali, atraído pelo clima de estudos avançados matricula-se
na Escola de Minas, para cumprir o desejo de sua mãe, mas
impelido por intenso tino de humanitarismo (influenciado pelo tio
Carlos), muda-se para o Rio de Janeiro, abandona os estudos de engenharia
e matricula-se na Faculdade de Medicina e Farmácia; ali desempenhou
bem seu papel de acadêmico encerrando-o como orador da turma,
quando concluiu o curso médico em 1903 defendendo a tese
“estudos hematológicos no Impaludismo”.
Era o início de sua prática em saúde pública,
higiene e doenças tropicais.
Foi discípulo voluntário de Oswaldo Cruz, no Instituto
Soroterápico em Manguinhos, em 1902, e assistente em 1906,
vindo a tornar-se chefe do serviço em 1910.
Em 1904, foi médico da Diretoria Geral de S. Pública;
em 1905 dirigiu a campanha de erradicação da malária
em Santos, SP.
Em 1907, Oswaldo Cruz o destinara para chefiar a campanha de erradicação
do impaludismo no Vale do Rio das Velhas, em Minas Gerais.
Foi pela sua habilidade e inegável competência, que
Oswaldo Cruz o designara para ir à Lassance juntamente com
Belizário Penna; então, ei-lo no vale do Rio das Velhas,
nesse histórico lugarejo, longe dos centros cultos, da família
e do conforto em que se acostumara.
Instalou-se em Lassance, num simples vagão ferroviário,
no qual residia e mantinha ambulatório e laboratório.
Ali se entregaria de corpo e alma à ciência e pesquisa.
LASSANCE, Remota paragem do agreste, na imensidão dessas
Minas Gerais, ainda ignorada, nem chegava a ser um ponto no mapa.
Ali Carlos Chagas fora cumprir sua principal missão de sanear,
e debelar doenças com o fim de permitir, com o mínimo
de perdas humanas, o avanço da Estrada de Ferro que se originava
da região central e estava sendo levada em direção
ao sertão, até Pirapora com o propósito de
alcançar o Rio São Francisco.
Frente a frente lutava contra os males, insistindo com inexcedível
zelo na preservação da saúde dos operários
por cuja vida se responsabilizara (como médico do trabalho),
cumprindo o seu rigoroso programa de luta antipalúdica coroado
pelo mais perfeito sucesso.
Ali, naquela desafortunada e distante paragem, não lhe escapara
a aprimorada percepção clínica, ao perceber
os aspectos multiformes da patologia regional, o quadro mórbido
de certos pacientes que não preenchiam os habituais traços
centrados em manuais clássicos da medicina.
Então, clarificado pelo seu tino de cientista e investigador,
tomou conhecimento da existência de um inseto que vivia nas
frestas das casas de “pau a pique” e que sugava o sangue
dos indivíduos durante a noite, no rosto e na região
da barba, sendo conhecido por “barbeiro”, e até
então não considerado como transmissor de doença
alguma; era o Triatoma Infestans, hematófago que lhe chamava
atenção; prontamente começou a estudá-lo,
pois não se contentara em perquirir-lhe apenas os hábitos
e a evolução, que se lhe afiguravam curiosos.
Fora mais além e grandes surpresas lhe estavam reservadas,
quando examinou ao microscópio o organismo do barbeiro, e
em seu intestino, surpreendeu micróbios ativos, reconhecendo-os
como flagelados, uma forma de Trypanosoma (Tripanossoma) que também
seria encontrado no sangue da criança “BERENICE”,
primeira de muitos pacientes acometidos com aquela medonha doença.
De volta ao Rio de Janeiro, descreve em 17 de dezembro de 1908,
a presença de trypanosoma no sangue de macacos da região.
Chagas fez uma narrativa perfeita da moléstia, estudou todos
os detalhes, desde o agente, o transmissor, a epidemiologia clínica
e patologia, não chegou ao tratamento, mas enfocou bastante
a profilaxia.
Descreve o quadro clínico por inteiro, estuda a anatomia
patológica, a patogenia e dá significado a essa nova
moléstia, como grave problema de Saúde Pública
no país, indicando a sua profilaxia.
Demonstrou a infecção humana examinando a menor Berenice,
(sem manifestações clínicas), mas portadora
do Trypanosoma.
Examina outros indivíduos habitantes de cafuas onde existiam
“barbeiros”, e, em todos observa a presença do
protozoário que descobrira (realizara também algumas
necropsias).
Esta descoberta é fato singular na história mundial
da medicina, onde um mesmo pesquisador começa identificando
o parasita, seu hospedeiro intermediário um inseto (Triatoma
infestans, o barbeiro), e anuncia, a seguir, a existência
de uma entidade nosológica.
Em 22 de abril de 1909, na Academia Nacional de Medicina, Oswaldo
Cruz fez a histórica leitura, do notável trabalho
de Carlos Chagas intitulado “nova tripanossomíase humana”.
Em homenagem ao seu Mestre Oswaldo Cruz, designara o agente “Trypanosoma
Cruzi”; contudo por sugestão de Miguel Couto, a doença
fora cognominada “Doença de Chagas”, embora o
próprio Carlos Chagas a denominasse Tripanossomíase
Americana como que antevendo sua ocorrência em todo o nosso
vasto continente americano.
Em 1910, a Academia Nacional de Medicina, como reconhecimento pleno
ao cientista cria uma vaga especial para Carlos Chagas.
Chagas enfrentou com muita coragem a crítica dos negativistas
que não admitiam a glória do jovem cientista; glória
que não resultou apenas dessa descoberta, mas de seus dotes
de sapiente e administrador; pois, de fato, haveria de suceder Oswaldo
Cruz para engrandecer a Casa de Manguinhos, celeiro de mestres e
que se projetou nos campos científicos mundiais.
Descreveu com perfeição sua descoberta no Bulletin
de la Société de Pathologie Éxotique.
Afasta-se Lassance da obscuridade!
Lassance passa a ser mencionada em todos os espaços científicos
destacando-se como ponto referencial por onde o gênio começava
a conter essa endemia até então inexplicada.
As honrarias e distinções, a lista de prêmios
e trabalhos, os importantes cargos ocupados com muito zelo e brilho
são apenas lampejos em Carlos Chagas.
Dotado de inteligência ímpar e notável talento,
soube argamassar virtudes e empregá-las a serviço
da humanidade, distintivo peculiar daqueles que com amor procuram
verdades, no intuito de encontrar a apoteose na certeza de sua informação
científica.
Foi reverenciado em várias partes do mundo com os melhores
prêmios da ciência mundial e em Harward o título
máximo: Professor “Honoris Causa”, honrando sobremaneira
o Brasil.
Sua reputação de sábio fora consolidada e foram-lhe
confiadas missões, importantes tarefas que Carlos Chagas
haveria certamente de dar ascensão plena.
Escrevendo este novo capítulo da patologia humana, em 22
de junho de 1912, recebe o prêmio Schaudinn em Hamburgo, e
o prêmio Kümmel numa verdadeira consagração
universal.
Foi, em 1917, diretor do Instituto de Manguinhos, em 1919, é
nomeado DIRETOR GERAL DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA;
funda a escola de enfermagem Ana Néri, instala hospitais
e cria como pioneiro na América do Sul, o Curso de Higiene
e Saúde Publica.
Em 1925, assume como primeiro titular, A Cadeira de Medicina Tropical
da faculdade onde se diplomou; Em 1932, é eleito o paraninfo
dos formandos.
Publicou mais de uma centena de trabalhos, e seu legado científico
“faz parte do Patrimônio da Humanidade, é a herança
imortal de seu labor e do seu gênio”.
Poderia ter tentado outros objetivos diferentes, sem o sacrifício
ou mesmo a lassidão que afrontou se não acossasse
o ideal dos grandes cientistas e que o maravilhou, pois dizia por
seu coração de médico: “Sou daqueles
que votam à profissão do médico o mais extremado
amor”.
Carlos Chagas, “primus inter pares”, na realidade um
igual entre os iguais, soube enfrentar com humildade o pontual incômodo
da época, pois a pequenez do “ser humano” se
revela sempre e mostra que a incompreensão costuma escoltar
as façanhas daqueles que não seguem a habitualidade
de técnicas, metodologia, regras e maneiras constituídas,
mesmo na área científica que deveria ter clima isento
e
imune aos pressupostos da verdade e ao desvario dos acontecimentos;
portanto, Carlos Chagas, nessa época, incompreendido e recriminado
por uns e até mesmo desmerecido por outros que não
toleravam ter sido ele o descobridor de um novo microorganismo e
ao mesmo tempo do agente transmissor e da nova moléstia que
elucidaria todos os pormenores deparados nos aspectos clínicos
e etiopatogênicos, abrindo-se novos horizontes para higienistas
e Sanitaristas.
Faleceu em oito de novembro de 1934, no Rio de Janeiro.
Temos crido que jamais será tarde para o preito que brota
de amainada e inapelável decisão num entendimento
espontâneo e justo da avaliação de sua vida
e sua obra, que felizmente, foi patenteada por historiadores cientistas
que exibiram seu mérito e alcance, para a evolução
da ciência médica, enfocando a lição
de toda uma vida em benefício do Brasil.
Ao honrar a memória de Carlos Chagas estaremos de certo modo
rendendo preito de admiração aos cientistas e aos
sanitaristas que, com ele, por toda parte se entregam à nobre
função apostolar que muito exige de abnegação,
renúncia e espírito público.
Chagas pode ser comparado a Pasteur e tantos outros sábios,
que se tornaram demasiado grandes para pertencerem apenas às
suas respectivas nações: tornou-se por isso patrimônio
de toda a humanidade.
MINAS é destacada Pátria e mãe desse maior
cientista do Brasil.
J.B.DONADON: MEU APRESENTADOR:
A minha alegria completa-se nesta sessão, quando sou recebido
pelo nobre amigo Professor J.B. Donadon-Leal. Este momento talvez
seja o mais oportuno para reverenciar-lhe todo tributo de confiança,
respeito e admiração.
Permita-me Donadon, transformar este cenário aqui vivido,
em outro imaginário, em que nos conhecemos e jamais me passaram
despercebidas suas manifestações de apreço,
lhaneza de trato e respeito.
Sua saudação, na realidade uma bela página
antológica, é característica de grandes nomes,
que só se recebe de verdadeiros amigos.
Foi benevolente? “Seria a benevolência mais justa que
a justiça”?
Este ato para mim, traduz se em ternura, fidalguia e estima. Mas,
um homem nunca está sozinho, quero referir-me a Professora
Deia, namorada a quem devotou todo o amor possível de um
homem para uma mulher, que caminha ao seu lado.
Deia, esposa e musa inspiradora, presente e atuante em momentos
de sua vida é exemplo vivo de bom humor que transborda em
exuberante alegria: nesse lar mineiro.
Recorda-me aqui a página de Coelho Neto, "Príncipe
dos Prosadores Brasileiros", quando assim se manifestou: “Deus
nos concedeu os irmãos de sangue através dos laços
paternais, porém deu-nos o privilégio de podermos
escolher os amigos, que são os irmãos colhidos pelas
azinhagas de nossa existência”.
Você Donadon, amigo fiel, probo, pertencente a esta Casa de
vultos expressivos e à UFOP, soube desenvolver-se e aprimorar-se
alicerçado no idealismo, com solidariedade e muito calor
humano.
Trago ainda meus agradecimentos aos amigos de Mariana Gabriel Bicalho,
J.S. Ferreira e Dona Hebe Rôla.
Agradeço a Deus por ter me proporcionado a esposa dedicada,
carinhosa, perfeita, namorada e amante, amiga e conselheira, companheira
de todos os momentos que sempre
compartilhamos juntos. Esta sua alegria espontânea que me
encanta, cada vez mais aumenta a minha felicidade. SUZANA, “obrigado
por trazer-me tantos momentos felizes”.
Devo concluir: a razão assim o exige: “NUNC AD VERBERATUS
COR EST FORTIS” (já é forte o palpitar do coração).
In verba magistri Platão, (conforme a virtual palavra do
Mestre Platão), tentei cumprir o protocolo acadêmico
regimental: agora sinto a aproximação da hora do arremate
porque dentro do peito, o célere palpitar do coração
já anuncia que as palavras começam a escassear; é
o silêncio que começa a me dominar, mas o desejo de
aprender fará com que eu continue a odisséia, como
viandante, sapiente, pois “os pés ficam cada vez mais
doloridos, todavia a alma... está cada vez mais leve”,
pois se não levarmos o júbilo e a beleza conosco,
é inútil palmilharmos as sendas da história.
Fontes:
Chagas Filho, C: Meu Pai, Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro,
1993.
Peixoto, G. Madeira: Saudação ao Prefeito de Oliveira
pelo Presidente da Academia Mineira de Medicina, Oliveira MG, 13
de julho de 2009, AMM, Belo Horizonte2009.
ACADEMIA MINEIRA DE MEDICINA: CARLOS CHAGAS, COLETÂNEA DE
TEXTOS, VIDA E OBRA, AMM. Belo Horizonte 1999.
Mariana, 1 de dezembro de 2012.
Discurso
de despedida a Gilberto Madeira Peixoto proferido por J. B. Donadon-Leal
no Velório House, Belo Horizonte, MG.
Senhora
Suzana, filhos, netos, parentes e amigos:
Gilberto Madeira Peixoto (25/06/1941 – 25/07/2019), amigo,
irmão, confrade. Em nome dos confrades e confreiras, escritores
da ALACIB (Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil), Aldrava
Letras e Artes, SBPA (Sociedade Brasileira ods Poetas Aldravianistas),
ABRAAI (Academia Brasileira dos Autores Aldravianistas – Infantojuvenil)
e Academia Portuguesa de Ex-Libris, Academia de Letras e Artes de
Portugal, estas representadas nas saudades dos amigos Vítor
Escudero, Ana Cristina Martins e Dom Miguel – Conde de Viseu,
teço breve agradecimento aos seus ensinamentos e préstimos
à cultura literária. Conheci-o antes de conhecê-lo.
Milagre que só a literatura faz. Culto, ilustrado, educado,
humilde, médico para muito além da ética, pois
tinha exata dimensão de suas responsabilidades sociais. Gilberto
é dessas humildades que não se veem disponíveis
por aí, porque humildade sincera. Honesto consigo e com os
seus. Iniciou seu discurso de posse na ALACIB, em Mariana, dez anos
atrás, com definitiva declaração de amor a
Suzana, sua esposa, e com sua exposta vida de amor ensinou-nos a
amar. Poeta, escritor, partiu no dia do escritor, 25 de julho, assim
como os santos, cuja data comemorativa é a do dia de sua
morte, início da imortalidade. Até nisso o amigo,
pai adotivo de minha amada Andreia, continua professor. Vá,
amigo, ser eterno, e que sua sublime poesia e continue a nos acalentar
com a saudade do seu insubstituível discurso de amor. Vá,
amigo, brilhar na constelação de imortais da intelectualidade,
que a nossa saudade será a de valorizar sempre a sua grandiosa
obra.
Edição
em 28 de janeiro de 2019 por J. B. Donadon-Leal