Registrada
em 06 de abril de 2009
A
ALACIB é uma Associação Literária
sem fins econômicos, com sede e foro em Mariana, Minas Gerais,
CNPJ 10778442/0001-17. Tem por objetivo a difusão da cultura
e o incentivo às Letras e às Artes, de acordo com
as normas estabelecidas no seu Regimento. Registrada em 06 de abril
de 2009.
Diretoria
da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil
Presidente:
Andreia Aparecida Silva Donadon Leal
Vice-Presidente: J.S. Ferreira
Secretário-Geral: Gabriel Bicalho
Tesoureiro: J. B. Donadon-Leal
Promotora de Eventos Culturais: Hebe Maria Rôla Santos
Conselho Fiscal e Cultural: José Luiz Foureaux de Souza Júnior,
Magna das Graças Campos e Anício Chaves
Acadêmica
Correspondente MADAGLOR
Representando
o Município de Porto Alegre - RS
Notas
Biográficas de Madaglor
Maria
da Glória Jesus de Oliveira, residente em Porto
Alegre-RS, é escritora, artista plástica, tem seis
livros publicados. Pertence a algumas associações
e academias, entre elas, AGEI, AJEB, CAPORI, Academia de Artes,
Ciências e Letras Castro Alves, Porto Alegre/RS; da Sociedade
Brasileira de Poetas Aldravianistas, Mariana/MG; Membro Correspondente
da ALACIB (Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil-Mariana-MG)
Representação Distrital do Instituto Brasileiro de
Culturas Internacionais no Rio Grande do Sul; Divine Académie
Française des Arts Lettres et Culture, Paris/France - Membre
d’Honneur; Associação Internacional dos Poetas
del Mundo. IUOMA - International Union of Mail-Artists; e Cercle
Universel des Ambassadeurs de La Paix Genève-Suisse/France.
Produção
de Marcia Barroca
Despedida
Madaglor
Tenho oito anos. Fazendo hoje. De pé, na Terra Santa, no
alto da colina, olho para o céu e depois para o rio. Daqui,
parece que as águas vão levando as nuvens. O vento
de agosto faz balançar a fita do meu cabelo. As pessoas estão
tristes.
Devagar, o caixão branco desce para a cova. Jogam terra e
flores por cima. Cuido para a fita não atrapalhar meus olhos.
Eles choram. Eu não. É meu aniversário. Não
estou triste. Ganhei a fita de presente. Na verdade, ela foi comprada
para a mortalha do Julinho. Mas não usaram. Então,
a moça, sabendo que no dia seguinte eu estaria fazendo anos,
me deu.
Nem sei bem o que está acontecendo, quero ficar triste, mas
não consigo. Chorei ontem, quando mamãe chorou. Ela
estava olhando o menino no berço. De repente, deu um grito
e foi chorando para a rua. Sentei ao lado dela e chorei.
Depois, vieram as pessoas e abraçaram mamãe. Mais
tarde, vi que Julinho foi colocado num caixão branco. À
noite, ficaram rezando. Eu dormi.
Quando chegou a hora do enterro fiquei contente. Via quando passavam
os enterros na trilha acima da minha casa. Achava bonita a procissão
de parentes e amigos levando o caixão, cantando ou rezando.
Agora, era Julinho que ia no caixão com rezas e cantos. Tinha
vontade de dizer para os vizinhos: este é meu irmãozinho.
Queria que ficassem contentes comigo.
Mamãe tinha olhado para mim, com os olhos cheios de água,
e falado: a culpa foi tua; não era pra ter saído com
ele no frio.
Baixei a cabeça e não falei nada. É verdade
que tinha saído com ele. Mas ela não me disse que
não podia. Ela, então, é a culpada, não
eu. Devia ter me impedido.
Pronto. Agora tem um monte de terra em cima do meu mano. Algumas
flores também e uma cruz.
As pessoas ficam se olhando, sem jeito. Depois, parecendo que tinham
combinado, vão descendo a colina. Eu sigo. Depois, paro e
dou mais uma olhada para trás.
O vento balança a fita azul da minha cabeça. Parece
que ela abana um adeus.
Estranho amor
Madaglor
Quero um amor que me diga não,
Que insista em me amargurar
Que tenha olhos que gritem
Que saia só e me deixe a chorar.
Então, sentirei sua ausência
E me arranharei na parede
Assim, semelhante ao náufrago,
Que no mar morra de sede.
Com isto justificando,
Sem maiores delongas,
Vou por aqui ficando.
Talvez lhe cause um susto
Por não achar o amor justo
Este que estou cantando.
Não sei
Madaglor
Debruço-me
na janela
Meus pensamentos se perdem
Na linha do horizonte
Muito além do aqui e agora.
É um cismar com coisas
Que corcoveiam em meu cérebro
Um remoer de ideias
Um pipocar de emoções
Sem freios e sem medida
Não sei aonde irei parar
O vento, soprando forte,
Traz palavras codificadas
Não sei
Não sei
Como desvendar a charada.
Passagem
Madaglor
Na tarde cinzenta dos meus dias
Você brilhou purpurinas.
Alguns confetes colaram
Em meus olhos cansados.
Você trouxe água límpida
Calor na noite de frio
Sabor para a boca amarga.
No entanto, sorrateiro,
Foi esmaecendo,
Levando tudo o que tinha.
Fiquei com o sol da manhã
Mas sem olhos de ver.
Edição
em 07 de fevereiro de 2019 por J. B. Donadon-Leal