Registrada
em 06 de abril de 2009
A
ALACIB é uma Associação Literária
sem fins econômicos, com sede e foro em Mariana, Minas Gerais,
CNPJ 10778442/0001-17. Tem por objetivo a difusão da cultura
e o incentivo às Letras e às Artes, de acordo com
as normas estabelecidas no seu Regimento. Registrada em 06 de abril
de 2009.
Diretoria
da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil
Presidente:
Andreia Aparecida Silva Donadon Leal
Vice-Presidente: J.S. Ferreira
Secretário-Geral: Gabriel Bicalho
Tesoureiro: J. B. Donadon-Leal
Promotora de Eventos Culturais: Hebe Maria Rôla Santos
Conselho Fiscal e Cultural: José Luiz Foureaux de Souza Júnior,
Magna das Graças Campos e Anício Chaves
Acadêmico
MARZO SETTE TORRES
Cadeira nº 21
Patrono: Zoroastro Torres
Notas
Biográficas de Marzo Sette Torres
Marzo Sette Torres nasceu em Belo Horizonte, Minas
Gerais.
Engenheiro Civil pela Escola de Engenharia da UFMG. Professor Emérito
da Escola de Engenharia do Triângulo Mineiro, hoje Escola
de Engenharia da Universidade de Uberaba. Professor fundador da
Faculdade de Engenharia da FUMEC.
Engenheiro do DER/MG, com passagem pelo GEIPOT e pelo DNER. Especialização
na França, em Técnicas Rodoviárias. Fundador
de empresas de consultoria de engenharia voltadas principalmente
para a área de infraestrutura de transportes. Coordenador
de projetos.
Cantor – tenor - com participação em corais.
Solista em eventos, festas e recitais, inclusive no Palácio
das Artes, em Belo Horizonte. Repertório internacional, erudito
e popular.
No CD “Alma em Fantasia”, interpreta árias líricas.
Aldravias de sua autoria foram publicadas na antologia Lumens e
no Livro das Aldravias.
Membro da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil, e da
Sociedade Brasileira de Poetas Aldravianistas.
Discurso de Posse
Cadeira
n° 21 – Marzo Sette Torres
Patrono: Zoroastro Torres
Andreia Aparecida Silva Donadon Leal,
Presidente da ALB-Mariana, (ALACIB)
José Benedito Donadon-Leal – Presidente Executivo
José Sebastião Ferreira – Vice-Presidente
Gabriel José Bicalho – Secretário-Geral
Hebe Maria Rôla Santos – Promotora de Eventos
Componentes da Mesa e Autoridades
Acadêmicos da ALB-Mariana (ALACIB)
Acadêmicos da Academia Infantojuvenil de Letras, Ciências
e Artes de Mariana
Senhoras e senhores convidados
ZOROASTRO TORRES
PATRONO DA CADEIRA 21
Zoroastro Torres, Tato, como sempre o chamamos, nasceu em 31 de
maio de 1891, na cidade de Sumidouro, Estado do Rio de Janeiro.
Sua infância e adolescência foram passadas parte em
Sumidouro, parte em Carangola, Minas Gerais. Embora com raízes
no meio rural, desde cedo buscou ampliar seu horizonte através
da atenta observação do mundo que nos cerca. Foi assim
que, um belo dia, ainda adolescente, usando como instrumento uma
vara cortada bem a propósito, pôs-se a medir a extensão
da estrada de acesso à fazenda em que residia. E tanto gostou
da experiência que decidiu partir para uma grande cidade,
em busca da oportunidade de estudo de que não dispunha no
campo. Foi assim que trocou a enxada pelo livro. Em Belo Horizonte,
para onde foi em 1912, ingressou na Guarda Civil, para custear seus
estudos preparatórios e o curso de Engenharia, que concluiu
em 1920. Na época, o estudante não contava com as
facilidades de hoje: os caminhos eram cheios de obstáculos
e preconceitos. Quem não tivesse recursos suficientes, dificilmente
conseguiria matricular-se numa escola de nível superior.
Em janeiro de 1921, já como engenheiro, ingressou na Estrada
de Ferro Paracatu, onde participou de estudos e obras de implantação
ferroviária. Tendo deixado a ferrovia em junho de 1924, foi
para Manhuaçu onde, entre julho e outubro daquele mesmo ano,
esteve prestando serviços no Distrito de Terras. Foi quando
conheceu Maria da Conceição Sette, com a qual veio
a se casar em 30 de maio de 1925. Entre 1925 e 1930 prestou serviços
ao Estado do Espírito Santo, tendo participado da elaboração
de diversos projetos ferroviários. Nos anos seguintes, a
natureza de suas atividades mudou radicalmente: em fevereiro de
1931 tornou-se Prefeito de Mutum e, em outubro do mesmo ano, Prefeito
de Jacutinga, ambas por nomeação de Olegário
Maciel, então Presidente do Estado de Minas Gerais. Em novembro
de 1932 foi nomeado Prefeito de Machado, onde permaneceu até
agosto de 1933. A partir de agosto de 1933, passou a integrar o
quadro de engenheiros da antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas,
posteriormente Rede Mineira de Viação, tendo trabalhado
tanto em frentes de serviços, como na sede da ferrovia, em
Belo Horizonte.
Em abril de 1948 passou para a Secretaria de Viação
e Obras Públicas do Estado de Minas Gerais, inicialmente
como Engenheiro Chefe do Serviço de Campos de Pouso e, posteriormente,
como Engenheiro Chefe da Circunscrição
de Obras com sede em Carangola, onde permaneceu até 1966,
quando, compulsoriamente, se aposentou.
Em 24 de junho de 1968, aos 77 anos de idade, em Belo Horizonte,
sua jornada chegou ao fim. Sua descendência conta com dois
filhos, Marzo e Zorma, sete netos, oito bisnetos e uma trineta.
Em 25 de setembro de 1999, Angela Togeiro tomou posse na Academia
Municipalista de Letras de Minas Gerais – AMULMIG. Seu Patrono:
ZOROASTRO TORRES. Eis alguns trechos de sua fala naquela ocasião:
“Dávamos uma faxina na casa de minha sogra. Íamos
desocupar a casa para vendê-la e precisávamos jogar
fora o inútil e doar o útil. Entre retratos e lembranças
de família, havia uma pilha de jornais cuidadosamente arquivados.
Eram notícias antigas da família e... poesias. Poesias
do Tato?!
Não conhecia este lado dele. Já sabia que fora prefeito
em diversas cidades, que adorava uma trova humorística/ debochada;
que era um sujeito muito benquisto. Que era muito humano, daquele
tipo capaz de doar algo seu para um necessitado, mesmo não
tendo como repor a perda depois. Que foi uma destas pessoas altruístas,
das que não deixam o sucesso da vida pessoal subir-lhes à
cabeça e se julgarem superiores às outras pessoas,
quer de seu convívio ou não. Que era bom pai. Marido.
Amigo. Jamais ouvi uma crítica, um “mas...” sobre
ele. Um cristão! Mas... poeta?!
Era algo novo. “Foi assim que ele entrou na minha vida. Como
poeta. Poeta de uma alegria e de uma tristeza profunda. Jocoso e
angustiante ao mesmo tempo. Como se fosse um espírito sem
porto, questionando vida e morte. Destino. Felicidade. Alguém
que olha o mundo e, embora vivendo nele e compreendendo-o, não
consegue aceitá-lo. Um poeta que constrói opiniões,
abre horizontes e deixa sempre uma porta aberta para o leitor colocar
sua emoção e inspiração. Um poeta do
mundo e da espiritualidade. Uma descoberta maravilhosa, que vinha
sustentar tudo aquilo que diversas pessoas, de dentro e de fora
da família, me falaram dele. Acabaram-se minhas dúvidas:
ele realmente existiu. Foi Homem e Poeta.”
“Tato não é só para ser guardado entre
páginas de um livro, ou mofando numa pilha de jornais em
algum cantinho de casa. Ele é do mundo. Deu-nos sua contribuição
tanto no plano físico quanto no intelectual.”
Isso foi dito por Angela Togeiro ao assumir sua cadeira na Academia
Municipalista de Letras de Minas Gerais.
O Tato, além de poeta, gostava de música. E, em particular,
de música erudita. Violão, gaita de boca ou uma simples
folha de roseira, eram instrumentos com os quais tinha intimidade.
Do violão, ensinou-me os primeiros acordes. De uma folha
de roseira, sabia extrair melodias de óperas e operetas.
Ainda temos a gaita em que ele tocava suas músicas favoritas.
Mostrou-me o canto lírico. E com ele a inspiração
para cantar. Pelas circunstâncias da vida, o canto foi relegado
a um segundo plano. Revivido, porém, com vigor crescente,
nas duas últimas décadas.
Se hoje aqui estou, é porque as sementes plantadas tanto
tempo atrás, pelo Tato poeta e músico, germinaram.
Zoroastro Torres – de várias formas - marcou sua passagem
pelo mundo.
FALA DO ACADÊMICO – 1ª PARTE
Prezados Convivas,
Tenho a honra e a alegria de estar sendo empossado hoje na ACADEMIA
DE LETRAS DO BRASIL – MARIANA (ALACIB). Ser aqui acolhido,
por tantos poetas e escritores talentosos, inspirados e inspiradores,
deixa-me profundamente sensibilizado e agradecido. Em meus sonhos,
jamais me vi como membro de uma academia de letras. Explico: não
sou do ramo, não sou poeta, não sou escritor, muito
embora tenha por dever e hábito a produção
de textos técnicos de engenharia. Neste tipo de literatura,
a meta é prestar informações de forma clara,
concisa e precisa. Os textos são frios, despidos de emoções.
Nas duas últimas décadas dediquei-me, nas horas de
lazer, a desenvolver uma atividade artística que –
esta sim – sempre esteve nos meus sonhos: o canto. Do popular
ao lírico, do mais accessível ao mais exigente. Tem
sido um interessante e continuado esforço de aprendizado
e aperfeiçoamento.
O fato de estar sendo hoje recebido, nesta Casa, como acadêmico
cantor, soa para mim como reconhecimento desse esforço, dessa
busca por um canto clássico de qualidade. Estou particularmente
lisonjeado por ser o primeiro músico chamado a compartilhar
da companhia de tantos poetas e escritores ilustres e consagrados.
Alega-me que a ALB-Mariana (ALACIB) segue para além das letras,
ao dar guarida a outras formas de arte. De coração,
muito obrigado.
FALA DO ACADÊMICO – FINAL
Prezados convivas:
O neoacadêmico deve dizer a que veio. Tarefa árdua,
considerando a qualidade dos acadêmicos aqui presentes. Como
encontrar palavras adequadas a um discurso formal de posse? Lembrei-me
então dos antigos bardos que, cantando, declamavam poesias
e contavam histórias. E assim despertavam sensações,
criavam imagens, provocavam reflexões, sonhos, anseios. Transmitiam
mensagens. E assim, inspirado neles, venho convidar os presentes
para uma viagem, uma pequena viagem, nas asas da música,
do canto. Como guias turísticos, o maestro Adilson Garcia
e o neoacadêmico. No roteiro, países com expressiva
contribuição para a música. Vamos respeitar
a letra original das árias escolhidas, pois, embora haja
traduções de algumas delas, nada como o original,
principalmente quando se trata de poesia. Na Itália se diz:
“tradutore, traditore”. Tradutor... traidor. Na tela,
imagens dos locais visitados e uma tradução livre
das suas letras, a título de... informação
turística.
• Começamos pela França, com uma ária
da ópera Werther, de Jules Massenet. Poesia e melodia nela
se encontram, na desesperança do amor proibido de Werther
e Charlotte, principais personagens da ópera.
• Nossa parada seguinte é em Viena, das alegres valsas
e operetas. Dein ist mein ganzes herz, da opereta “O País
do Sorriso”, de Franz Lehar. Esta ária é uma
poética declaração de amor.
• Seguimos para a vizinha Itália, berço da ópera,
mas rica em refinadas peças populares. Non ti scordar di
me é uma ária leve e agradável, que fala de
andorinhas... andorinhas?
• Próxima parada, a Espanha, com suas músicas
vibrantes e ritmos quentes. A cidade de Granada inspirou um número
fantástico de músicas: mais de 3000!
Uma se destaca: Granada, de Agustín Lara.
• Atravessando o Atlântico, chegamos ao Brasil. De Chico
Buarque de Holanda, Até Pensei, uma melodia deliciosa, cuja
letra é uma poesia.
• De volta à Europa, vamos para a Inglaterra. De Shakespeare,
de Carlitos, dos Beatles. Imagine, de John Lenon, é uma peça
suave, cujo tema dá ênfase ao seu conteúdo poético,
à sua mensagem.
Chega ao fim nossa rápida viagem. Como guia turístico,
devo lembrar que, do outro lado do Canal da Mancha, está
a França, de onde partimos. E que lá, em 1789, a Revolução
Francesa levantou a bandeira dos direitos universais do homem: “Liberdade
– Igualdade - Fraternidade”. Aquela bandeira nasceu
de um sonho, um sonho de igualdade em um mundo de diversidades,
onde tudo é desigual. Onde liberdade e fraternidade são
subjugadas pela sedução do poder. Realizar um sonho
de tais dimensões depende de vários fatores, dentre
os quais a aceitação da diversidade, entendimento
de que direitos estão ligados a deveres e de que só
há liberdade com responsabilidade.
Aqui, nesta Academia, a diversidade é fraternalmente recebida.
E sonhos se realizam. Sinto-me em casa. Quase dois séculos
depois da Revolução Francesa, em 1971, John Lenon,
em “Imagine”, nos fala de seu sonho de paz, de fraternidade.
Como ele disse:
You may say I’m a dreamer
But I’m not the only one
I hope someday you join us
And the world will live as one.
Discurso pronunciado por - - MARZO SETTE TORRES - - 16 de abril
de 2011 - ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL – MARIANA (Atualmente
ALACIB).
Aldravias de Marzo Sette
Torres
1
olhos
fechados
abertos
visões
ignotas
imagens
2
imagens
sons
gostos
cheiros
contatos
memórias
3
memórias
profusas
difusas
desfocadas
nítidas
confusas
4
confusas
impressões
ilações
deduções
primeiras
conclusões
Edição
em 25 de janeiro de 2019 por J. B. Donadon-Leal