Jornal Aldrava Cultural
ISSN 151-9665
Aldravias
Artes Visuais
Cartas

O que é aldravia?

Trata-se de um poema sintético, capaz de inverter ideias correntes de que a poesia está num beco sem saída. Essa forma nova demonstra uma via de saída para a poesia – aldravia. O Poema é constituído numa linométrica de até 06 (seis) palavras-verso. Esse limite de 06 palavras se dá de forma aleatória, porém preocupada com a produção de um poema que condense significação com um mínimo de palavras, conforme o espírito poundiano de poesia, sem que isso signifique extremo esforço para sua elaboração. Abaixo, aldravias de seus criadores:

aldravias
buscam
continentes
em
longínquas
porções

Andreia Donadon Leal

aldravia
meu
verso
universo
em
poesia

Gabriel Bicalho

morangos
passeiam
sob
blusa
de
algodão

J. B. Donadon-Leal

trovões
riscam
céu:
chuva
de
palavrões

JS Ferreira

*** ***

Aldravia – nova forma, nova poesia
J. B. Donadon-Leal

   A arte da poesia, desde a antiguidade, já experimentou muitas formas. Sempre ela esteve certificada pela grandeza com que a arte encanta olhos e ouvidos. Ela consagrou nomes e eternizou formas, além de ter revelado muitas faces ocultas das paixões pela vida. Não é à toa que a poesia é tida por muitos como a mais nobre entre todas as artes.
   Das narrativas longas da antiguidade, passando pela condensação dos sonetos do advento da era moderna ou pela síntese do haicai do oriente do Séc. XXVII, a poesia experimentou extremos: muitas palavras para muitos conteúdos ou muitos conteúdos em poucas palavras. De qualquer forma, a poesia presta-se para a incubação de novidades à linguagem e, ao mesmo tempo, para o culto às memoráveis celebrações ao passado.
   Em novembro do ano de 2000, com o lançamento do Jornal Aldrava Cultural, os poetas aldravistas, empreendedores do movimento que nascia em Mariana, Minas Gerais, a partir daí, consignaram um propósito de em 10 anos apresentarem à sociedade um projeto cultural que apontasse caminhos para a celebração das coisas e dos sujeitos produtores das artes.
   O primeiro legado dos aldravistas foi a ideia de organização do mundo artístico, seja para produzi-lo, seja para compreendê-lo, a partir do conceito de metonímia: porções constitutivas das coisas podem representá-las, muito bem, no mundo das significações. Essa percepção abre espaço para o enfrentamento à concepção prepotente das metáforas que trazem consigo arroubos de substituições totalitárias Ao mesmo tempo, a poesia metonímica busca demonstrar que a poeticidade pode estar na simplicidade. A leitura da poesia não pode ser uma tortura em busca de significações. Sentidos têm que saltar da forma poética com a facilidade com que se captam os significados na fala cotidiana. Tortura não combina com poesia. A única dor tolerável na poesia é a do prazer.
Sabendo ser parte de um todo que se diz nessa parte, para que se querer todo sempre que alguma parcela desse todo se faz necessária na construção de algum projeto temático? Cada parte de um todo se joga num conjunto discreto que se deixa escolher em cada investida produtiva de significação. Esse é o espírito da enciclopédia, que se revelou integralmente no complexo mundo wiki, hipertextual e em cadeia com escolhas e escolhas de novas metonímias que se alimentam dessas escolhas.
   O que o espírito wiki realiza é exatamente o que o espírito da poesia já revela há milênios: o mínimo de palavras para a abertura do máximo de possibilidades significativas, plagiando Pound em sua reflexão sobre a arte da poesia.
   Ao lado disso, a partir de reflexões sobre os destinos da poesia, os aldravistas liderados por Gabriel Bicalho buscaram observar a poesia que enceta para a síntese nos poemas curtos, nas trovas, nos haicais. Essa característica de observador da síntese vai ao encontro da hipótese poundiana de poesia. Mas, seriam, de fato, essas formas poéticas as mais sintéticas? Representariam elas, de fato, as metonímias perseguidas pelos aldravistas?
   A ideia de flash, de fotografia ou de uma porção de algo parece contemplada nessas formas poéticas. Elas demonstram também outro aspecto do aldravismo – a livre escolha de formas de poesia.
   Aí outro aspecto do espírito do poeta evidencia-se: a inquietação. Essa inquietação faz do poeta um ser que está sempre em busca de algo a mais, do ponto extra, da falta, do que ainda não foi visto. Mais uma vez os aldravistas se valem do legado de Pound em seus ensaios literários de 1934, para concretizarem o paideuma: “a organização do pensamento de modo que o próximo homem ou geração possa achar, o mais rapidamente possível, a parte viva dele e gastar o mínimo de tempo com questões obsoletas”.
   Que novidade os aldravistas poderiam deixar para as gerações futuras? Além da vasta produção já obtida nesses dez anos de estrada, além da promoção de talentos e de investimento na criatividade infantil, os poetas aldravistas poderiam apresentar uma nova forma poética. Não fazia parte do empreendimento inicial, pois é possível brincar com a liberdade utilizando-se das formas poéticas consagradas. O grande investimento aldravista é no conteúdo metonímico – pouco importa a forma. A forma é apenas textual, é apenas envelope dentro do qual os discursos se depositam em sua fecundidade ilimitada, disponíveis aos olhares de espectadores que alcançam alguma porção discursiva a partir da qual expande sua compreensão e interpretação.
   Mas, que tal uma nova forma. Eis que do permanente congresso do movimento aldravista de artes, do qual participam ativamente Andreia Donadon Leal, Gabriel Bicalho, eu e J. S. Ferreira, surgiu uma nova forma de poesia: a aldravia, nome sugerido por Andreia Donadon Leal a uma forma elaborada por Gabriel Bicalho, com base na concepção de encontro com os sentidos na possibilidade real de se ter o máximo de poesia no mínimo de palavras.
   Trata-se de um poema sintético, capaz de inverter ideias correntes de que a poesia está num beco sem saída. Essa forma nova demonstra uma via de saída para a poesia – aldravia. O Poema é constituído numa linométrica de até 06 (seis) palavras-verso. Assim, tem-se uma nova forma, mas não uma “fôrma”, como a trova, o haicai, o soneto.
   Esse limite de 06 palavras se dá de forma aleatória, porém preocupada com a produção de um poema que condense significação com um mínimo de palavras, conforme o espírito poundiano de poesia, sem que isso signifique extremo esforço para sua elaboração.
Esta edição do Jornal Aldrava Cultural apresenta ao público a aldravia:

salto
de
cova
nascimento
do
artista

Andreia Donadon Leal

não
fazer
poesia
de
alma
vazia

Gabriel Bicalho

minhas
porções
diárias
metonímias
de
mim

J. B. Donadon-Leal

sigo
cigano
em
busca
da
poesia

J S Ferreira

   O movimento aldravista de arte chega maduro aos seus dez anos de existência, pronto para apresentar nova forma poética ao conteúdo metonímico já experimentado nas formas canônicas de versejar. Poesia tem que ter poeticidade na simplicidade, conteúdo na síntese e porta aberta às interpretações.
  Poesia é germinação, por isso não precisa pretender-se à completude em longas narrativas, pois

curta
poesia
do
verbo
pólen
via

Texto publicado no Jornal Aldrava Cultural nº 88, de dezembro de 2010

Livro de Aldravias de Elvandro Burity


Clique na capa para abri-lo
Disponível também na Biblioteca Virtual Aldrava

Rio de Janeiro, 31 de outubro de 2011
Presidente da ALB-MG, Andreia Donadon Leal, estou realmente eufórica com o lançamento de "Somente Aldravias" do poeta e amigo Elvandro Burity em Maio de 2012, em Paris.
É uma confirmação do sucesso internacional das Aldravias. Sentimo-nos honrados também, aqui no Rio de Janeiro, de sermos pioneiros ao publicar "Aldravias a Cinco Vozes" no Pen Clube do Brasil no dia 20 de outubro de 2011, com uma vasta presença de intelectuais, inclusive da Academia Brasileira de Letras,super interessados nessa nova forma de poesia e jamais ignorados por nós seus precursores mineiros,da ALB de Mariana- MG, que nos honraram com prefácio e comentários de grande valia. Trata-se de um exemplo a ser seguido por todos aqueles que estão valorizando essa nova forma de poesia.
Parabens sinceros em meu nome e de meus parceiros no livro "Aldravias a Cinco Vozes", que tenho plena certeza estarem radiantes e entusiasmados com essa notícia, inclusive com o lançamento do Livro também em Paris , no Salão do Livro, com 33 escritores de Minas Gerais, em Maio de 2012.
Saudações a todos os participantes e votos de muito sucesso,
Messody Benoliel, Presidente da Academia Brasileira de Trova , Membro Honorário da ALB-Mariana-MG e Integrante da Antologia "LES POÉTES BRÉSILIENS À PARIS" (pags. 136 a 139), Préface, coordination et adaptation de Diva Pavesi, Février 2011.

ELVANDRO BURITY - Escritor Internacional
Assim é a vida: - Um suceder de fatos. Uns desafiam... Outros não são bem recebidos. Outros soam como uma recompensa. Neste serpentear de ocorrências boas... ou ruins... devemos atentar para o lado bom, do ensinamento que contém, devemos recebe-lo sem a pretensão de ser melhor do que ninguém e, muito menos com o propósito de dono da verdade ou como um "castigo" Afinal a vida não dá, não toma, simplesmente, retribui.

Não é novidade a minha origem: egresso da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro e ex-marujo. Antes de precipitadas conclusões: - Não se trata de provocar reações sentimentais piedosas ou enaltecedoras. A ideia é demonstratar que , infelizmente, no mundo atual muito mais tecnológico que humano, mesmo com os meios justificando os fins; ainda, é possível ser honesto, ter caráter e honestidade de propósitos. Bem como ter um reconhecimento.

Passei por uma forte crise de coluna. Deus é Pai não é padrasto. As nuvens estão se dissipando e recebo uma mensagem eletrônica informando o lançamento do meu livro

Somente Aldravias

no Salão do Livro de Paris, no período de 16 a 18 de maio do ano de 2012.
Tal acontecimento, para mim, soa como uma recompensa, um incentivo.
Produção - Divine Institut des Arts et Culture
Tradução - Athanase Vantech de Tharcy et Marc Galan
Revisão, Adaptação e Coordenação - Diva Pavesi.


Aldravias de colaboradores

Aldravias de Vanise Buarque (Rio de Janeiro - RJ)
The
Food
Smelling
the
mouth
watering
The
Truth
Opportunity
For
Good
will
Love
The
Short
Way
For
health
Children
May
Simply
Smile
At
you
The
Moon
Alone
In
The
sky
The
Way
To
Love
Well
thankfulness
Friends
Need
To
Go
back
home
Mother
Unconditional
Love
Guardian
Angel
alive

 

Aldravias de Marilza de Castro (Rio de Janeiro - RJ)
poesia
em
liberdade
poema
livre
aldravia
Carnaval
seus
prazeres
canais
dão
poesia
Solicitude

lícita
se
verdadeira
atitude
sonhar

no
mar
salga
ideia
palavra
arma
eficaz
para
fazer
paz
poesia
une
versos
universos
em
poesia
Elegante
cavalheiro
doma
cavalgadura
da
dama
Pierrô
arlequim
colombina
amor
em
trilogia
religião
invento
humano
para
regrar
vida
sopro
de
amor
nos

vida

 

Aldravias de Messody Ramiro Benoliel (Rio de Janeiro - RJ)
Após
nossos
corpos
entrelaçados
anoiteceu
silenciosamente
Inveja
maltrata
enruguece
somente
invejosos
contumazes
dúvidas
estremecem
relacionamentos
quando
permanecem
presentes
Saudade
bandoleira
sem
ontem
hoje
amanhã
Mãozinhas
dadas
antigamente
agora
solidão
somente
amor
vem
amor
vai
gangorra
constante
chuvas
gostosas
lembranças
tuas
minhas
nossas
Ressentimentos
incertezas
perturbam
machucam
se
entrelaçam
Voz
que
acalma
vem
da
alma
Olhares
profundos
instigam
vontades
desejos
festejos

Aldravia de Rui Martins da Mota (para: Luiz Gondim e Rafael Nogueira)

Três
Diferentes
Trovadores
Sincronicidade
Unidade
Poética

Aldravias de 05 versos de Marília Siqueira Lacerda (Ipatinga - MG)
vida
corre
depressa
qual
aldravias
chuva
cai
música
embala
sono
noite
dia
silêncio
dobrado
feriado
retratos
pela
casa
digerir
saudades
falta
calor
abraço
filho
ausente
sol
acorda
dia
sabiá
canta
corpo
arrepios
alento
cobertor
aquece
águas
caindo
março
antecipa
frio


Aldravias de Mário Donadon Leal - DonLeal (Maringá - PR)
via
bravia
breve
aldravia
leve
bravo
poema
põe-se
poeira
cipó
teia
goteira
cereal
ser
real
bruto
brota
cio
hit
parede
rita
rede
rude
rádio
prato
prata
parto
porto
canal
narina
sono
senha
sino
sena
cassino
sonho

Aldravias de Luiz Gondim (Rio de Janeiro)
quero
vestir
tua
noite
despindo
censuras
fui
letra
depois
palavra
agora
oração
basta
uma
estrela
em
meu
céu
como
equilibrar
equações
em
cada
ausência?
orvalho
sem
licença
pousa
na
flor
aldravia
voa
longe
além
do
mar

Aldravias de Fabrício Avelino (Barbacena, MG)
sua
sobre
pétalas
pousa
saliva
sua
gotas
de
seio
nu
vertem
ventres
curto
e
grosso
o
não
exposto
linha
reta
rotas
tortas
letras
alteradas
lua
crescente
em
quarto
minguante
adolescente
luto
em
vida
de
sol
poente

 

Aldravias de Marisa Godoy (Ponte Nova, MG)
Aldravia
tanta
poesia
em
tão
pouco
Abelha
morta:
menos
mel
no
pote
Casa
gradeada,
portão
trancado:
sou
livre?

 

Aldravias de Amélia Marcionila Raposo da Luz (Pirapetinga - MG)
Fui
linha
e
ponto
tecendo
remendo
carta
guardada
de
amor
perdido
despedida?
paz
fresta
janela
crianças
passam
alarido!
maçãs
carnudas
corpo
de
mulher
Vênus
urrus
murmúrios
cochichos
ruídos
sussurros
... muidezas
barganho
com
a
vida
celebro
mocidade
palavras
resmungam
aldravias
nos
meus
ouvidos
virgem
véu
flor
de
laranjeira
noiva
fui
gota
respingo
rio
hoje
oceano
nem
fruto
nem
flor
semente
somente
debruço
sobre
o
texto
choro
silêncios
no
fundo
palavras
presas
querendo
emergir


Aldravias de Goreth de Freitas (Ipatinga, MG)
No
trem
da
noite
tateio
silêncios
No
trem compreendi
chegadas
e
partidas
No
trem
bebo
cálices
de
solidão
Fatos
e
fotos
levam-me
ao
trem
Naquela
curva
do
trem,
infinitos
arrepios
O
trem
vai
o
tempo
passa
O
trem
leva
e
traz
poesia
O
trem
vai.
O
mistério
continua
Fragmentos
de
mim
ficaram
no
trem
Ao
lado
do
trem,
amor
marginal
Meninos
em
alvoroço:
chegada
do
Trem
Paraíso
verde:
Imagem
clicada
do
trem

 

Aldravias de Maria Beatriz del Peloso Ramos (Rio de Janeiro)
Mar
arado
pelos
olhos
colho
saudade
Saudade
amuleto
líquido
usado
no
peito
Pulsa
duplo
azul
na
paisagem:
Verão

Aldravias (aldravisartes) de Luiz Poeta ( Luiz Gilberto de Barros - Rio de Janeiro)
No
inefável
riso
chapliniano
lírica
tristeza
Mar
amniótico
feto
respira
sem
aparelhos
Girassóis
pulsam
tela
de
Van
Gogh
Sem
pressa
aracnídeo
espreita
a
presa
Monalisa
imortalizou
Da
Vinci
num
sorriso

 

Aldravias de Cecy Barbosa Campos (Juiz de Fora, MG)
Nuvens
passantes
escondem
estrelas:
tímidas
top-models
Cabelos
molhados
gingando
faceiros
ao
vento
Aldravas
anunciam
visita
ao
meu
coração
Flores
chorando
tristeza
dentro
da
jarra
Luar
indiscreto
banhando
meu
corpo
despido
Pássaros
cumprimentam
o
sol
Sinfonia
matinal

 

 

Federação das Academias de Letras e Cultura de Minas Gerais publica aldravias em seu Blog

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