O
que é aldravia?
Trata-se de um poema sintético, capaz de inverter ideias
correntes de que a poesia está num beco sem saída.
Essa forma nova demonstra uma via de saída para a poesia
– aldravia. O Poema é constituído numa
linométrica de até 06 (seis) palavras-verso.
Esse limite de 06 palavras se dá de forma aleatória,
porém preocupada com a produção de um
poema que condense significação com um mínimo
de palavras, conforme o espírito poundiano de poesia,
sem que isso signifique extremo esforço para sua elaboração.
Abaixo, aldravias de seus criadores:
|
aldravias
buscam
continentes
em
longínquas
porções
Andreia
Donadon Leal
|
aldravia
meu
verso
universo
em
poesia
Gabriel
Bicalho
|
morangos
passeiam
sob
blusa
de
algodão
J.
B. Donadon-Leal
|
trovões
riscam
céu:
chuva
de
palavrões
JS
Ferreira
|
*** ***
Aldravia
– nova forma, nova poesia
J. B.
Donadon-Leal
A
arte da poesia, desde a antiguidade, já experimentou muitas
formas. Sempre ela esteve certificada pela grandeza com que a arte
encanta olhos e ouvidos. Ela consagrou nomes e eternizou formas, além
de ter revelado muitas faces ocultas das paixões pela vida.
Não é à toa que a poesia é tida por muitos
como a mais nobre entre todas as artes.
Das narrativas longas da antiguidade, passando pela
condensação dos sonetos do advento da era moderna ou
pela síntese do haicai do oriente do Séc. XXVII, a poesia
experimentou extremos: muitas palavras para muitos conteúdos
ou muitos conteúdos em poucas palavras. De qualquer forma,
a poesia presta-se para a incubação de novidades à
linguagem e, ao mesmo tempo, para o culto às memoráveis
celebrações ao passado.
Em novembro do ano de 2000, com o lançamento
do Jornal Aldrava Cultural, os poetas aldravistas, empreendedores
do movimento que nascia em Mariana, Minas Gerais, a partir daí,
consignaram um propósito de em 10 anos apresentarem à
sociedade um projeto cultural que apontasse caminhos para a celebração
das coisas e dos sujeitos produtores das artes.
O primeiro legado dos aldravistas foi a ideia de
organização do mundo artístico, seja para produzi-lo,
seja para compreendê-lo, a partir do conceito de metonímia:
porções constitutivas das coisas podem representá-las,
muito bem, no mundo das significações. Essa percepção
abre espaço para o enfrentamento à concepção
prepotente das metáforas que trazem consigo arroubos de substituições
totalitárias Ao mesmo tempo, a poesia metonímica busca
demonstrar que a poeticidade pode estar na simplicidade. A leitura
da poesia não pode ser uma tortura em busca de significações.
Sentidos têm que saltar da forma poética com a facilidade
com que se captam os significados na fala cotidiana. Tortura não
combina com poesia. A única dor tolerável na poesia
é a do prazer.
Sabendo ser parte de um todo que se diz nessa parte, para que se querer
todo sempre que alguma parcela desse todo se faz necessária
na construção de algum projeto temático? Cada
parte de um todo se joga num conjunto discreto que se deixa escolher
em cada investida produtiva de significação. Esse é
o espírito da enciclopédia, que se revelou integralmente
no complexo mundo wiki, hipertextual e em cadeia com escolhas e escolhas
de novas metonímias que se alimentam dessas escolhas.
O que o espírito wiki realiza é exatamente
o que o espírito da poesia já revela há milênios:
o mínimo de palavras para a abertura do máximo de possibilidades
significativas, plagiando Pound em sua reflexão sobre a arte
da poesia.
Ao lado disso, a partir de reflexões sobre
os destinos da poesia, os aldravistas liderados por Gabriel Bicalho
buscaram observar a poesia que enceta para a síntese nos poemas
curtos, nas trovas, nos haicais. Essa característica de observador
da síntese vai ao encontro da hipótese poundiana de
poesia. Mas, seriam, de fato, essas formas poéticas as mais
sintéticas? Representariam elas, de fato, as metonímias
perseguidas pelos aldravistas?
A ideia de flash, de fotografia ou de uma porção
de algo parece contemplada nessas formas poéticas. Elas demonstram
também outro aspecto do aldravismo – a livre escolha
de formas de poesia.
Aí outro aspecto do espírito do poeta
evidencia-se: a inquietação. Essa inquietação
faz do poeta um ser que está sempre em busca de algo a mais,
do ponto extra, da falta, do que ainda não foi visto. Mais
uma vez os aldravistas se valem do legado de Pound em seus ensaios
literários de 1934, para concretizarem o paideuma: “a
organização do pensamento de modo que o próximo
homem ou geração possa achar, o mais rapidamente possível,
a parte viva dele e gastar o mínimo de tempo com questões
obsoletas”.
Que novidade os aldravistas poderiam deixar para
as gerações futuras? Além da vasta produção
já obtida nesses dez anos de estrada, além da promoção
de talentos e de investimento na criatividade infantil, os poetas
aldravistas poderiam apresentar uma nova forma poética. Não
fazia parte do empreendimento inicial, pois é possível
brincar com a liberdade utilizando-se das formas poéticas consagradas.
O grande investimento aldravista é no conteúdo metonímico
– pouco importa a forma. A forma é apenas textual, é
apenas envelope dentro do qual os discursos se depositam em sua fecundidade
ilimitada, disponíveis aos olhares de espectadores que alcançam
alguma porção discursiva a partir da qual expande sua
compreensão e interpretação.
Mas, que tal uma nova forma. Eis que do permanente
congresso do movimento aldravista de artes, do qual participam ativamente
Andreia Donadon Leal, Gabriel Bicalho, eu e J. S. Ferreira, surgiu
uma nova forma de poesia: a aldravia, nome sugerido por Andreia Donadon
Leal a uma forma elaborada por Gabriel Bicalho, com base na concepção
de encontro com os sentidos na possibilidade real de se ter o máximo
de poesia no mínimo de palavras.
Trata-se de um poema sintético, capaz de
inverter ideias correntes de que a poesia está num beco sem
saída. Essa forma nova demonstra uma via de saída para
a poesia – aldravia. O Poema é constituído numa
linométrica de até 06 (seis) palavras-verso. Assim,
tem-se uma nova forma, mas não uma “fôrma”,
como a trova, o haicai, o soneto.
Esse limite de 06 palavras se dá de forma
aleatória, porém preocupada com a produção
de um poema que condense significação com um mínimo
de palavras, conforme o espírito poundiano de poesia, sem que
isso signifique extremo esforço para sua elaboração.
Esta edição do Jornal Aldrava Cultural apresenta ao
público a aldravia:
salto
de
cova
nascimento
do
artista
Andreia
Donadon Leal
|
não
fazer
poesia
de
alma
vazia
Gabriel
Bicalho
|
minhas
porções
diárias
metonímias
de
mim
J.
B. Donadon-Leal
|
sigo
cigano
em
busca
da
poesia
J
S Ferreira
|
O
movimento aldravista de arte chega maduro aos seus dez anos de existência,
pronto para apresentar nova forma poética ao conteúdo
metonímico já experimentado nas formas canônicas
de versejar. Poesia tem que ter poeticidade na simplicidade, conteúdo
na síntese e porta aberta às interpretações.
Poesia é germinação, por isso não
precisa pretender-se à completude em longas narrativas, pois
curta
poesia
do
verbo
pólen
via
Texto
publicado no Jornal Aldrava Cultural nº 88, de dezembro de 2010
Livro
de Aldravias de Elvandro Burity
Clique
na capa para abri-lo
Disponível também na Biblioteca Virtual Aldrava
Rio
de Janeiro, 31 de outubro de 2011
Presidente da ALB-MG, Andreia Donadon Leal, estou realmente eufórica
com o lançamento de "Somente Aldravias" do poeta
e amigo Elvandro Burity em Maio de 2012, em Paris.
É uma confirmação do sucesso internacional das
Aldravias. Sentimo-nos honrados também, aqui no Rio de Janeiro,
de sermos pioneiros ao publicar "Aldravias a Cinco Vozes"
no Pen Clube do Brasil no dia 20 de outubro de 2011, com uma vasta
presença de intelectuais, inclusive da Academia Brasileira
de Letras,super interessados nessa nova forma de poesia e jamais ignorados
por nós seus precursores mineiros,da ALB de Mariana- MG, que
nos honraram com prefácio e comentários de grande valia.
Trata-se de um exemplo a ser seguido por todos aqueles que estão
valorizando essa nova forma de poesia.
Parabens sinceros em meu nome e de meus parceiros no livro "Aldravias
a Cinco Vozes", que tenho plena certeza estarem radiantes e entusiasmados
com essa notícia, inclusive com o lançamento do Livro
também em Paris , no Salão do Livro, com 33 escritores
de Minas Gerais, em Maio de 2012.
Saudações a todos os participantes e votos de muito
sucesso,
Messody Benoliel, Presidente da Academia Brasileira
de Trova , Membro Honorário da ALB-Mariana-MG e Integrante
da Antologia "LES POÉTES BRÉSILIENS À PARIS"
(pags. 136 a 139), Préface, coordination et adaptation de Diva
Pavesi, Février 2011.
ELVANDRO
BURITY - Escritor Internacional
Assim é a vida: - Um suceder de fatos. Uns desafiam... Outros
não são bem recebidos. Outros soam como uma recompensa.
Neste serpentear de ocorrências boas... ou ruins... devemos
atentar para o lado bom, do ensinamento que contém, devemos
recebe-lo sem a pretensão de ser melhor do que ninguém
e, muito menos com o propósito de dono da verdade ou como um
"castigo" Afinal a vida não dá, não
toma, simplesmente, retribui.
Não é novidade a minha origem: egresso da Baixada Fluminense
do Rio de Janeiro e ex-marujo. Antes de precipitadas conclusões:
- Não se trata de provocar reações sentimentais
piedosas ou enaltecedoras. A ideia é demonstratar que , infelizmente,
no mundo atual muito mais tecnológico que humano, mesmo com
os meios justificando os fins; ainda, é possível ser
honesto, ter caráter e honestidade de propósitos. Bem
como ter um reconhecimento.
Passei por uma forte crise de coluna. Deus é Pai não
é padrasto. As nuvens estão se dissipando e recebo uma
mensagem eletrônica informando o lançamento do meu livro
Somente Aldravias
no Salão do Livro de Paris, no período de 16 a 18 de
maio do ano de 2012.
Tal acontecimento, para mim, soa como uma recompensa, um incentivo.
Produção - Divine Institut des Arts et Culture
Tradução - Athanase Vantech de Tharcy et Marc Galan
Revisão, Adaptação e Coordenação
- Diva Pavesi.
Aldravias
de colaboradores
Aldravias
de
Vanise Buarque (Rio de Janeiro - RJ)
The
Food
Smelling
the
mouth
watering |
The
Truth
Opportunity
For
Good
will |
Love
The
Short
Way
For
health |
Children
May
Simply
Smile
At
you |
The
Moon
Alone
In
The
sky |
The
Way
To
Love
Well
thankfulness |
Friends
Need
To
Go
back
home |
Mother
Unconditional
Love
Guardian
Angel
alive |
Aldravias
de Marilza
de Castro (Rio de Janeiro - RJ)
poesia
em
liberdade
poema
livre
aldravia |
Carnaval
seus
prazeres
canais
dão
poesia |
Solicitude
só
lícita
se
verdadeira
atitude |
sonhar
só
no
mar
salga
ideia |
palavra
arma
eficaz
para
fazer
paz |
poesia
une
versos
universos
em
poesia |
Elegante
cavalheiro
doma
cavalgadura
da
dama |
Pierrô
arlequim
colombina
amor
em
trilogia |
religião
invento
humano
para
regrar
vida |
sopro
de
amor
nos
dá
vida |
Aldravias
de Messody
Ramiro Benoliel (Rio de Janeiro - RJ)
Após
nossos
corpos
entrelaçados
anoiteceu
silenciosamente
|
Inveja
maltrata
enruguece
somente
invejosos
contumazes
|
dúvidas
estremecem
relacionamentos
quando
permanecem
presentes
|
Saudade
bandoleira
sem
ontem
hoje
amanhã
|
Mãozinhas
dadas
antigamente
agora
solidão
somente
|
amor
vem
amor
vai
gangorra
constante
|
chuvas
gostosas
lembranças
tuas
minhas
nossas
|
Ressentimentos
incertezas
perturbam
machucam
se
entrelaçam
|
Voz
que
acalma
vem
da
alma
|
Olhares
profundos
instigam
vontades
desejos
festejos
|
Aldravia
de Rui Martins da Mota (para:
Luiz Gondim e Rafael Nogueira)
Três
Diferentes
Trovadores
Sincronicidade
Unidade
Poética
Aldravias
de 05 versos de Marília Siqueira Lacerda (Ipatinga
- MG)
vida
corre
depressa
qual
aldravias |
chuva
cai
música
embala
sono |
noite
dia
silêncio
dobrado
feriado |
retratos
pela
casa
digerir
saudades |
falta
calor
abraço
filho
ausente |
sol
acorda
dia
sabiá
canta |
corpo
arrepios
alento
cobertor
aquece |
águas
caindo
março
antecipa
frio |
Aldravias
de Mário
Donadon Leal - DonLeal (Maringá - PR)
via
bravia
breve
aldravia
leve
bravo |
poema
põe-se
poeira
cipó
teia
goteira |
cereal
ser
real
bruto
brota
cio |
hit
parede
rita
rede
rude
rádio |
prato
prata
parto
porto
canal
narina |
sono
senha
sino
sena
cassino
sonho |
Aldravias
de Luiz Gondim (Rio de Janeiro)
quero
vestir
tua
noite
despindo
censuras
|
fui
letra
depois
palavra
agora
oração
|
basta
uma
estrela
em
meu
céu
|
como
equilibrar
equações
em
cada
ausência?
|
orvalho
sem
licença
pousa
na
flor
|
aldravia
voa
longe
além
do
mar
|
Aldravias
de Fabrício Avelino (Barbacena,
MG)
sua
sobre
pétalas
pousa
saliva
sua
|
gotas
de
seio
nu
vertem
ventres
|
curto
e
grosso
o
não
exposto
|
linha
reta
rotas
tortas
letras
alteradas
|
lua
crescente
em
quarto
minguante
adolescente |
luto
em
vida
de
sol
poente
|
Aldravias
de Marisa Godoy (Ponte Nova, MG)
Aldravia
tanta
poesia
em
tão
pouco |
Abelha
morta:
menos
mel
no
pote
|
Casa
gradeada,
portão
trancado:
sou
livre?
|
Aldravias
de Amélia
Marcionila Raposo da Luz (Pirapetinga - MG)
Fui
linha
e
ponto
tecendo
remendo |
carta
guardada
de
amor
perdido
despedida? |
paz
fresta
janela
crianças
passam
alarido! |
maçãs
carnudas
corpo
de
mulher
Vênus
|
urrus
murmúrios
cochichos
ruídos
sussurros
... muidezas
|
barganho
com
a
vida
celebro
mocidade
|
palavras
resmungam
aldravias
nos
meus
ouvidos
|
virgem
véu
flor
de
laranjeira
noiva
|
fui
gota
respingo
rio
hoje
oceano
|
nem
fruto
nem
flor
semente
somente
|
debruço
sobre
o
texto
choro
silêncios
|
no
fundo
palavras
presas
querendo
emergir
|
Aldravias
de
Goreth de Freitas (Ipatinga, MG)
No
trem
da
noite
tateio
silêncios
|
No
trem compreendi
chegadas
e
partidas
|
No
trem
bebo
cálices
de
solidão
|
Fatos
e
fotos
levam-me
ao
trem
|
Naquela
curva
do
trem,
infinitos
arrepios
|
O
trem
vai
o
tempo
passa
|
O
trem
leva
e
traz
poesia
|
O
trem
vai.
O
mistério
continua
|
Fragmentos
de
mim
ficaram
no
trem
|
Ao
lado
do
trem,
amor
marginal |
Meninos
em
alvoroço:
chegada
do
Trem
|
Paraíso
verde:
Imagem
clicada
do
trem
|
Aldravias
de Maria
Beatriz del Peloso Ramos (Rio
de Janeiro)
Mar
arado
pelos
olhos
colho
saudade
|
Saudade
amuleto
líquido
usado
no
peito
|
Pulsa
duplo
azul
na
paisagem:
Verão
|
Aldravias
(aldravisartes) de Luiz Poeta (
Luiz Gilberto de Barros - Rio de Janeiro)
No
inefável
riso
chapliniano
lírica
tristeza
|
Mar
amniótico
feto
respira
sem
aparelhos
|
Girassóis
pulsam
tela
de
Van
Gogh
|
Sem
pressa
aracnídeo
espreita
a
presa
|
Monalisa
imortalizou
Da
Vinci
num
sorriso |
Aldravias
de
Cecy Barbosa Campos (Juiz de Fora, MG)
Nuvens
passantes
escondem
estrelas:
tímidas
top-models
|
Cabelos
molhados
gingando
faceiros
ao
vento
|
Aldravas
anunciam
visita
ao
meu
coração
|
Flores
chorando
tristeza
dentro
da
jarra
|
Luar
indiscreto
banhando
meu
corpo
despido
|
Pássaros
cumprimentam
o
sol
Sinfonia
matinal
|
Federação das Academias
de Letras e Cultura de Minas Gerais publica aldravias em seu Blog
Clique na imagem e confira