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Jornal
Aldrava Cultural |
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Dia
16 de Julho |
DIA
16 DE JULHO
Andreia
Donadon Leal
Graduada em Letras pela UFOP
16
de julho é o único dia do ano em que as fadas dormem, segundo
a tradição irlandesa. O costume é colocar travesseiros
de algodão em miniatura dentro das flores ou em lugares confortáveis
no jardim, onde as fadas dormem. No dia seguinte os travesseirinhos estarão
impregnados de magia onde elas repousaram as cabecinhas para dormir...
Recolhem-se depois os travesseiros em miniatura, que além do orvalho,
terão recebidos os bons fluidos das fadas e transformá-los
em ótimos amuletos. Ao olharmos para a história da igreja
encontramos também uma linda página marcada pelos homens
de Deus, mas pela dor, fervor e amor a Virgem Mãe de Deus: a história
da Ordem dos Carmelitas. A palavra Carmelo significa “jardim”,
quando abreviada se diz “carmo”. O Monte Carmelo fica ao Norte
de Israel, situado na região da antiga Palestina. Neste cenário
bíblico, no século IX antes de Cristo, viveu numa gruta
o solidário profeta Elias, em espírito de penitência.
Defensor da fé de um só Deus verdadeiro profetizou a futura
existência da Virgem Maria, Mãe de Deus. Desde então,
o Carmelo se tornou local de retiro espiritual de muitos eremitas que
buscavam o modelo de perfeição monástica alcançada
pelo profeta. A partir de 1237 os carmelitas foram quase expulsos do Monte
Carmelo, pois a Palestina vivia sob pressão cada vez maior dos
muçulmanos, que acabaram de invadi-la. A Ordem do Carmo atravessou
uma fase muito difícil com perseguições e rivalidades
até meados de 1251, quando se estabilizou. Nessa época,
na Inglaterra, no Carmelo de Cambrigde residia o Superior Geral, Simão
Stock, hoje santo venerado na igreja. Ele rezava com tanto ardor à
Santa Mãe, rogando com confiança por seu auxílio,
para a Ordem criada em sua honra. No dia 16 de julho de 1251, teve uma
visão da Virgem Maria sentada numa nuvem cercada de anjos, confirmando
sua proteção celeste. Como símbolo de sua união
aos carmelitas, entregou à Stock o Escapulário do Carmo,
prometendo a salvação e vida eterna a todos que o usassem
com fé em Jesus Cristo.
Na Lenda de Nossa Senhora do Carmo há muitos anos atrás,
se levantou um forte temporal quando os pescadores se encontravam em sua
labuta, no alto do mar; em terra, as mulheres, desesperadas, fizeram uma
enorme fogueira no adro da igreja procurando orientar os seus maridos
no caminho do regresso. Dos barcos no mar alto, os pescadores viram a
luz distante e a imagem de Nossa Senhora do Carmo, que os acompanhou até
chegarem sãos e salvos em terra firme. Tudo isto se passou no dia
16 de julho.
Ás margens do ribeirão, em 1696, nasceu o arraial de Nossa
Senhora do Carmo, primeira vila criada na capitania. Em 1745 nomeada por
ordem do reino, Mariana. Aqui começa a história de Minas
quando bandeirantes paulistas acharam ouro no Ribeirão de Nossa
Senhora do Carmo. Se fizermos uma tríplice aliança ou uma
trilogia destes fatos marcados na história da civilização
poderemos dizer que 16 de julho é uma data mágica onde na
Irlanda as fadas dormem; de fé onde encontramos a história
marcada pela aparição da Virgem Maria na Inglaterra rogando
a salvação da vida eterna a todos que buscassem a fé
em Jesus Cristo e do nascimento histórico da mãe de Minas,
hoje Monumento Nacional e uma das mais importantes cidades do Circuito
do Ouro que se faz presente na Terra dos Inconfidentes e dos grandes poetas
que fazem parte da literatura nacional.
Mariana faz parte do universo que faz parte do ser humano e dos contos
de fada. Além de ficar atrás da montanha, que fica atrás
da outra montanha, depois da outra montanha na fala poética dos
poetas: Durão, Cláudio, Alphonsus e hoje pelos diversos
poetas que bradam ou versejam amor incondicional a mãe de Minas...
Se falar a língua dos homens diria que as coisas que mais acredito
atualmente são as coisas denominadas contos de fadas. As mais racionais
e belas; a religião também a coisa mais racionalmente certa
e bela. O país das fadas não é outra coisa senão
o ensolarado país do senso comum, tanto na democracia como na tradição.
Os grandes poetas supernaturalistas falam dos deuses, dos bosques e dos
riachos nos contos de fadas. Não falam somente sobre a grama, mas
sobre as fadas que dançam na grama. Por que não citar o
mundo dos contos de fadas para homenagear 311 anos da Primaz de Minas?
Por que não falar que no país das fadas não falamos
de leis por que não precisamos dela, como no país da ciência?
Os contos, em todo caso, sempre serão contos; enquanto a lei não
é uma lei para todos. O homem que fala a respeito de uma lei, mas
que nunca cumpri é um místico. Então por que não
transformar a cidade de Mariana no país das fadas? Onde uma coisa
deve ser amada antes de ser amável como no conto “A Bela
e a Fera”... Ou a enérgica revolta contra o orgulho em si
mesmo na lição do matador de gigantes, onde eles devem ser
mortos por que são gigantescos de orgulho e soberba? Não
os gigantes, mas o orgulho e a soberba. Poderia descrever inúmeras
análises das histórias dos contos de fadas aqui, mas não
estou interessada em especificar análises psicológicas ou
moralísticas dos contos e sim o espírito da sua lei ou a
ética no país das fadas. Cinderela recebeu da fada madrinha
uma carruagem e um lindo vestido para o grande baile e uma ordem que deveria
voltar à meia-noite. Ela também tinha um sapato de vidro.
Este resplendor do vidro é a expressão de que a felicidade
é radiante, mas frágil quando estraçalhada por uma
pessoa. Nossa vida é brilhante como um diamante e frágil
como um cristal. Mas lembro que uma coisa quebrável não
significa ser perecível. Mariana é brilhante e única
como nossa vida. Uma jóia incomparável e inestimável,
onde deve ser tocada como a vida, suavemente e ela durará não
como a efemeridade da vida de um ser humano, mas eternamente neste cosmo
que não tem comparação, nem preço, pois nunca
haverá uma Mariana igual. Hoje Pátria amada do Universo!
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