Jornal Aldrava Cultural
Camilo Francisco Leal

O ARTISTA

Camilo Francisco Leal (1922- 2004) artista plástico, escultor, compositor, contista e poeta, nasceu em Bica da Pedra, SP. Foi um dos pioneiros do Norte do Paraná, que em 1952 trabalhou na fundação e administração da Fazenda Rio da Prata em São João do Caiuá. Em 1963 mudou-se para Maringá, onde viveu até seu facelimento.

Camilo deixou uma obra vasta - 04 livros de contos e poesia, 137 músicas, 10 esculturas em papel e centenas de pinturas, entre óleo, acrílico e desenhos a lápis e esferográfica. A obra completa de Camilo, tematizada em torno da história da vida do negro liberto, mas sem perspectivas, e da vida rural, está sendo catalogada e organizada para publicação.


Camilo e Dom Leal
(Pai e filho unidos pela arte)


Camilo e Déia Leal

Telas na Exposição Aldravista de Arte - Mostra internacional

(Em cooperação com o Consucrso Internacional de Artes Plásticas Antônio Gualda - 2006.: Museu Casa Alphonsus de Guimaraens, Mariana, MG, de 30 de maio a 10 de junho de 2007)

 

 

Sede
Acrílico 107 x 27cm

 

 

 

 

Tronco
Acrílico 91 x 17cm

CATÁLOGO DE OBRAS

 

Laçador
Acrílico 30 x 50 cm

Mãe barbará
Acrílico 55 x 47cm

Pilão
Acrílico 50 x 30cm

Paisagem
Acrílico 10 x 13cm


Carreiro
Acrílico 60 x 28cm

 


Lavras secas
Acrílico 60 x 60cm

 


Pastagem seca
Acrílico 60 x 60cm

 


Fábrica de colchões
Acrílico 60 x 60cm

 


Desadrigo
Acrílico 60 x 60cm

 


Filhote
Acrílico 15 x 20cm

DESENHOS A LÁPIS E À CANETA ESFEROGRÁFICA

Adormecida

 

 

Caboclo

Carapina

 

 

Carioco 1

 

 

 

 

 

Carioco 2

 

Cobra na senzala

 

Colheita

Corações que se amam

 

Cuitelinho

 

A escola 1

 

A escola 2

 

Escrava Mãe Barbará

 

 

Rapina 1

 

Rapina 2

 

Rapina 3

 

Redomão

 

Sal no prato

 

 

 

Schemata

 

Sítio

 

Teorema

Trotão

     

Versos autobiográficos

Aprendi lê malemá
Aprendi malemá lê.

Meu professor não usava cadeira,
Sentava-se no canto da mesa.
Aos vinte dias de aula
Mandou-me escrever na lousa:
O boi baba
Eu não conseguia escrever boi,
Só escrevia bi,
A molecada ria...
Minha mão esquerda
Apanhou tanto daquele bolo!
E a mão direita encheu
A lousa de bi.
Aprendi lê malemá
Aprendi malemá lê.

Eu pensava que estava
Escrevendo boi;
Só escrevia bi.
Como bolo bem dado dói!
Aprendi lê malemá
Aprendi malemá lê.

Passados poucos dias
Chegaram quatro moços
Em uma máquina pé-de-bode,
Com uma intimação escrita,
Professor, com urgência,
Seguir para a revolução.
Isso foi na década de trinta,
Num sangrento combate
Na montanha
Um mineiro deu-lhe uma pedrada:
Acabou-se o professor;
Uma morte trágica, estranha.
Aprendi lê malemá
Aprendi malemá lê.

In: LEAL, Camilo. Escravos do Troncão - contos de senzala. Ed. Lázaro F. Silva, 1996.

Voltar