Jornal Aldrava Cultural
A Poesia de Carvalho Branco

 


Carvalho Branco

Carvalho Branco, nome poético de Marilza Albuquerque, escritora, radialista, professora, membro da Academia Pan-Americana de Letras e da Academia de Letras e Artes Paranapuã, Presidente do InBrasCI- Rio de Janeiro, Superintendente da ConfalB. Bacharel e Doutora em Letras Clássicas e Especialista em Artes Cênicas. Obras: Nosso Caminho - o Tarô/Gotas d'Alma [poesia] - 1ª edição, 2000 - 2ª edição, 2004. Pérolas de Minh'Alma - prosa. Trabalhos publicados em Antologias de várias entidades, revistas e jornais e em vários sites da Internet.

EMARANHADAS MINEIRAS
(Carvalho Branco) - Rio de Janeiro
- Inspirado pela tela MARTÍRIO, de Déia Leal -

Lendas e mitos da terra
Que se contorce nos laços
E nos abraços
Da cultura e tradição
De um povo,  produto da miscigenação...
Enquanto ao norte a pororoca berra,
No nordeste, a seca torna deserta
A vida da gente e a terra, goela aberta,
Traga o pó, o barro de que são todos descendentes.
No sudeste, amarelos e negros aos bagaços,
Se entranham na terra até os dentes,
Se emaranham nas matas, de calor, ardentes,
Ocultando-se do branco dominante
E sedento do poder do vil metal...
Ou, servilmente, vão avante,
caçam-lhes as sementes:
Pepitas de ouro cobertas de ferro
Que as águas do rio, dizem: - Enterro!
Matreiramente saltitando sobre o mal
Que podem causar elas, do local, às gentes.
Silêncio do medo,
Misturado aos ruídos naturais...
O mistério... o segredo
Dos rios, lagos e matagais...
Os cipós do arvoredo
Entrelaçando sombras,
Fantasmas de pantanais,
Mineiros e minerais
Bichos, terra, planta, água...
Explodem os elementos como bombas...
Ânsia, desespero, mágoa...
Dominante, dominado...
Alegria... Martírios...
As trilhas cruzando os rios...
Emaranhado!...
Emaranhaminas
Da corte e do povoado...
Do garimpo, do descampado...
Emaranhas, Minas,
Mas não foges à vida a que te destinas:
Jóia rara encrustada
Nas Terras Brasilis...
Gente de bem aberçada,
Gente de bem?Naturalis?,
Gente de bem implantada
No seio de tal Nação.
Emaranha, Minas, as teias de teu coração!...

COBIÇA DE AMOR
(Carvalho Branco)

Não cobiço teu amor,
Porque o nosso amor é uno,
Pré-existente...
E no meu corpo, teu calor
Permanece resistente
E nele me afortuno,
Tão carente
Estou de teu físico presente...
Se essa matéria assim tão densa
Se consome no vazio da presença
Do teu corpo, que, um dia, pude provar,
Na lembrança da luz do teu olhar,
Do toque terno, desejoso, ardente
Esse meu corpo a interpenetrar,
Na posse que se deu em total troca,
Doação mútua entre fuso e roca,
Que permanece a reinar no ar...
E se renova a cada instante,
Quando nos permitimos
Continuar, um do outro, amante,
No éter sempre a nos entregar...
A espera não existe, é ilusão,
Pois no elo desse amor, dessa emoção,
Eu e tu estamos juntos, eternamente,
Ligados pelo fio reflexivo de una mente,
A alimentar a alma, relicário nosso da razão!...

MENSAGEM DE ANO NOVO

Se um Anjo está de ronda,
Quase se afoga no turbilhão
Das tristezas, das mágoas e das dores,
Sombras de nossa emoção...
Vai surfando na crista da onda,
Soprando, ao ar, bolhas de sabão,
Absorvendo, do aroma das flores,
A essência... e, em esperança,
tudo transformando ...
Ano que chega, nova criança,
Que a tudo e todos amando,
Traz, na mochila,
nova carga de esperança,
Para que a do Velho Ano,
que já se cansa,
acenda as luzes da nossa vila,
abra, no palco, da cena, o pano,
fazendo brilhar a vida, na temperança
da nossa paz interior...
Fazendo explodir o Amor!...
No violeta da transmutação,
No branco da purificação,
No multicolorido do arco-íris,
Na super-esperança dos porvires!...

PROFESSOR – SER POEMA

Professor,
Mestre...
Lição de Amor,
do Divino ao terrestre...
Se a gramática é rigor,
a vida já por si é tema,
é crônica e poema,
é alma do teu Ser!...

Em resposta ao Poema Professor de J. B. Donadon-Leal, editado na
primeira página do site www.jornalaldrava.com.br em 15/10/2007.
Por Marilza Albuquerque (Carvalho Branco)


QUEM É QUEM, NESSE VIVER?

Do Sol, entre a aurora e o ocaso,
A Terra brinca de esconder...
E a Lua, num só arrazo,
As demais estrelas fez por merecer...
E os astros todos assim mantidos,
Em equilíbrio e harmonia concebidos,
Por instinto, tudo e nada fazem, é só manter...

Se é manhã, tarde, noite ou dia,
Quem é que ensina a quem deve aprender?
Na verdade, existe todo um sistema
Que vive obediente ao tema:
A vida é toda e somente poesia!

E assim tudo termina e principia,
Pois o VERBO É A PALAVRA,
Que o Infinito lavra
E assim tudo se cria...
Só é preciso crer!...

Na Criação, se passa SABEDORIA...
Eis a função do Mestre... maestria!...
Que não é má e de tal forma estria
A magnífica arte de ensinar
a levar
ao aprender...
SABER!...