Jornal Aldrava Cultural
Déia Leal entrevista Sandra Galhardo

MINHA VIDA NA PINACOTECA


Sandra Galhardo e Déia Leal - Pinacoteca UFV em 2/4/2008


Pinacoteca da UFV completa 20 anos
e Jornal Aldrava Cultural entrevista sua Coordenadora
SANDRA MARIA TARANTO GALHARDO

   Sandra Maria Taranto Galhardo coordena a Pinacoteca da UFV desde 1992. Formada em Ciências Sociais, é uma destas mulheres que trabalha e dedica a maior parte de sua vida divulgando e incentivando as artes visuais. Realizou inúmeras exposições de artistas brasileiros de grande projeção nacional e internacional. Um de seus objetivos entre as atividades de coordenação da Pinacoteca é o de dar livre acesso e incentivar a participação e interação de um maior público na diversidade da linguagem visual. A curadora idealizou no ano de 2004 a “Restauração do Acervo da Pinacoteca da Divisão de Assuntos Culturais da UFV”, projeto que constituiu a semente e o marco inicial para colocar a Universidade em contato mais direto com a preservação de seus bens culturais. "A Pinacoteca da UFV é um local onde se respira arte a qualquer momento. O lugar emite sons que estão impregnados nas paredes, no ar que ali circula, deixando no dia-a-dia a alma de cada artista e de seu bem cultural. O acervo forma ondas sonoras que se misturam com as cores, formando uma continuidade com o passado, afinidade com o presente e projeção de futuro.

   Como reconhecimento ao trabalho cultural desenvolvido por Sandra Galhardo, o Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais – Representação Distrital de Minas Gerais, outorgou a ela o Diploma e a Medalha de Mérito Cultural, no dia 30 de abril de 2008, data em que a Pinacoteca da UFV completou 20 anos.

1 - Quanto tempo você coordena a Pinacoteca da Universidade Federal de Viçosa?

Coordeno a Pinacoteca da UFV desde o ano de 1991. Antes estudei e trabalhei no Rio de Janeiro como professora de escola pública. Conheci uma pessoa do Departamento de Letras da UFV e guiei-a para diversos museus de artes no Rio de Janeiro, e daí veio o convite para enviar meu currículo para a universidade e fui selecionada deste então para trabalhar na Assessoria de Assuntos Culturais. O gosto pela arte foi despertado pela professora da UFRJ, Mahylda Bessa, através de aulas práticas, visitas periódicas a grandes museus como o MAM, Museu de Belas Artes, Museu Chácara.do Céu. Hoje posso falar que já conheço inúmeros museus do país e tenho acesso às entranhas das artes.

02- Como é a experiência na coordenação de uma Pinacoteca?

É um desafio muito grande e não é fácil o trabalho. Ao mesmo tempo é um enriquecimento cultural e humanístico, pois tenho contato não só com as obras que são expostas, mas também com os artistas. Por estarmos distante dos grandes centros culturais, apesar dos recursos eletrônicos disponibilizados pela internet, diria que é mais gratificante do que penoso o trabalho de coordenação, apesar das inúmeras dificuldades e grandes responsabilidades. Já trouxemos artistas renomados nacionalmente e internacionalmente, como Carlos Bracher e Fani Bracher, Carlos Scliar, Yara Tupynambá, Shirley Paes Leme e tantos outros artistas renomados.Temos também um compromisso com os nossos alunos que desenvolvem sua arte num quarto de alojamentos.

03- Quantas exposições em média são realizadas por ano e que tipo de categoria constitui?

São realizadas anualmente 10 exposições individuais e coletivas de trabalhos em diversas linguagens das artes visuais como: pintura, escultura, instalação, dança, também realizamos lançamentos de livros, jornais e outros eventos culturais dentro deste espaço. As coletivas são realizadas uma vez por ano com temas específicos. Em 2007 realizamos uma coletiva com a temática “As formas do Som” dentro do Festival da Música, no qual os artistas criaram uma linguagem através do som. Resultou num trabalho magnífico.
A demanda para exposições na Pinacoteca da UFV é muito concorrida. O processo seletivo das propostas é avaliado por uma Comissão de Assessoramento de Cultura para uma triagem. Para se ter uma idéia: temos exposições agendadas até junho de 2009.


04- Já foi realizado dentro da Pinacoteca algum Salão de Artes Visuais?

Sim. Dentro da DAC (Divisão de Assuntos Culturais) da UFV criou-se o Salão Nello Nuno voltado para as Artes Visuais, tendo como enfoque, novos talentos artísticos mineiros. Atualmente o Salão está desativado. Em contato com a família do artista plástico Nello Nuno, propôs um suporte para retornarmos as atividades. Paralelo ao Salão Nello Nuno,foi idealizado o Salão Universitário de Expressão e Criatividade (SUEC) voltado para a comunidade universitária da UFV nas modalidades: música, artes cênicas, cinema, literatura,dança,artes visuais..... O Salão foi criado pelo então assessor cultural, professor e músico Benito Taranto.

05- De que se constitui o acervo e quais as suas obras mais expressivas?

A Pinacoteca da Universidade Federal de Viçosa abriga um conjunto com aproximadamente 350 obras de diversos artistas. São trabalhos de artistas brasileiros renomados, de grande projeção internacional e nacional, como já disse. Temos peças elaboradas com as mais variadas técnicas, como óleo sobre tela, grafite, óleo sobre eucatex, desenho, vinil sobre eucatex, acrílica sobre tela, gravura, dentre outras. A Pinacoteca da Divisão de Assuntos Culturais (DAC) da Universidade Federal de Viçosa está restaurando o seu acervo. Trata-se de uma ação de higienização e conservação das peças que o compõem, visando a preservação da memória do patrimônio cultural da Pinacoteca, que tem o privilégio de contar com obras de artistas plásticos como Tarsila do Amaral, Nello Nuno Rangel, Carlos Scliar, Fani Bracher, Carlos Bracher e outros artistas. Uma obra expressiva é um desenho de Tarsila do Amaral, “FRANCISCA”, desenho doado pela Galeria Colleti a Pinacoteca.

06- Fale um pouco de você no espaço neste espaço de trabalho. Quais as dificuldades e benefícios no trabalho pela cultura?

Como disse é prazeroso o trabalho neste espaço, com trabalhos diversificados nas linguagens visuais. Tenho um carinho especial pelos alunos e monitores que aqui circulam e contribuem nas atividades de divulgação e funcionamento da Pinacoteca. O grande benefício é que a pinacoteca deixou de ser um local exclusivamente regional para ser um espaço nacional e isto enriqueceu culturalmente a universidade e a cidade de Viçosa. Muitas escolas públicas também têm acesso a Pinacoteca e realizam visitas orientadas e periódicas. Destaco que as escolas públicas freqüentam mais este espaço do que as da rede particular de ensino, por incrível que isso pareça.
As dificuldades encontradas no dia-a-dia são sempre os recursos financeiros. Precisamos sensibilizar as autoridades para investirem mais no patrimônio e na memória cultural.
Diria também para as pessoas: Visitem, visitem e visitem os Museus!! É barato ou de graça.

 

 

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