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...então com pouco mais
de dois anos, fazer a leitura da palavra Nescau. Ao observar um outdoor
na rua, o menino começou a cantarolar a música do anúncio
do achocolatado que vira em um anúncio na televisão, estabelecendo
imediatamente a ligação... reflexões que induziriam
Freire a criar seu método de ensino... (O Globo, sábado,
14 de outubro de 2006, Prosa & Verso, pág. 1, sobre a Biografia
de Paulo Freire escrita por sua viúva) "
Cortesia de Casa de Cultura ARTUR DA TÁVOLA
(o seu portal)
www.arturdatavola.com
Blog do Artur da Távola
www.arturdatavola.blogger.com.br
Web Radio
http://www.arturdatavola.com/Radio_line/Radio_line.html
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"Jornal Imaginário"
periódico que se assume típico do século passado
Ano III / Nº 121
Divindade é meu pastor, nada me faltará (Salmo 23)
Nicolau Ginefra,
o caipira soberbo
"A realidade dada à receptividade e a significação
que ela pode revestir parecem distinguir-se." (Emmanuel Lévinas)
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POEMETO
Artur da Távola
Que aquele garoto que não come, coma. Que aquele que mata, não
mate. Que aquela timidez do pobre passe. Que a moça esforçada
se forme. Que o jovem jovie. Que o velho velhe. Que a moça moce.
Que a luz luza. Que a paz paza. Que o som soe. Que a mãe manhe.
Que o pai paie. Que o sol sole. Que o filho filhe. Que a árvore
arvore. Que o ninho aninhe. Que o mar mare. Que a cor colora. Que o
abraço abrace. Que o perdão perdoe. Que tudo vire verbo
e verbe. Verde. Como a esperança.
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... Tu, que dormes das nuvens entre
as gazas /Sacode as penas, Leviatã do espaço / Albatroz,
Albatroz, dá-me essas asas!" (Castro
Alves, no poema 'Navio Negreiro')
Cortesia
de Casa de Cultura ARTUR DA TÁVOLA
(o seu portal)
www.arturdatavola.com
Blog do Artur da Távola
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Web Radio
http://www.arturdatavola.com/Radio_line/Radio_line.html
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"Jornal Imaginário"
periódico que se assume típico do século passado
Ano II / Nº 101
Divindade é meu pastor, nada me faltará (Salmo 23)
Nicolau Ginefra,
o caipira soberbo
"A realidade dada à receptividade e a significação
que ela pode revestir parecem distinguir-se." (Emmanuel Lévinas)
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I s a u r a C ã o
Guido Pallas (Pseudônimo de Nicolau Ginefra)
Ressaltada dos idos tempos de Goytacazes a noção escravo-nada,
desrespeito existencial do que seja camada última, relegada à
simples mercadoria, a objeto danação;
tal olhado como passado morto, conduzido qual veículo "q.s.p."
emoções aperitivas ao jantar urbano-neocolonial: Isaura
distante, Isaura consumo, motivo para iguarias ancestrais, afinal todos
não somos, por definição, nacionais?
Exótica estranheza prendeu público ibópico àqueles
sais de escravidão-antes-do-jantar, atmosfera doméstica,
visão do mundo ordenado onde se enquadra o Mal como ausência
de Bem: a Sombra ainda não fôra (re-)inventada e o eón
era de Pisces.
Gerações saem do metrón na extroversão solar
enquanto excluídos e o cão sem dono permanecem tachados
de gengiva escura e fundo de unha azulado, escravos sem identidade,
atenção nem camauro.
Ao redor da camada final dos aglomerados patriarcais - conformismo que
conviveu com a escravidão e convive com a carrocinha - gravitam
raros não-brancos-de-Isaura-Cão; vários outros,
porém, adejam a ignorar Isaura Totó, expressão
cristalina da amiga lealdade,
enquanto no festim a mercadejar Isaura béstin-xôu diversos
não vêem asas do cão-criança na exposição
hiper-realista; lá reina atmosfera pesada de competição,
avidez: em seu olhar a música de Mozart, na dinâmica do
trotar a elegância do falar francês, inglês &
italiano e o mero ser mas associado à felicidade de ser, segredo
do animal de estimação;
para poucos cães, de estimação, abolicionismo áureo,
aduzir atmosfera inocente às famílias; para muitos até
a expulsão da festa, tidos como indignos à petrificada
indiferença neo-escravista da pós-modernidade; para menos
ainda a sintonia astrológica ingênua com os donos, privilégio
milenar da família imperial chinesa.
A amizade do cão, verdade mítica, pura realidade existencial,
está bem além do calculismo de sua multiplicação
mercantil, do seu eventual confinamento insano, de ser trampolim para
a neurótica vaidade humana, de ser mal tratado, de ser vendido
campeão adulto, ou de vir a ser doentia decoração
neomatriarcal, em suma, de ser rejeitado, abandonado em ostracismo longe
do – para ele - deus humano que voluntariamente elege, de quem
estar perto é mais arquetípica inspiração,
frase única de sua carta de alforria.
[Ao ensejo dos 30 anos da elaboração deste metafórico
artigo especializado escrito em 1976 - ano de lançamento de "A
Escrava Isaura" (= a partir do livro homônimo de Bernardo
Guimarães, pela rede Globo de televisão, obra do autor
Gilberto Braga, dias úteis às 18 horas, estrelando Lucélia
Santos & Rubens de Falco) - originalmente publicado em 1977 no Jornal
Cinófilo, suplemento do Jornal de Brasília, DF, ora reeditado
revisado]