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Jornal
Aldrava Cultural |
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Acordo
Ortográfico dos Países de Língua Portuguesa |
Polêmica
O
Ministério da Educação chegou a anunciar a entrada
em vigor a partir de janeiro de 2008, mas recuou. A polêmica continua
e a data para vigorar o nova ordem ortográfica da Língua
Portuguesa ainda não foi definida.
Veja
algumas publicações a respeito do assunto.
Segue,
abaixo, o texto sobre as reformas ortográficas, já aprovadas
em decisão histórica, Portugal se une a Brasil e África
a favor da unificação da ortografia, publicada em 16/05/2008,
as 19h23m, 0 Globo: 0 Globo Online e BBC:
RIO - 0 Parlamento português aprovou, nesta sexta-feira, o segundo
protocolo modificativo do Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa, o que encerra décadas de discussão sobre a
questão. Assim, Portugal se une a Brasil, Cabo Verde e São
Tomé e Príncipe que em 2007 ratificaram o protocolo. 0
acordo passa a valer no Brasil no dia 1° de janeiro de 2009 e o
país terá três anos para se adaptar à nova
maneira de se escrever, entanto Portugal terá seis, uma vez que
as mudanças no país lusitano são bem maiores do
que aqui. 0 dicionário português tem de trocar 1,42% das
palavras, enquanto no nosso, apenas 0,43% delas sofrerão alterações.
0 protocolo também abre caminho para a adesão do Timor
Leste, que, no ano de 1990, em que foi assinado o primeiro protocolo,
não era ainda um Estado soberano.
A discussão sobre o Acordo dividiu a sociedade portuguesa: para
muitos intelectuais, a adesão significa ceder a interesses do
Brasil, onde estão a maioria dos falantes de língua portuguesa
no mundo. Outros consideram uma decisão estratégica em
tempos de globalização. Segundo especialistas, as mudanças
não são profundas.
Com o Acordo, o alfabeto passará a ter 26 letras, com a volta
de "k", "w", "y". Na gramática
brasileira, as principais mudanças são a eliminação
do trema, do acento nos ditongos abertos "ei" e "oi"
de palavras paroxítonas (como idéia e heróico),
no hiato "oo" (de enjôo ou vôo) e nas formas verbais
crêem, lêem, dêem. Em Portugal, serão suprimidas
as consoantes mudas (de acção ou director) e o "h"
inicial
de palavras como "húmido".
No Brasil, o presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Cicero
Sandroni, saudou com entusiasmo a notícia:
- A Academia, cujos trabalhos de elaboração do Acordo
datam do início dos anos 70, prosseguidos na década de
80 por iniciativa do acadêmico e filólogo Antonio Houaiss,
encara essa aprovação como urn marco histórico.
Inscreve-se, finalmente, a língua portuguesa no rol daquelas
que conseguiram beneficiar-se há mais tempo da unificação
de seu sistema de grafar, numa demonstração de consciência
da política do
idioma e de maturidade na defesa, difusão e ilustração
da língua da lusofonia.
O filólogo e acadêmico Evanildo Bechara também elogiou
a aprovação do Acordo como demonstração
do "alto grau de maturidade política alcançado pelos
países da Comunidade de Países da Língua Portuguesa
(CPLP)".
O texto, com as novas normas, será publicado no Diário
da República (Diário Oficial), nos próximos dias,
e daí encaminhado à sanção do Presidente
da República, Cavaco Silva, que já se manifestou favoravelmente
ao Acordo.
Questionado sobre o acordo, o escritor Jose Saramago, Prêmio Nobel
de Literatura, optou por não entrar em polêmica: "Vou
continuar escrevendo do mesmo jeito. Isso agora vai ser com os revisores",
disse.
Vitória brasileira?
Houve grande polêmica em Portugal. A iniciativa contrária
à reforma com maior impacto no país foi uma petição
na internet, que tentava convencer parlamentares a votar contra o acordo.
O documento, que criticava a proposta por entender que esta significava
que Portugal cedia aos interesses brasileiros, teve mais de 35 mil assinaturas
desde o início do mês, grande parte delas de intelectuais.
"A língua portuguesa é o major patrimônio que
Portugal tem no mundo", afirmou o deputado Mota Soares, do partido
CDS.
Para os portugueses, caem as letras não pronunciadas, como o
"c" em acto, direcção e selecção,
e o "p" em excepto. A nova norma acaba com o acento no "a"
que diferencia o pretérito perfeito do presente (em Portugal,
escreve-se passámos, no passado, e passamos, no presente).
Algumas diferenças vão continuar. Em Portugal, polémica
e génesis manterão o acento agudo - o Brasil continuará
escrevendo corn o circunflexo. Os portugueses manterão o "c"
em facto - fato em Portugal é roupa - e vão tirar o "p"
que no país não é pronunciado na palavra recepção.
Sobre o acordo:
Aprovar as mudanças foi um longo processo. O conteúdo
do acordo já tinha sido aprovado há 16 anos, mas não
podia entrar em vigor sem que os Parlamentos ratificassem o protocolo
modificativo. Seu objetivo é acabar com as diferenças
entre a grafia do Brasil e a dos demais países que têm
o português como língua oficial.
Para o governo português, a aprovação do acordo
é o primeiro passo para existência de uma política
internacional da língua portuguesa, que será anunciada
quando Portugal assumir a presidência rotativa da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), em julho deste ano.
Na semana passada, o Ministério da Educação do
Brasil (MEC) determinou que as obras inscritas no Plano Nacional do
Livro Didático (PNLD) estejam em conformidade corn as novas normas
a partir de 2010.
ACORDO
ORTOGRÁFICO - CEN
Conforme
matéria de Carlos Leite Ribeiro do “CÁ ESTAMOS NÓS”
Mudanças
na Ortografia da Língua Portuguesa - a partir de Janeiro de 2008
(*)
Em
Portugal, ainda não saiu no Diário da República
e os livros escolares ainda não foram modificados
A
linguagem é uma das características maiores do homem.
Desde a pré-história, a necessidade de comunicação
se fazia presente. Antes da língua oral, o homem desenvolveu
outras linguagens como gestos, sinais e símbolos pictóricos,
amuletos, tudo isto profundamente relacionado com o mítico (deus).
Essa necessidade de se comunicar encontra fundamento na própria
essência humana, já que se nota a propensão à
partilha e à organização social. Acredita-se que
as primeiras articulações de sons produzidos pelo nosso
aparelho fonador com significados distintos para cada ruído,
convencionados em código, foram celebradas na Língua Indo-européia,
numa região incerta da Europa oriental, a 3000 a.C. A partir
de então, o Indo-europeu foi levado a diversas regiões,
desde o Oriente Próximo até a Grã-Bretanha. Justamente
pela grande propagação dessa língua em territórios
tão distantes, O Indo-europeu evolui na forma de diversas novas
línguas, como o grego, o eslavo e o itálico. O latim é
uma língua pertencente ao grupo itálico da grande família
das línguas indo-européias. Falado na cidade de Roma e
na província do Lácio, no século I a.C. estendeu-se
a toda a Itália e seguidamente à parte ocidental da Europa,
desde a actual Roménia até Portugal, vindo dar origem
às línguas latinas. Foi língua de literatura e
língua franca na Europa inteira durante a antiguidade romana
e a idade média europeia.
A
partir de Janeiro de 2008, Brasil, Portugal e os países da Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor Leste terão a ortografia
unificada. O português é a terceira língua ocidental
mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência
de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma
e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação,
no entanto, facilitará a definição de critérios
para exames e certificados para estrangeiros. Com as modificações
propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal
seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor:
0,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças
ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas
de cada país. Resumo da ópera - o que muda na ortografia
em 2008:
- As paroxítonas terminadas em “o” duplo, por exemplo,
não terão mais acento circunflexo. Ao invés de
“abençôo”, “enjôo” ou “vôo”,
os brasileiros terão que escrever “abençoo”,
“enjoo” e “voo”.
- Mudam-se as normas para o uso do hífen
- Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras
pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos
“crer”, “dar”, “ler”, “ver”
e seus decorrentes, ficando correta a grafia “creem”, “deem”,
“leem” e “veem”.
- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação,
como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito
perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como
“louvámos” em oposição a “louvamos”
e “amámos” em oposição a “amamos”.
- O trema desaparece completamente. Estará correto escrever “linguiça”,
“sequência”, “frequência” e “quinquênio”
ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência
e qüinqüênio.
- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação
de “k”, “w” e “y”.
- O acento deixará de ser usado para diferenciar “pára”
(verbo) de “para” (preposição).
- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos
abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas,
como “assembléia”, “idéia”, “heróica”
e “jibóia”. O certo será assembleia, ideia,
heroica e jiboia.
- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o “c”
e o “p” nas palavras onde ele não é pronunciado,
como em “acção”, “acto”, “adopção”
e “baptismo”. O certo será ação, ato,
adoção e batismo.
- Também em Portugal elimina-se o “h” inicial de
algumas palavras, como em “húmido”, que passará
a ser grafado como no Brasil: “úmido”.
- Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que
antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas
palavras: académico/acadêmico, génio/gênio,
fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.
*Fontes:
Agência Lusa / UBE-RJ
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O
que muda com a reforma da língua portuguesa**
As
novas regras da língua portuguesa devem começar a ser
implementadas em 2008. Mudanças incluem fim do trema e devem
mudar entre 0,5% e 2% do vocabulário brasileiro. Veja abaixo
quais são as mudanças.
HÍFEN
Não
se usará mais:
1. quando
o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes
ser duplicadas, como em "antirreligioso", "antissemita",
"contrarregra", "infrassom". Exceção:
será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r
-ou seja, "hiper-", "inter-" e "super-"-
como em "hiper-requintado", "inter-resistente" e
"super-revista"
2. quando
o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma
vogal diferente. Exemplos: "extraescolar", "aeroespacial",
"autoestrada"
TREMA
Deixará
de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados
ACENTO DIFERENCIAL
Não
se usará mais para diferenciar:
1. "pára"
(flexão do verbo parar) de "para" (preposição)
2. "péla" (flexão do verbo pelar) de "pela"
(combinação da preposição com o artigo)
3. "pólo"
(substantivo) de "polo" (combinação antiga e
popular de "por" e "lo")
4. "pélo"
(flexão do verbo pelar), "pêlo" (substantivo)
e "pelo" (combinação da preposição
com o artigo)
5. "pêra"
(substantivo - fruta), "péra" (substantivo arcaico
- pedra) e "pera" (preposição arcaica)
ALFABETO
Passará
a ter 26 letras, ao incorporar as letras "k", "w"
e "y"
ACENTO CIRCUNFLEXO
Não
se usará mais:
1.
nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo
dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver"
e seus derivados. A grafia correta será "creem", "deem",
"leem" e "veem"
2.
em palavras terminados em hiato "oo", como "enjôo"
ou "vôo" -que se tornam "enjoo" e "voo"
ACENTO AGUDO
Não
se usará mais:
1. nos
ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas,
como "assembléia", "idéia", "heróica"
e "jibóia"
2. nas
palavras paroxítonas, com "i" e "u" tônicos,
quando precedidos de ditongo. Exemplos: "feiúra" e
"baiúca" passam a ser grafadas "feiura" e
"baiuca"
3. nas
formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com "u"
tônico precedido de "g" ou "q" e seguido de
"e" ou "i". Com isso, algumas poucas formas de verbos,
como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem
(arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem
GRAFIA
No português
lusitano:
1. desaparecerão
o "c" e o "p" de palavras em que essas letras não
são pronunciadas, como "acção", "acto",
"adopção", "óptimo" -que se
tornam "ação", "ato", "adoção"
e "ótimo"
2. será
eliminado o "h" de palavras como "herva" e "húmido",
que serão grafadas como no Brasil -"erva" e "úmido"
**Fonte:
BOL Notícias
Palavras
de especialista:
"Meia-sola
ortográfica. Sou contra o acordo. Sei que isso é um tiro
no próprio pé, pois, se o acordo passar, vou ser chamado
para fazer muitas palestras. Mas não quero esse dinheiro, não.
Com outro espírito, outra proposta, uma unificação
talvez fosse possível. Mas esta é uma reforma meia-sola,
que não unifica a escrita de fato e mexe mal em pontos como o
acento diferencial. Vamos enterrar dinheiro em uma mudança que
não trará efeitos positivos."
Pasquale Cipro Neto, professor de português (Revista Veja,
ed. 2025, 12/09/2007, pág.90)
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