Pedro
Du Bois - Poeta e contista, residente em Itapema - SC. Membro da Academia
Itapemense de Letras e do Clube dos Escritores Piracicaba. Vencedor
do IV Prêmio Literário Livraria Asabeça, Categoria
Poesia, 2005, com o livro Os Objetos e as coisas.
TEMPOS
crianças em que o mundo se estendia
além da alimentação do banho e do conforto
o novo recém constituído em tantas dúvidas
e não havia medo em nossos atos e os fatos
se desenrolavam no correr dos dias onde fomos crescendo
e sendo tomados pela fúria da juventude não razoável
no que perseguíamos e sabíamos que à frente
o dia seguinte seria único e não se repetiria
estaríamos em outra esfera e as esperas
nossas inimigas seriam ultrapassadas no átimo
com que nos defrontaríamos com os tempos adultos
e cientes da utilitária responsabilidade seríamos mansos
nos afazeres e não faltaríamos à palavra empenhada
nos tantos juramentos do casamento e formatura
na seqüência do trabalho e do salário e do prêmio
negado ao acaso e o ocaso seria próximo e calmo
onde as estações repetidas do mesmo trem em viagem
teria único destino: o regresso e o retorno e o entorno
com que os corpos são decompostos
aos poucos na oxidação
das idéias e dos sentimentos embotados do final dos tempos.
Tônica em tom maior - acrílica de Don
Leal
NOME
Pedra
aposta ao nome
áspero
ser gentil
de outono
sério arlequim atravessado
em sonos
ínfima parte decomposta
ao tombo
renascente palavra esquecida
ao instante
O
nome apropriado
ao caminhar disposto
sobre essa terra:
vias não binárias e o fragor
do vento rolando a esfera
enquadrada ao átimo
da sobrevivência
externo
sentimento recolhido ao óbice
trânsfuga da espera realizada em antes:
pedras afloradas ao tanto das descobertas.
A
Casa Diversa
Em
cada esquina
o cão late
ao destino
em
cada canto
a dor lancinando
o peito
em
cada espera
a ausência resiste
à lembrança
em
cada casa
o dorso consiste
ao abandono
em
cada luz
a voz rascante
do desejo.