Jornal Aldrava Cultural
Poema para Gabriel Bicalho

 

Ao poeta Gabriel Bicalho

Andreia Donadon Leal

 

Se eu falasse a língua dos anjos
ou de Drummond
ou de Cecília
ou de Bicalho
ou todas estas línguas
mescladas nas teorias dos grandes filósofos
ainda nada seria

Se eu falasse a língua de Dirceu
ou a linguagem nostálgica
da poesia dos inconfidentes
ainda seria pouco

Ou se bradasse em tom pungente
altissonante
ou em tom retumbante
ainda seria muito pouco

Ou falasse o mistério do tempo
o peso metálico da alma que vibra
no chamar
no bronze
no ferro
na ferrugem
ou
do amigo leal
que fraterno
discreto
ou
expansivo
cativa
na palavra cortês
na generosidade do abraço
na generosidade de ser
na maior das maiores
riquezas que se possa ter
ou visualizar
no marulhar do teu olhar
ou no pélago das ondas
de um mar que se agiganta desde minh'alma,
alma navegadora
alma de poeta mor
de poeta que fecunda
as palavras
que lapida a pedra dantesca
as arestas da fala
ou que liberta
na expressão de criar
a sensibilidade na angústia
ou
na efemeridade da brisa
marinha
levando sua poesia
no cais
no caos
nas profundezas das arraias
no balé na areia
ou como um caracol
ou no quebra-mar
quebra mar
quero amar
a poesia
no porto perfeito de seu peito
barco à deriva
em busca de si mesmo
em busca das velas soltas
no mar
sem rumo
sem remo
velas soltas
e brancas velas
de sua mais
bela e liberta Poesia!

Ao poeta arcanjo das Gerais
deixem-no
VOAR
!