Jornal Aldrava Cultural
Poesia de Luiz Tyller Pirola

 

Tão cedo
Luiz Tyller Pirola

(Dedicado a Arley Camillo e a J. B. Donadon-Leal)

Tão cedo
chegamos até aqui
amigos

Talvez
metade da
vida

Mais
não sabemos
dizer

Segredo que guardam
os deuses
ciosos dos seus
afazeres.

___________________________________________________

Todavia cerca de Viña Del Mar
Luiz Tyller Pirola

Não te fiz um poema
Não te louvei como devia
O último beijo foi vento
Que esconde a fonte na areia

Passadas as inquietações
Tinha restado a quietude
De duas almas enlaçadas
A companheira que dorme
As mãos dadas, não se percam
No turbilhão dos sonhos

Assim restou tanto e muita coisa
Além do que está aqui e mais distante
Talvez precisemos de outras vidas
Para sentir o frescor do vento
E deixar aos outros o destino
Que cada qual faz, estende
O braço, toca o horizonte,
Tenta sentir a presença de Deus,
E o traça no firmamento.


Amorem coribus

Infunde amorem coribus, Pai
Porque me despeço
E porque depois de tanto tempo
Entendo,agora, o cansaço

Não mais roupas, sapatos
Porque me vou já
Dividido entre ficar
E a incompreensível maravilha
Do desconhecido

Infunde amorem coribus, Pai
Porque eu preciso
Me reconciliar com meus inimigos
Com o resto do viver
E sobretudo comigo

Quem sabe encontrar tantos
Chamados antes de mim
E assim desvestidos
Do interesse da matéria
Talvez, ao fim, eu possa
Dizer: Olá! Amigo.

Infunde amorem coribus pai
Porque meu tempo expirou
Minhas vestes, as roupas todas
Aos precisados, tão somente
Meu corpo nu e a alma vestida
Com o pequeno lume que me deste.


Tição de fogo -
autor: Camilo

Dia da Democracia

É livre o amor perdido
Ou seria prisioneiro
Mofado detento
Em funda masmorra escura
Na profundidade do séc. XIX.

Levai água e dai
Ao cativo sedento
Deixai cair a metafórica água
Confusa naquela dos seus
Sentimentos.

Quem sabe de branco
Limpe sua alma manchada
Quem sabe
Porque nunca se sabe
Se ao prisioneiro ela
Saberá a vinagre.

Poema capa do site Aldrava em 25 de outubro de 2007