Jornal Aldrava Cultural
Acadêmico Luiz Tyller Pirola

Mais um aldravista na
Academia Marianense de Letras

Luiz Tyller Pirola
A Cerimônia de
posse ocorreu
Dia 30 de novembro, às 19 horas

Casa de Cultura de Mariana
Rua Frei Durão, 84 - Centro


Luiz Tyller Pirola e seu diploma de acadêmico


Luiz Tyller Pirola discursaem sua posse na Academia Marianense de Letras


Público marianense prestigia posse de Luiz Tyller Pirola na AML


Luiz Tyller Pirola recebe também Diploma de membro Honorário do InBrasCI

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Para Sra.Governadora do INBRACI/Minas Gerais, Andréia Donadon Leal:


Agradeço a honraria recebida, medalha e diploma de mérito cultural e membro honorário do INBRACI. Sou admirador atento do trabalho de V. Sa., no desdobrar-se incansavelmente pelas sendas da divulgação e reconhecimento culturais. Igualmente acompanho o desenvolvimento de seus projetos de valorização do humanismo e perenidade da arte. Como exemplo cito o "muro poético" que, por sua singeleza, detém a força do contraste; tradicionalmente a separação marca essa palavra: guerra, defesa, cerco: muralha da China, muro de Berlim, muralhas de castelos medievais, muro de Berlim, muro separando judeus e palestinos. Que seja, então, o muro da poesia,integração na arte e no humanismo!
O INBRACI caminhará muito bem, estou seguro,o dinamismo e a seriedade de V.Sa. o atestam.
Atenciosamente,
Luiz Tyller Pirola. Mariana, 03 de novembro de 2007.

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Andréia Donadon Leal discursa em homenagem a Luiz Tyller Pirola


Luiz Tyller Pirola e os membros do InBrasCI - MG


Luiz Tyller Pirola, membros da Academia Marianense de Letras
e membros da Academia Infanto-Juvenil de Letras de Mariana

Ao fundo banner com brasão da AML confeccionado pela Academia Infanto-Juvenil de Letras,
em homenagem aos 46 anos da AML, por iniciativa da Acadêmica Hebe Rôla

 

O Poeta e Professor Luiz Tyller Pirola tomou posse dia 30 de novembro de 2007,
na cadeira de número 20, cujo patrono é João Alphonsus de Guimaraens.

Membro fundador do Movimento Aldravista
Membro fundador do Jornal Aldrava Cultural
Membro fundador da Associação Aldrava Letras e Artes
Membro Honorário do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais

Veja como foi o convite para a posse:


Natural de Araraquara, interior de São Paulo, Luiz Tyller é Licenciado em Letras Português/Inglês, pela UNESP, Campus de Araraquara. É Mestre em Comunicação e Semiótica/ PUC- São Paulo, Doutor em Letras / Literatura Brasileira, USP e Pós-Doutor em Estudos Literários, UNESP/Campus de Araraquara.
Professor aposentado do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto, onde lecionou Literatura Brasileira desde fevereiro de 1984.
Tem domínio do inglês, francês, espanhol, italiano e latim.
É pesquisador de literatura, com extremo domínio da Teoria Literária e de suas bases da filosofia clássica greco-latina. Profundo conhecedor do romantismo Europeu e Brasileiro. Desenvolveu pesquisas sobre a formação da identidade nacional, nas quais desnuda a obra de José de Alencar.
Implantou o Curso de Direito e o de Direção teatral da UFOP.
É poeta de estilo particular, com versos curtíssimos e metonímias estonteantes, o que o coloca no patamar de uns dos principais poetas do movimento aldravista de Mariana, movimento de que é membro fundador, em 2000, com o Jornal Aldrava Cultural, do qual é colaborador e membro da Comissão Editorial.
É autor de cinco livros (de poesia e de ensaios científicos sobre aspectos da literatura) e participação em várias antologias poéticas. Autor de dezenas de artigos científicos publicados em revistas científicas e anais de congressos nacionais e internacionais.
Publica poesia regularmente no Jornal Aldrava Cultural

Discurso de Saudação a
LUIZ TYLLER PIROLA
Cadeira 20 – Academia Marianense de Letras Ciências e Artes
Patrono: João Alphonsus de Guimaraens

Saudações:
Presidente da Academia Marianense de Letras – Prof. Roque Camêllo
Vice-Presidente – Prof. Emérita da UFOP – Hebe Maria Rôla Santos
Confrades Acadêmicos
Querida Águeda dos Anjos, presidente da Academia Infanto-Juvenil de Letras, em nome de quem cumprimento todos os seus membros,
Poeta do Jornal Aldrava Cultural, Diretor de finanças do InBrasCI – J. S. Ferreira
Poeta e Presidente da Associação Aldrava Letras e Artes, Delegado da União Brasileira de Trovadores, Membro da Academia Barbacenense de Letras, Vice-governador do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais (InBrasCI) – Gabriel Bicalho,
Governadora do InBrasCI – Escritora e Artista Plástica Andréia Donadon Leal
Autoridades presentes, com destaque a Milton França, representando do Presidente da FEOP, Prof. Armando Wood, ao Monsenhor Flávio Carneiro, um dos grandes intelectuais de Mariana, a Fernado Mandinga da Fonseca, da Guiné Bissau, aluno de Letras da UFOP em convênio internacional, à Profa. Rita de Cássia, representando a Secretaria de Educação de Mariana, à Profa. Ana Cláudia, representando a E. E. Dom Benevides.
Senhoras e senhores,


Solicito a licença do Sr. Presidente deste seção solene, dos confrades, dos presentes, para dispensar os tratamentos formais ao empossando. Que eu possa tratá-lo por: amigo.
Caro amigo Tyller, Virgílio, nas Bucólicas, no célebre diálogo entre Melibeu e Títiro, nos dá o motivo de estarmos em Minas Gerais:
Pergunta Melibeu: E qual foi a razão que te levou a Roma, Títito?
E Títiro responde: Libertas quae será tamen respexit inertem (Que traduzo aqui, com ou sem a licença de latinistas e tradutores ciosos da conservação da velha língua, com a licença, ou não, de Alvarenga Peixoto que rouba de Virgílio a flâmula da libertação, por: A Liberdade, embora tardia, me põe sem ação)


Amigo Tyller, e qual foi a razão que o trouxe para Minas?
Que apelos há na alma que nos levam a emoções incontidas diante do impacto – seja da alegria, seja de dor?
Que imemorável saudade recorta nosso sono de viver o tempo corrosivo, ao nos vermos carcomidos em 25 anos de convivência e de buscas por respostas à pergunta de Melibeu?
Roubo-lhe a assertiva do poema símbolo do vôo do tempo doado a Mariana: quando aqui cheguei. Encontrei pacata cidade ingênua e desguarnecida, a me receber mineiramente com suas janelas e portas abertas, mostrando às ruas a simplicidade interna das mobílias e a ternura dos seus ocupantes. Nos cortinados das janelas ressoavam a voz de Títiro a me soprar a resposta tão desafiadora: Libertas quae será tamen respexit inertem
De onde vem; o que ele responde?
Senhoras e senhores, o Poeta e Professor Luiz Tyller Pirolla, a partir de hoje titular da cadeira de número 20 desta Academia de Letras, cujo patrono é João Alphonsus de Guimaraens, o que responde?
Natural de Araraquara, interior de São Paulo, Luiz Tyller é Licenciado em Letras Português/Inglês, pela UNESP, Campus de Araraquara. É Mestre em Comunicação e Semiótica/ PUC- São Paulo, Doutor em Letras / Literatura Brasileira, USP e Pós-Doutor em Estudos Literários, UNESP/Campus de Araraquara. De 1984 a 2006 foi professor de Literatura Brasileira e Portuguesa no departamento de Letras da Universidade Federal de Ouro Preto. Hoje, professor aposentado, dedica-se à produção poética e á tradução de clássicos da literatura inglesa, especialmente Shakespeare.
Tem domínio do inglês, francês, espanhol, italiano e latim.
É pesquisador de literatura, com extremo domínio da Teoria Literária e de suas bases da filosofia clássica greco-latina. Profundo conhecedor do romantismo Europeu e Brasileiro. Desenvolveu pesquisas sobre a formação da identidade nacional, nas quais desnuda a obra de José de Alencar.
É estudioso da cultura indígena e organizou um representativo museu da cultura indígena brasileira, com acervo de grande valor histórico e documental. Como substrato desse veio de pesquisa, foi Luiz Tyller, comigo e com o Professor Dr. Ângelo Alves Carrara, historiador atualmente professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, quem propôs à Universidade Federal de Ouro Preto, comenda de Professor Honoris Causa aos irmãos Vilas Boas, sertanistas e defensores da cultura indígena brasileira. Episódio marcante de nossas vidas e da vida de Orlando Vilas Boas, que encontrou na proposição lúcida de Luiz Tyller a insígnia do Reconhecimento Institucional aos trabalhos em favor da vida humana desenvolvidos por aqueles homens sertanistas e extremamente respeitosos da vida e dos costumes dos indígenas brasileiros. Ainda nesse aspecto, já apresentou várias palestras sobre as pesquisas da cultura indígena, inclusive aqui nesta Casa de cultura.
Implantou o Curso de Direito e o de Direção teatral da UFOP.
Mas, e a resposta a Melibeu? Viria ela dos seus atos. Que atos?
Os poetas nascem para agir com palavras. Dizer é fazer, diz sabiamente o filósofo Austin em sua teoria dos atos de fala. Falar é agir. Dizer é construir o mundo. O mundo antes de ser mundo era apenas palavra. A palavra era o verbo dizer. E Deus disse: faça-se a luz e a luz se fez. Dizer é fazer. E o verbo seqüencial é o fazer. Nada acontece senão pela projeção verbal. Nada acontece senão pela organização lingüística. A palavra antecede a todos os atos; a palavra antecede a todas as coisas. Em muitos casos, as palavras são as próprias coisas.
A resposta do poeta, aturdido diante da liberdade, mesmo que tardia, é a da inércia. Inércia que não significa indisposição. Inércia é silêncio. Esse silêncio impactante diante da liberdade escancarada é o da contemplação, pausa necessária para a organização do raciocínio produtor da resposta compulsória.
E o poeta responde. Não é o corpo empírico com marcas de maturidade que responde. O poeta, esse que responde, é o sujeito autorizado nesse corpo a responder pelas peripécias discursivas que imortalizam uma figura humana de aventuras sobre a terra na brevidade da vida. E diz sabiamente o poeta Tyller:

“Viver porque precisamos muito / aprender / nunca desistir / mesmo não acreditando / crer / que o céu / é um ponto de vista / e solitário seguir / mesmo cansado acordar / e esperar / um dia horas intermináveis semanas / um aviso que não sabemos se virá / elo de tempos idos / que nos liga daqui ao desconhecido”

É resposta ao impacto da surpresa lançada pela liberdade, que se jorra em palavras e transporta o poeta de Araraquara a São Paulo, de São Paulo a Mariana, de Mariana para o Mundo, como poeta de estilo particular, com versos curtíssimos e metonímias estonteantes, de narrativas que nos trazem aqui a Mariana, aqui a Minas Gerais diálogos com Ninfas, com deuses greco-latinos, com tramas heróicas dos mitos vivos na mais erudita das composições do ocidente. Tais viagens a Roma, ao Olimpo, ao berço Árcade de Roma, de Minas, eleva-o ao patamar de uns dos principais poetas do movimento aldravista de poesia e arte, movimento de que é membro fundador, em 2000, com o Jornal Aldrava Cultural, do qual é colaborador e membro da Comissão Editorial. Ao lado de Lázaro Francisco da Silva (a quem esta Academia de Letras deve uma homenagem dada a grandeza da sua produção para as Letras marianenses, dada a fecundidade de suas investidas nas narrativas populares, nas filosóficas e nas poéticas), Tyller foi parceiro de discussões e debates sobre as contribuições greco-latinas para a nossa produção literária. Dessas discussões, das quais tomavam parte Gabriel Bicalho, Hebe Rola, J. S. Ferreira e eu, nasceu o aldravismo.
Mas amigo Tyller, cadê a efetiva resposta a Melibeu?
Aristóteles, na Retórica, ao contrariar seus contemporâneos por defender que a persuasão não cabe na exclusividade do discurso, pois ela engloba atitudes e virtudes do orador como a honestidade, a benevolência e a eqüidade, que considera aspectos como hábitos, modos e costumes ou caráter, traz o professor Tyller para uma sala de aula em Mariana no Curso de Letras do ICHS/UFOP, a construir argumentos e planos de expressão e planos de conteúdos e a justificar aos seus discípulos o percurso da construção das identidades; o traço sobre o qual a razão, a virtude e a benevolência se inscrevem, na edificação das imagens dos homens merecedores de confiança. É na sala de aula que personagens e personagens da história literária se derramam na demonstração, no exemplum, da héxis aristotélica, isto é, nos hábitos e disposições construtores da ética, seja no viés da moral, com os contrários: “sabedoria e pobreza de espírito”, seja no viés jurídico, com os contrários: “justiça e injustiça”. Não seria essa a base da instauração do bom selvagem tão debatido em suas aulas de literatura, amigo? Não seria essa a fundação identitária de Macunaíma, de Riobaldo, de Bentinho, de Narizinho, do Menino Maluquinho ? Não seria essa a base da crença possível na animação lúcida do discurso absurdo de Manoel de Barros? Não seria esse o assentamento favelário do modernismo realista do Rola Moça, da galinha morta de João Alphonsus? A resposta, professor, é estar aqui a fazer dizendo, a dizer fazendo o mundo real imaginário e o imaginário mundo real da literatura.
Mas, ainda assim, o amigo não responde a Melibeu, por que veio parar aqui?
Admirador do trabalho dos irmãos Vilas Boas, Tyller transporta o indianismo romântico com que trabalha em suas aulas de literatura, para a realidade in, aquém da dignidade, com que é tratada a questão do índio no Brasil. Faz ecoar na instância acadêmica a luta mais que missionária dos irmãos Vilas Boas e resgata da pira dos deuses o lócus ético, do qual emana a justiça. Tira da indiferença, do desconhecimento, do descaso o trabalho humano dos irmãos Vilas Boas e cria condições de reconhecimento. A Universidade Federal de Ouro Preto, a seu pedido, amigo, foi a primeira instituição brasileira a reconhecer os Vilas Boas como Doutores Honoris Causa, reconhecimento que já havia sido outorgado a eles no exterior.
Se me for permitido ainda, reitero a pergunta de Melibeu: por que vir para cá, homem de Deus?
Para ser poeta. Para ser amado. Para amar. Para experimentar a liberdade, ainda que tardia. Para debochar conosco, aldravistas, das metáforas; para dar ombros aos poderosos e arrancar sabedoria das pedras, dos seixos rolados, das colunas corroídas pelo descaso, das artimanhas do verão que chove um ano de chuva em janeiro, do fogo que queima milhares de anos no agosto – amargo e impiedoso. Para deixar legado nas Letras marianenses na esteira de Santa Rita Durão, de Cláudio Manoel, de Salomão de Vasconcelos, de Diogo de Vasconcelos, de Alphonsus de Guimaraens, de Raymundo Trindade, de Dom Oscar de Oliveira.
Se ainda não houver suficiência nas respostas a Melibeu, direi, não ao amigo, mas à Mariana literária: eis o autor de cinco livros (de poesia e de ensaios científicos sobre aspectos da literatura) e participação em várias antologias poéticas. Autor de dezenas de artigos científicos publicados em revistas científicas e anais de congressos nacionais e internacionais, de poemas que publica regularmente no Jornal Aldrava Cultural, de traduções de peças de teatro.
Do seu recolhimento intelectual, do seu proceder discreto, brota sua obra literária, hoje coroada pelo Reconhecimento desta Academia de Letras, como digna de representar Mariana e Minas Gerais na projeção do que deve ser perpetuado como patrimônio cultural perpétuo da humanidade.
Quando não houver mais respostas, quando não houver mais lugar, haverá a liberdade. Cabe a nós experimentá-la integralmente como tão bem o fez o amigo Tyller, nos estudos, no magistério, no reconhecimento aos dignos, na poesia, na vida.
Por isso, em nome do Presidente desta Academia de Letras e em nome do reconhecimento à sua grandeza, bem-vindo a esta Casa de Cultura.

José Benedito Donadon-Leal
Academia Marianense de Letras – Cadeira 06
Mariana, 30 de novembro de 2007.