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JORNAL
ALDRAVA CULTURAL |
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PROJETOS |
Confira
nesta página os relatórios dos projetos
culturais e educacionais
promovidos pela Associação Aldrava Letras e Artes
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Lançamento
do livro Ventre de Minas
Poesia
Aldravista no terças poéticas
Clique na imagem e veja
Palácio
das Artes - Belo Horizonte, 10 de novembro de 2009
Projeto
Poesia Viva - A Poesia Bate à Sua Porta
com Poetas do Jornal Aldrava Cultural
Vencedor na Categoria 3 do Prêmio Viva Leitura 2009
Clique na imagem e veja
Cerimônia
de Premiação
Dia 22 de Outubro de 2009
Local: Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz s/n - Portão 01 - Centro, São Paulo
Finalistas
da Categoria 3
Sociedade: ONGs, pessoas físicas,
universidades e instituições sociais
A Biblioteca Leivro em Roda - João Pessoa, PB
Responsável: Tereza Cristina Barbosa de Brito
Apoio à Leitura e à Escrita - Uberaba, MG
Responsável: Edna Julia de
Araujo Cury
Programa de Incentivo à Leitura Ler é 10 - Leia Favela
- Rio de Janeiro, RJ
Responsável: Otávio Cesar Santiago de Souza
Junior
Poesia Viva - A Poesia Bate à Sua Porta com Poetas do Jornal Aldrava
Cultural - Mariana, MG
Responsável: Andreia Aparecida Silva Donadon Leal
Leitura e Vivências com recuperandos do Sistema Prisional
- Nova Lima, MG
Responsável: Else Doratés Lopes
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Oficina
de haicais no Festival de Inverno 2009
clique aqui e veja
Nas sendas brasileiras do haicais
Mariana - 15/07/2009 e Ouro Preto - 16/07/2009
Oficina
de haicais na Osquindoteca - Passagem de Mariana, MG
clique
aqui e veja
Nas
sendas brasileiras do haicais
Passagem de Mariana - 18/09/2009
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Prezada
Senhora Andréia Silva,
O
Ministério da Cutlura, através do Programa
Mais Cultura, tem a honra de informar que seu
projeto foi SELECIONADO no I Concurso Pontos de Leitura
2008 – Edição Machado de Assis. A partir de
agora, sua iniciativa é reconhecida pelo governo federal
como Ponto de Leitura e passará a fazer parte da
Rede Biblioteca Viva – plataforma virtual de acompanhamento,
interlocução e interação das iniciativas
de livro e leitura por todo o Brasil.
Para mais informações segue o Ofício-Circular
006/CGLL/GM/MinC e a Portaria nº 92, de 18 de dezembro que
homologa o resultado final do concurso.
Agradecemos sua inscrição e parabenizamos pelo projeto
selecionado.
Atenciosamente,
Ministério
da Cultura
Coordenação-geral
de Livro e Leitura
(61)
3316-0620/0619
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Conferência
sobre arte aldravista na Espanha
Andreia
Donadon Leal (Deia Leal) faz conferência para alunos do
4º ano do Colégio Sagrado Coração de
Maracena, Espanha.
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Projeto
Aldravinha |
PROALFA
Projeto de alfabetização da
Escola Estadual Dom Benevides,
em parceria com o Jornal Aldrava Cultural,
conquistou o 1º Lugar no PROALFA 2007
na jurisdição da SRE Ouro Preto
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Aldravistas
participam de debate no
Fórum das Letrinhas
de Ouro Preto
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Projeto
anjos negros: releitura de telas de Déia Leal
Parceria
com a
Escola de Ensino Fundamental e Médio Dom Viçoso
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Alunos
do ensino fundamental de Mariana
comemoraram o dia da poesia
14 de março de 2007 |
Escola
Viva
visita cidades históricas de Minas Gerais,
e conversa sobre poesia com poetas aldravistas
08 de maio de 2007
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Aldravistas
participarm do
II Fórum do Plano Nacional de Leitura
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Trabalho
reconhecido pelo PNLL
Projeto
de homenagens Especiais de 2007
Dia
10 de dezembro, dia do palhaço.
Viva a arte de fazer sorrir!
Saltimbanco
(acrílica sobre tela - Déia Leal)
Confira
no final desta página orientações de como apresentar
projetos em escolas!
PROJETO
INAUGURAL
HAI-KAI
DA ARTE POÉTICA À ALFABETIZAÇÃO
Apresentação
pública dos resultados do projeto
CEFET/Ouro Preto - 06/10/2006
PROJETO
Escola
Estadual Dom Benevides
Maria Eugênia Leal de Melo – Supervisora
Sara Helena Quintino – Graduanda Letras/UFOP
Andréia Donadon Leal - Poeta
A
alfabetização requer cuidados especiais, uma vez que é
a primeira e mais decisiva etapa do processo ensino-aprendizagem na vida
de um indivíduo, que se espera ser um cidadão. Segundo experiências
e avaliações diagnósticas, percebemos que muitas
crianças apresentam dificuldades distintas na leitura e na escrita,
reflexos também de desigualdades culturais entre os alunos na escola.
Como atingir um desenvolvimento cognitivo satisfatório dos alunos
e ao mesmo tempoatender às suas
individualidades ?
A resposta veio com a visita do poeta e professor J.B.Donadon-Leal à
escola, na qual ele fez uma palestra sobre o Hai-kai e apresentou o livro
Nas Sendas de Bashô de poetas aldravistas, vimos nesta forma de
poesia uma alternativa inovadora, que nos remete à questão
do signo lingüístico e à percepção do
léxico (palavra) enquanto unidade altamente significativa, que
ultrapassa o mecanicismo da vida cotidiana. Levar o aluno a descobrir
o potencial da língua na alfabetização é abrir
as portas para um mundo mágico, no qual é permitido tirar
as palavras de seu estado estático de dicionário para descobrir,
jogar, criar
e recriar com elas. É justamente com esse jogo entre as palavras
que pretendemos trabalhar.
O projeto está alicerçado na leitura, enquanto prática
interativa e discursiva, na qual o aluno instaura o sentido junto ao texto,
portando-se como sujeito ativo; e na produção de textos,
momento em que o aluno se constitui com sujeito discursivo que tem o que
dizer e atuar sobre o mundo que o rodeia. A leitura e a escrita são
capacidades lingüísticas que devem ser trabalhadas com vista
à consolidação do processo ensino-aprendizagem que
tem por função social integrar o aluno na
sociedade.
O
que é Hai-kai
Artificial
flor repousa sobre a mesa
Quisera ter sede
(Andréia Donadon-Leal)
No céu enevoado
Frio insuportável
gotas de orvalho.
‘ ( Natanael Marias Zacarias- 3ª série. EE Dom Benevides)
Hai-kai
é a poesia da essência aliada à síntese. Elemento
da cultura oriental, chegou ao Brasil com os imigrantes japoneses; são
dezessete sílabas, breves,associadas muitas vezes à natureza,
que visam tocar o singelo, o esquecido pela vida
corriqueira e corrida.
O Hai-kai possibilita a exploração do conjunto de sentidos
em torno de uma palavra, ou melhor, seu campo semântico. Não
deve ser interpretado, como diz J.B.Donadon-Leal “ele é pra
ser sentido, degustado”. São essas as sensações
que
pretendemos despertar nos alunos, o gosto pela descoberta da língua.
Alunos envolvidos
Alunos das séries iniciais de alfabetização da Escola
Estadual Dom Benevides.
Objetivo Geral
Desenvolver nos alunos a capacidade de fazer referências entre as
palavras e as propriedades destas, levá-los a associar sons, formas,
cheiros e sentidos. E também, despertar o prazer pela leitura,
em especial de gêneros literários. O projeto será
desenvolvido, inicialmente, no semestre letivo de 2006.
Objetivos Específicos
Antes de abordar os objetivos específicos, é necessário
apontar algumas atividades importantes na alfabetização,
que
auxiliam no desenvolvimento do projeto como um todo. São elas:
• Conduzir o aluno pelo mundo da escrita e da leitura, por meio
de visitas em bibliotecas, livrarias, bancas de revista, etc.. Espera-se
que nestes espaços os alunos observem e percebam as variedades
de textos que circulam na sociedade, e quais
suas funções e características ( quem lê, para
que lê, porque lê).
• Levar para sala de aula diferentes impressos, como jornais, revistas,
panfletos de propagandas, calendários, receitas, listas telefônicas,
bulas de remédio, entre outros; visando a exploração
dos diferentes sistemas de representação ( diferenças
entre texto escrito e desenhos, a relação simbólica,
a distinção entre as letras, etc.) presentes em tais textos.
• Desenvolver atividades de leitura que envolvam tipos diferenciados
de textos, a fim de que os alunos saibam lidar com as
estruturas típicas de cada um.
• Certificar o reconhecimento do alfabeto.
• Trabalhar em sala com a modalidade oral da língua por meio
do “contar” histórias.
No que se refere aos objetivos específicos, estes se configuram
no projeto como parâmetros gerais para todas as turmas, distribuídos
por disciplinas e em conformidade com as exigências do Ministério
da Educação de Minas Gerais. Não é nosso intuito
apontar atividades prontas, e sim fazer com que cada professor as desenvolva
de acordo com o perfil de seus alunos, respeitando o ritmo de aprendizagem
de cada um. Dessa forma, acreditamos tornar o projeto uma ação
pedagógica conjunta
e interativa, que envolve escola, alunos, professores e comunidade.
Língua Portuguesa
• Promover rodas de leitura em sala de aula, a fim de apresentar
aos alunos alguns hai-kais observando a estrutura e a idéia
central dos mesmos.
• Estudar a vida e obra de alguns autores de hai-kais, como por
exemplo J.B.Donadon-Leal, Andréa Donadon-Leal e Gabriel
Bicalho.
• Elaborar com os alunos roteiros de entrevista e convidar tais
autores para conversas em sala de aula sobre os hai-kais dos
mesmos.
• Montar um painel contendo alguns hai-kais dos escritores estudados,
realizando diariamente a leitura e fazendo
reconhecimento temático.
• Levantar discussões sobre os hai-kais lidos, buscando a
compreensão dos subentendidos, os não-ditos por meio de
operações como associação entre elementos
presentes no texto, inferências entre o conhecimento de mundo do
leitor, entre outros. Tal procedimento é elementar, uma vez o sentido
se instaura justamente nesse momento em que o aluno
inter-relaciona a materialidade do texto e seu conhecimento de mundo.
• Buscar pistas que auxiliem na compreensão dos textos, utilizando
recursos expressivos e literários como figuras de
linguagem e jogos de palavras.
• Levantar discussões à cerca do gênero literário,
identificando a forma como circula na sociedade, em que canal de
informação (jornal, revista, folheto,etc.) e qual sua função.
• Orientar os alunos quanto ao planejamento de textos, abordando
questões como o que, para que e para quem se escreve, o
encadeamento das idéias. Apresentar noções de coesão
e coerência.
• Estimular o uso dos dicionários e consulta aos colegas
a fim de explorar o campo semântico de algumas palavras.
• Apresentar palavras diversas e pedir aos alunos que façam
associações livres com cores, formas geométricas,
cheiros,
sons, valores afetivos.
• Pedir para que os alunos arrisquem a construção
de hai-kais, indicando possíveis temas a serem observados como
as estações do ano, o ambiente da sala, o clima do dia,
entre outros. A escrita livre faz com que o aluno se sinta desafiado a
grafar as palavras que quer empregar, o que provoca a reflexão
sobre alguns elementos fundamentais: quais significados e referências
tal palavra estabelece em relação a outras, quais fonemas
podem ser utilizados a fim de criar um certo ritmo no
hai-kai e quais as relações ortográficas entre as
sílabas.
• Utilizar a brincadeira de detetive, iniciar a caça aos
erros ortográficos. Separar as palavras que os alunos tiveram dúvidas
ao escrevê-las, estão serão corrigidas e afixadas
em um painel na sala, para freqüentes observações e
revisões.
Observação: é recorrente em alguns hai-kais a utilização
de expressões coloquiais da língua, por isso se faz necessário
uma reflexão com os alunos sobre as modalidades escritas e orais
da língua, bem como suas variações. Com isso, o aluno
perceberá o efeito estilístico de tais expressões
nos hai-kais.
• Promover jogos ortográficos, como palavras cruzadas, charadas,
caça-palavras, com palavras cuja grafia precisa ser internalizada.
Antes deverá ser feita uma análise das produções
que possibilite um levantamento das dúvidas mais
recorrentes que serão constitutivas de tais jogos.
• Identificar e comparar a quantidade da variação
e da posição das letras na escrita de determinadas palavras
através de bingos, textos lacunados, ordenação alfabética
de palavras, a fim de correlacionar a escrita produzida com a escrita
padrão.
• Utilizar os recursos específicos de revisão e reelaboração
do próprio texto, observando se as palavras estão grafadas
corretamente, com letra legível, bem dispostas no papel. Os processos
de revisão, auto-avaliação e reelaboração
dos textos escritos devem ser conduzidos pelo professor num primeiro momento,
mas tende a se consolidar como um domínio
interiorizado pelo aluno gradativamente.
• Organizar na escola um espaço para exposição
dos hai-kais escritos pelos alunos.
História e Geografia
• Contar a origem dos Hai-kais, observando o tempo e espaço
em que foram produzidos.
• Realizar um estudo sobre aspectos geográficos e sócio-culturais
do Japão, local de origem dos Hai-kais.
• Estudar e conhecer o processo de imigração não
só dos japoneses, como também do Hai- kai para o Brasil,
e como se deu a fusão das culturas ocidentais e orientais, destacando
tempo e movimento literário da produção e articulação
desta poesia.
Ciências
• Pensar na relação homem-natureza, muito explorada
pelos hai-kais, partindo da observação do entorno da escola.
• Estudar as conseqüências advindas da ação
modificadora do homem sobre a natureza, como por exemplo aquecimento global,
desmatamento, secas, alterações climáticas, entre
outros fenômenos. Tais assuntos podem servir de temas para a
produção de hai-kais.
Matemática
• Utilizar os hai-kais produzidos pelos alunos para contar sílabas
e letras, verificando assim a métrica dos mesmos.Resultados esperados
Com o intuito de escapar da artificialidade muitas vezes inerentes a práticas
escolares, decidimos estabelecer como forma de conclusão do projeto
objetivos concretos de leitura e produção de textos, como
por exemplo: 1) utilização dos hai-kais escritos pelos alunos
para a confecção de cartões de visitas que seriam
distribuídos em floriculturas e lojas de presentes; 2)
editar um livro com os hai-kais construídos;3) pintar os muros
da escola com alguns hai-kais.
Como evento de divulgação do livro e dos cartões,
programaríamos um sarau tendo como convidados os alunos e seus
pais,funcionários da escola, a comunidade e os escritores de hai-kais
estudados.
Dessa forma, desenvolvemos um projeto interativo, que envolve todos num
mesmo processo, com perspectivas de
estendê-lo para as séries finais do ensino fundamental e
médio.
Consultorias
• Jornal Aldrava Cultural, Letras e Artes.
• Professor e Doutor José Benedito Donadon-Leal-UFOP.
• Andréia Donadon Leal - Poeta e Artista Plástica
Parcerias previstas
• ICHS,
• Alunos da E.E.Dom Benevides,
• Autores do livro Sendas de Bashô,
• Editora Aldrava, Letras e Artes.
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Alunos
da E. E. Dom Benevides
Apresentação
no CEFET/Ouro Preto
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Livros
de hai-kais dos alunos
E. E. Dom Benevides |
RELATÓRIO
Quando
o aluno é professor – resultados do projeto
Hai-kai: da arte poética à alfabetização.
J. B. Donadon-Leal
A
Escola Estadual Dom Benevides apresentou na primeira semana de outubro
os resultados de seu trabalho no projeto em parceria com os poetas do
Jornal Aldrava Cultural – hai-kai: da arte poética à
alfabetização. Os resultados não poderiam ser
melhores!
Iniciativa da supervisora Maria Eugênia Leal de Melo, da discente
de Letras da UFOP, Sara Helena Quintino e da poeta Andréia Donadon
Leal, o projeto foi prontamente acatado pelo corpo docente da Escola,
que o desenvolveu com competência e abnegação. O que
era para ser apenas um conjunto de exercícios de leitura de um
livro de hai-kais tornou-se num grande projeto de abrangência multidisciplinar,
com envolvimento de professores de todas as áreas de conhecimento
do ensino do ciclo inicial e complementar de alfabetização.
A resposta dos alunos também foi além da expectativa: além
de interesse pela leitura do livro, os alunos produziram ilustrações
e um surpreendente volume de hai-kais, suficiente para
edição de alguns livros.
A primeira semana de outubro foi movimentada na E. E. Dom Benevides. Na
tarde do dia 03, os poetas aldravistas passaram a tarde sendo sabatinados
pelos alunos participantes do projeto, lendo seus trabalhos literários,
vendo as ilustrações produzidas na escola e ouvindo os poemas
dos alunos. No dia 06, professores e alunos da escola, com a participação
dos poetas aldravistas, apresentaram os resultados do trabalho no I Encontro
de Educadores do Ciclo Inicial e Complementar de Alfabetização
– relatos de inovações pedagógicas na escola,
promovido pelo Centro de Referência do Professor da Secretaria de
Estado de Educação de Minas Gerais e Superintendência
Regional de Ensino de Ouro Preto, realizado no teatro da CEFET - Ouro
Preto. A apresentação das crianças foi uma aula de
história, de matemática, de ciências, de artes, de
música e de poesia, na mais bela expressão em Língua
Portuguesa. A exposição dos trabalhos foi algo de encher
os olhos, pois havia expostos livros produzidos pelos alunos, poemas e
desenhos produzidos pelos alunos, além de cartazes com fotos
dos momentos de produção desses trabalhos.
Como isso foi possível?
Com a apresentação, há dois anos, do Projeto do Centenário
da Escola Estadual Dom Benevides, a idéia de produção
de projetos de inovação pedagógica foi lançada
e abraçada pela comunidade escolar. No texto de introdução
do Projeto do
Centenário, Andréia Donadon Leal diz:
O slogan do centenário da Escola Estadual Dom Benevides “nova
imagem, novos tempos” marca a disposição de sua comunidade
em desafiar o tempo. Espera-se de algo centenário a velhice, a
decrepitude; no entanto, o Dom Benevides vem com a juventude, com a novidade,
a força. Aquilo que a história centenária espelha
é fermento para a rejuvenescência, por isso a nova imagem
é a marca dessa efeméride; por isso os novos tempos denotam
a eterna juventude do próprio tempo, na sua busca incessante de
aprendizagem, vocação para a qual se constrói uma
escola. A comunidade escolar do Dom Benevides não imagina para
as festividades do seu centenário apenas a restauração
do maravilhoso prédio em estilo neoclássico, único
representante nesta cidade histórica, aliás, seu slogan
nem trata de restauração, diz apenas do que ele é,
novo desde a sua concepção e imagina uma comunidade viva
e empenhada num projeto de convivência sempre enunciado
pelo novo, ao seu estilo, mas sem perder a noção do clássico,
da qualidade e da marca indelével do saber.
A Escola estadual Dom Benevides não dorme no berço esplêndido
de sua história. Ela sabe que acordar é sentir o brotar
de mais um dia. Por isso, a cada manhã, a abertura de portas e
janelas, a entrada de funcionários, alunos e professores, o soar
do sinal de início de mais um turno de aulas representam o mais
precioso presente da imagem sempre nova refletida no
espelho dos sonhos dessa comunidade que descortina todos os dias novos
tempos de descobertas.
Nesses dois anos, como resultado deste grande projeto, a Escola Estadual
Dom Benevides conquistou, como fruto de parcerias, o projeto arquitetônico
de restauração do prédio histórico da escola
e a aprovação desse projeto pela Secretaria de Estado de
Educação de Minas gerais, com a liberação
de verba para restauração do prédio, que se acha
hoje pronto para receber o início das obras. Claro que houve desgaste
nas negociações para a aquisição desses recursos,
uma vez que o trâmite dos processos nas instâncias públicas
é sempre muito penoso. O ônus de aguardar o término
das obras, vendo alunos, professores e funcionários da escola em
vários endereços espalhados pela cidade de Mariana, é
compensado pelo
espírito de samurai dessa comunidade – guerreiros no sentido
poético do termo.
A documentação histórica está sendo cuidadosamente
trabalhada por equipe de historiadores da UFOP, que ciente da dimensão
dessa escola pública na formação educacional e cultural
de Minas Gerais tem tratado de organizar, catalogar, restaurar e estudar
os registros escolares, representantes do patrimônio histórico
e cultural de Minas Gerais.
No aspecto pedagógico, o Planejamento Escolar Anual tem sido feito
em parceria com professores da UFOP, especialmente a partir da publicação
do CBC-MG (Conteúdo Básico Comum), estudado minuciosamente
e aplicado em todas as suas
dimensões nos planos de aula e nos projetos coletivos da escola.
O Projeto hai-kai: da arte poética à alfabetização
cumpre com o que recomenda o CBC-MG, pois seleciona um tema e tópicos
de pesquisa, transforma-os em projeto de trabalho para todo o ciclo inicial
e complementar de alfabetização, considerando toda a dimensão
de compreensão e de produção de textos, com reflexões
sobre as linguagens verbais, visuais, olfativas e táteis, em suas
instâncias de contextualização, tematização,
enunciação e textualização; nas suas variações
de gêneros e de discursos, na história social dos processos
migratórios, especialmente do Japão para o Brasil; e no
aspecto artístico e literário. O suporte básico foi
o livro nas sendas de bashô, dos poetas aldravistas, a partir do
qual os professores e os alunos buscaram livros de história, livros
de hai-kais, livros de informações culturais sobre o Japão
e de informações sobre a poesia, além de contato
com os escritores e editores, o que tornou possível a demonstração
dos processos de
produção e edição de um livro.
Nas razões para o ensino da Língua Portuguesa listados no
CBC, destaco o seguinte:
Nosso conceito de natureza e de sociedade, de realidade e de verdade,
nossas teorias científicas e valores, enfim, a memória coletiva
de nossa humanidade está depositada nos discursos que circulam
na sociedade e nos textos que os materializam. Textos feitos de gestos,
de formas, de cores, de sons e, sobretudo, de palavras de uma língua
ou idioma particular. Assim, a primeira razão e sentido para aprender
e ensinar a língua portuguesa está no fato de considerarmos
a linguagem como constitutiva de nossa identidade como seres humanos,
e a língua portuguesa como constitutiva de nossa identidade
sociocultural. (CBC-MG, pág.8)
A produção dos alunos do ciclo inicial e complementar de
alfabetização da E. E. Dom Benevides alcançou resultados
que demonstram todos esses aspectos de justificativa para o ensino e apara
o aprendizado da língua portuguesa. Através de uma forma
clássica de poesia, o hai-kai, desconhecida por esse público
e pouco citada nos manuais escolares, embora com estudo recomendado pelos
PCNs, os alunos puderam experimentar como a circulação de
discursos se dá na sociedade, brincando com conceitos e valores
percebidos nos exercícios de leitura dos hai-kais; puderam experimentar
como a produção de textos se dá na sociedade, nos
exercícios de elaboração de textos icônicos,
com as ilustrações de hai-kais, de textos olfativos, com
as experiências de verificação dos diferentes odores
de alimentos e fragrâncias; de textos táteis, com exercícios
de toques e sensações em superfícies lisas, ásperas,
porosas, com pêlos, úmidas, secas, gosmentas. Cada experiência
textual produz um conjunto de discursos, pois os alunos são levados
a encontrar conceitos e valores sociais e a
enunciá-los.
Entre os produtos apresentados, vale ressaltar a produção
de livros de hai-kais pelos alunos. Os alunos da professora Maria Auxiliadora
de Rezende Bicalho já foram brindados com a edição
do livro Inocenes hai-kais, editado pela Editora Aldrava
Letras e Artes, já em fase de montagem e acabamento.
Os alunos de outras turmas também apresentaram seus livros de hai-kais:
Se a semana da criança deve ser comemorada, a E. E. Dom Benevides
tem motivos de sobra para festejar. O projeto hai-kai: da arte poética
à alfabetização demonstrou para todos os educadores
da Região dos Inconfidentes como que um projeto de alfabetização
pode ser bem sucedido. Parceria séria, professores e orientadores
comprometidos com o desenvolvimento do projeto escolar e não apenas
dos seus projetos individuais, alunos motivados e conscientes de seu papel
na sociedade.
O lugar de trabalho da criança é a escola. A distribuição
equilibrada de atividades lúdicas e atividades de informação
e educação constitui um caminho seguro para o sucesso da
escola. Os resultados deste projeto que aqui relato demonstram que uma
escola pública pode ser um lugar saudável e acolhedor, propício
para constituir o espaço adequado para o ensino e
o aprendizado de qualidade que a sociedade atual procura.
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Alunos
em atividade de leitura de hai-kais.
Professora Maria Auxiliadora |
Alunos
em atividade de leitura de hai-kais.
Professora Maria Auxiliadora |
Apresentação dos resultados
do projeto
Museu Casa Alphonsus de Guimaraens
Mariana, MG - 25/11/2006
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ORIENTAÇÕES:
COMO TRABALHAR PROJETOS EM ESCOLAS!
Andréia
Donadon Leal
Bons
parceiros, que tragam idéias e soluções para desafios
enfrentados no cotidiano por educadores e diretores, são sempre
muito bem-vindos à escola. Acabamos assumindo esse papel de estímulo
e inspiração ao governo, funcionando como uma nova peça
na construção de uma escola mais eficiente e aberta à
sociedade e, conseqüentemente, melhorando a aprendizagem dos alunos.
As associações sem fins lucrativos cresceram muito no país
nas décadas de 70 e 80, sob grande influência de Paulo Freire.
A maioria atua na aérea educacional, vista mais do que nunca como
a principal estratégia de transformação social. Segundo
o secretário-geral do Grupo dos Institutos e Fundações,
Fernando Rossetti, se fortaleceu a idéia que é preciso ensinar
a pescar em vez de dar o peixe e o melhor jeito de fazer isto é
pela Educação.
Estas iniciativas de trabalho acabam valorizando a importância do
conhecimento da cultura local para a construção da identidade
das crianças.
Antes de iniciar sua contribuição em alguma escola: leve
sua proposta para o serviço de supervisão escolar e diretoria
do educandário. Nenhum projeto vai para frente sem antes contar
com o auxílio e interesse da direção da escola.
Quer falar sobre poesia na escola? Comece com uma escola primeiro, assim
o projeto terá resultado ao longo do ano. Nenhum projeto vai para
frente sem antes ter os objetivos claros, justificativa e resultados esperados.Claro
e certo também se tiver interesse, participação efetiva
dos educadores. Leve novidade, isto cria uma expectativa grande na comunidade
escolar.
Se conseguir usar a arte poética entrelaçada com as artes
plásticas e ainda atrelar todas as disciplinas (interdisciplinaridade)
melhor será seu projeto.
Uma sugestão para crianças da Fase Introdutória a
Fase Complementar de Alfabetização: Hai-kais - poemas sintéticos
que trabalha com as estações do ano e tecnicamente composto
por 3 versos de 17 sílabas e se tiver UMA EDUCADORA para te auxiliar
na execução do projeto melhor ainda. Não sei se é
professor; educador todos somos...
Procure também a SUPERVISORA da escola antes; ela te auxiliará
muito também.
Outra sugestão: NÃO LEVE UM PROJETO pronto para a escola
sem antes pesquisar quais as necessidades da mesma. Antes faça
a proposta de levar a poesia no recinto escolar e construa o projeto em
conjunto com a instituição.
Falo isto de experiência.
Se tem intenção de trabalhar poesia com adolescentes, procure
antes despertar a atenção deles. Geralmente esta fase é
mais complexa e gosta de poemas que retratam o AMOR, poemas com linguagens
que eles compreendam. Se tiver algum material que trabalha linguagem na
Net, vão se amarrar. Para aguçar trabalhe também
POESIA VISUAL, um bom começo. Estão em fase de desenvolvimento
emocional.
COMO
TRABALHAR POESIA EM SALA DE AULA?
Andréia
Donadon Leal
Graduada em Letras pela UFOP
O
trabalho de professores com poesia torna-se muitas vezes uma interrogação
ou uma tarefa árdua. Como devo trabalhar com poesia na sala de
aula? Recorrentes questionamentos de educadores das séries iniciais
e finais do Ensino Fundamental. O que dizer da poesia produzida para crianças?
A visão de mundo veiculada pela poesia por poetas do passado, de
modo geral, tendia a favor dos pais, mestres e adultos, enquanto que,
na modernidade, essa visão muda muito. É possível
falar das asperezas da vida e do convívio, o ilogismo aparece suscitar
o questionamento das aparências, e o cômico se funda sobre
o inesperado e rebelde.
A poesia para crianças define-se como a que a criança também
lê e aprecia, não sendo uma poesia menor. A poesia contemporânea
de qualidade tem caminhado no sentido de desfazer clichês, as metáforas
cristalizadas, o simbolismo hermético, para resultar a palavra;
ou seja, os propósitos pedagógicos cedem lugar ao pensamento
poético esteticamente comprometido com a arte. As obras poéticas
de nossos grandes escritores, cito Cecília Meireles e Henriqueta
Lisboa, como as mais indicadas poesias para a infância, justamente
pelo fato de não escreverem especificamente para crianças;
respeito à infância, oferecendo-lhe a possibilidade de combinar
sons e imagens, satisfazendo seu gosto pela criatividade, experimentação
lingüística e reelaboração do real.
Infelizmente para muitas crianças, o primeiro e último contato
com a poesia é na escola. Fica a cargo do professor a tarefa de
criar o gosto ou desgosto pela poesia. Há educadores que privilegiam
o tempo em sala de aula com ensino de gramática, ensinando a medir
as sílabas, grifar os substantivos do poema e a circular os verbos,
etc. Agir assim pode limitar a imaginação criadora dos alunos
ou enfraquecê-la, em vez de estimular a capacidade de criar. Nas
séries iniciais a teorização é dispensável,
pois torna o trabalho desestimulante, cansativo e esconde o sentido mais
belo da poesia. A criança tem capacidade para viver poeticamente,
independente da condição social, o conhecimento e o mundo.
Cabe à escola criar situações para incentivar a criatividade,
intuição e o ludismo do discente, de modo a despertar-lhe
a sensibilidade poética.
Hoje não é somente necessário apresentar textos de
qualidade, mas somar outros elementos a essa aproximação,
como o entusiasmo do professor ou mediador. O conhecimento da terminologia
técnica é dispensável nas primeiras séries
do ensino fundamental, sendo mais importante o exercício de dizer
e ouvir poemas e de participar com o poeta na identificação
do seu material poético. Poemas com onomatopéias, aliterações,
compassos curtos, repetições de vocábulos e rimas
são excelentes para alunos da série inicial de alfabetização.
Ao repetir versos, aliterações e sonoridades, a criança
realiza suas primeiras aproximações com a poesia. A primeira
fase de seu contato com a poesia é a do domínio das sonoridades.
Para crianças menores o melhor é lidar com textos poéticos
que privilegiam a sensibilização e a vivência do texto.
A iniciação ao texto poético deve começar
desde cedo, para que esse gosto, uma vez instalado, seja passado para
a adolescência e idade adulta. Os leitores iniciantes apreciam poemas
como trava-língua, jogos de sons e palavras ou pelo elemento representado
como animais, folclore, pessoas queridas, objetos inusitados.
Sem pompas e exageros, a poesia deve ser antes de tudo, lida, ouvida,
cantada, sentida, degustada e vivenciada. Atividades que privilegiam o
ato de ouvir e ler poemas com vários ritmos, melodias e entonações
é um excelente começo.Criança menor poderá
ser oferecido livros poéticos com textos menos densos e com imagem
visual para facilitar a leitura. O assunto ilustração no
livro tem sido bastante questionado nos últimos anos segundo Neusa
Sorrenti, em A Poesia vai à Escola. A imagem não se restringe
à função de traduzir o texto; ela ilumina novas percepções
de leitura. As ilustrações não devem tomar o texto
ao pé da letra e sim que os desenhos sejam somados ao texto por
meio do diálogo texto/ilustrador. A ilustração deixaria
de ser um mero ornamento gráfico para ser um fator de ampliação
do elenco de significação do texto. Vejo inúmeras
ilustrações em livros infantis quererem “desenhar”
o texto inteiro, ou seja, o ilustrador quer contar a história toda
no desenho. Ledo engano e postura inaceitável. A poesia pode dispensar
esse apoio, e quando ele existir, deve ser um algo a mais, guiado pela
qualidade do conteúdo, pois o livro cairia na estratégia
publicitária de criar belas embalagens para produto de gosto duvidoso.
O trabalho com textos poéticos curtos deixa com que o leitor complete-os
com sua experiência e individualidade. A sonoridade das palavras
para crianças tem similar sentido como seu sentido. Arranjos de
palavras levarão o leitor a perceber a musicalidade e a sonoridade
e com isto o professor poderá aproveitar e recorrer a exercícios
que levam a recriar/ e ou inventar outras palavras. Textos que recorrem
a sons repetidos também causam atrativos jogos de sonoridade, sobretudo
quando incentivado o leitor a ler em voz alta, marcando a cadência
batendo palmas. Poemas curtos apresentam estímulo ao pensamento.
Outra sugestão: trabalhe também com livros de poetas locais.
Posteriormente convide-os para participarem de um Sarau e entrevista com
alunos. Quando a instituição consegue inserir no ambiente
escolar a presença de poetas e artistas, este recurso funciona
como uma nova peça na construção de um ensino mais
eficiente e concreto, incentivando ainda mais o gosto e prazer pela leitura
e consequentemente pela poesia.
Hoje os tempos são outros e cada um escolhe as letras para emendar
seu texto... Nada melhor que citar o poeta Camões que sabiamente
versejou há muito tempo:
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades...”
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